Musiqualidade

R E S E N H A

Cantora: LUCILA NOVAES
CD: “É”
Gravadora: LUA MUSIC

Além de cantora e pianista, Lucila Novaes ainda desenvolve as funções de regente de corais paulistas. Depois de três bons álbuns (que mereciam uma maior atenção por parte dos apreciadores da MPB), ela lançou recentemente “É”, o mais novo título de sua carreira. Participante de diversos festivais, ela sempre se destacou entre os melhores intérpretes, e atualmente integra também o quarteto Trovadores Urbanos. Nascida em uma família onde a música sempre teve lugar de destaque, é dona de voz suave, afinada, bem colocada e bastante expressiva, mostrando-se uma artista pronta e que merece ter o seu talento reconhecido pelo grande público.
À vontade nas divisões do samba, Lucila abre o novo disco com a canção-título, de autoria de Gonzaguinha, tema que marcou toda uma geração. A nova versão apresentada surge com toques africanos e o auxílio luxuoso de um portentoso naipe de metais. Logo em seguida, ela explicita sua opção em unir o novo e o antigo e o faz através de momentos como “Ao Ligar a TV” (do talentoso emergente Dani Black) e a regravação da conhecidíssima “Linda Flor” (de Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto).
A ficha técnica do CD alberga nomes de instrumentistas de primeira linha da atualidade, a exemplo dos violonistas Marcus Teixeira e Conrado Goys, do tecladista Keco Brandão, do clarinetista e flautista Ubaldo Versolatto e do baixista Marcelo Mariano. Já a cantora Bruna Caram é a convidada especial da faixa “Sintonia”, de Jean e Paulo Garfunkel (outros bons que ainda não foram devidamente reconhecidos, mas que possuem, no currículo, canções gravadas, entre outros, por Elis Regina, Maria Rita e Renato Braz).
Alguns dos melhores momentos do repertório ficam por conta de “Quem Viver, Verá” (inspirada parceria de Juca Novaes, irmão de Lucila, com Rafael Altério, canção que bebe nas melhores criações de Ivan Lins), “Por Toda a Minha Vida” (música de complexa construção melódica, de autoria de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, em registro que roça a visceral gravação feita por Selma Reis em 1994) e “Contrato de Separação” (um dos frutos da profícua parceria de Dominguinhos com Anastácia, gravada também por Nana Caymmi em seu disco lançado em 1979, faixa na qual se destaca o bandolim de Pratinha que lhe cria o adequado clima soturno). Lucila ainda abre espaço para Pedro Viáfora e Pedro Altério, autores da bonita “Sei Lá Eu”, fechando o trabalho com a releitura de outro samba, qual seja, “Homenagem ao Malandro” (de Chico Buarque).
Um disco elegante e bem realizado que, de fato, vale a pena ser conhecido.

N O V I D A D E S

* Embora muita gente ache que o funk “Olhos Coloridos”, grande sucesso propagado por Sandra de Sá, é de autoria dela, a música, na verdade, foi composta pelo cantor e compositor carioca Macau (ela criou, sim, foi “Demônio Colorido”, canção que a catapultou ao sucesso quando divulgada através de festival levado ao ar pela Rede Globo em 1980). Decerto por conta desse elo criado há anos entre os dois, foi sob a produção musical e direção artística de Sandra que Macau lançou (tardiamente, é bom que se frise) o seu primeiro bom CD intitulado “Do Jeito que sua Alma Entende”. Composto por quatorze faixas, doze delas autorais, o álbum não se restringe, como se poderia apressada e equivocadamente supor, ao universo da black music. Há paradas estratégicas que permite ao artista se arriscar no samba (“Mora na Filosofia”, de Mirabeau e Arnaldo Passos), no reggae (“Cara a Cara”, de Luiz Melodia e Renato Piau) e até no blues (“Só Pra Dizer que Te Amo”, uma das três parcerias com Sandra que, aliás, surge como convidada especial de outra faixa, “Chutando Pedra”, esta assinada solitariamente por Macau). As outras participações do disco ficam por conta do supracitado Melodia (em “Dois Tipos”, parceria de Macau com Durval Ferreira e Ronaldo Fialho) e de B Negão (em “Vítimas do Mundo”, composta pelos dois e mais Soca Fagundes). Alguns dos melhores momentos do repertório apresentado ficam por conta de “Da Cor do Café” (uma exaltação à beleza negra), “Amigo de Nova York” e “Nos Porões da Vida”.

* O grupo carioca Canastra está lançando o seu terceiro CD. Capitaneado por Renato Martins, o repertório do novo álbum, intitulado “Confie em Mim”, é eminentemente inédito e autoral. A produção das treze faixas ficou a cargo do ex-titã Charles Gavin.

* Esta semana estarão mudando de idade o produtor musical Nelson Motta (terça-feira, dia 29), a cantora Claudete Soares (quinta-feira, dia 31) e o compositor e violonista Luiz Flavio Alcofra (domingo, dia 03 de novembro). Aos aniversariantes os nossos sinceros parabéns!

* A cantora Daniella Alcarpe lançou recentemente “O Tempo Salta”, o seu segundo CD, cujo título foi extraído de verso da canção “Novamente” (de Fred Martins e Alexandre Lemos, propagada anteriormente na voz de Ney Matogrosso), devidamente incluída no repertório de onze faixas. Trata-se de uma produção independente capitaneada por João Marcondes, mostrando uma artista talentosa e antenada, dona de uma bela e afinada voz que tem tudo para se destacar nesse país de cantoras. Carlos Careqa é o convidado especial da faixa “Chorando em 2001” (parceria dele com Chico Mello). Entre os destaques do set list apresentado estão a inquietante “Lágrima de Amor” (de Tiê Alves), a criativa “Choro” (de Kleber Albuquerque), a inspirada “Passarim” (de Zé da Riba) e o delicado acalanto “Canção de Desmeninar” (de Douglas Germano). Vale a pena conferir!

* O show realizado por Caetano Veloso no Rio de Janeiro na casa Vivo Rio, em agosto passado, foi devidamente registrado para dar origem ao projeto “Abraçaço – Ao Vivo” que chegará ainda este ano ao mercado, nos formatos CD e DVD, através da gravadora Universal dentro da série Multishow ao Vivo.

* Chegará às lojas no comecinho de novembro “Venturini”, o novo CD do cantor e compositor mineiro Flávio Venturini. O repertório é prioritariamente inédito, mas há as regravações de “Hino ao Amor” (versão em português de grande sucesso da cantora francesa Edith Piaf) e de “O Leãozinho” (de Caetano Veloso). Ivan Lins é o convidado especial da faixa “Tarde Solar”.

* Já tentando uma maior visibilidade há certo tempo, o cantor e compositor paraense Marco André mergulha na onda contemporânea de seu Estado de forma muito bem-humorada e criativa em seu recém-lançado CD. Intitulado “Nem Revi Nem Laite”, o álbum, que foi produzido pelo próprio artista ao lado de Alexandre Moreira, é composto por dez canções autorais e inéditas. Há momentos deliciosos como as faixas “Se Liga no Tremor da Língua”, “Borogodó com Veneno”, “Carimbó pra Everybody” e “O Bullying do Brega”, as quais se consubstanciam como os melhores momentos do repertório apresentado.

* “As Nossas Canções” é título da compilação que a gravadora Universal pôs recentemente no mercado reunindo canções românticas gravadas por Ivete Sangalo ao longo de sua trajetória. Estão lá, entre outros onze registros, os que a baiana fez para “Amor em Paz” e “Eu Sei que Vou te Amar” (ambas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes), “Eu Nunca Amei Alguém como te Amei” (de Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle), “Quando a Chuva Passar" (de Ramón Cruz) e “Atrás da Porta” (de Francis Hime e Chico Buarque).

* Apostando num filão mais popular, a trilha sonora da próxima telenovela global das 19 horas, “Além do Horizonte”, que estreará de hoje a oito, trará, entre outros, fonogramas nas vozes de Anitta (“Não Para”), Victor e Léo (“Na Linha do Tempo”), Michel Teló (“Se Tudo Fosse Fácil”, com participação de Paula Fernandes), Thaeme & Thiago (“Perto de Mim”) e Silva (“Imergir”). O tema de abertura deverá ser a homônima e conhecidíssima canção de autoria de Roberto e Erasmo Carlos em regravação feita pela banda Jota Quest.

* Aguardado com curiosidade, o primeiro DVD da cantora Ana Cañas está chegado ao mercado em edição da Guela Records com distribuição da gravadora Som Livre. Intitulado “Coração Inevitável”, o registro foi feito durante o show originalmente intitulado “Volta” realizado em maio deste ano no Teatro Geo, em São Paulo, o qual foi dirigido por Ney Matogrosso. Nando Reis aparece como convidado especial em dois momentos. O repertório alberga temas autorais e revisitas a músicas de autoria de Caetano Veloso (“Escândalo”), Frejat e Cazuza (“Blues da Piedade”), Tom Jobim e Chico Buarque (“Retrato em Branco e Preto”) e Alzira Espíndola e Vera Lúcia Motta (”Mulher o Suficiente”).

* A partir das 19 horas do dia 31 (próxima quinta-feira, portanto), no Teatro Atheneu, estará se realizando mais uma edição do festival de música Sescanção. Estarão sendo mostradas quatorze canções, entre temas instrumentais e músicas com letra. São elas: “Amor Quebra Galho” (com o grupo Samba de Moça Só), “Black in Blue” (de Lena Oliver), “Cabeça de Bacalhau” (com o grupo Brasileiríssimo), “Choro do Nego” (de Silvio Ismerim), “Cometa ou Estrela” (de Claudio Vilanova), “Conversa de Irmão” (com o grupo Os Tabaréus do Choro), “Guarida Sertaneja” (de Tom Robson), “Na Frente da Rua da Frente” (de Rodrigo Peninha), “O que Falta Compor” (de Paulinho Araújo), “Pimenta e Sal” (de Héloa), “Por Este Universo” (de Mauri de Noronha), “Sangra” (com o grupo Lêmures), “Vou Vencer” (com o grupo Diconduta) e “Universe” (do grande guitarrista sergipano Marcus Vinicius). A gente se encontra por lá!

RUBENS LISBOA é compositor e cantor.
Apresenta o quadro "Musiqualidade" dentro do programa "Canta Brasil”, veiculado pela Aperipê FM todas as sextas-feiras, às 10 horas.
Quaisquer críticas e/ou sugestões a este blog serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br

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