Pausa para a licença

A licença maternidade é um direito garantido pela Constituição federal, mas poucas pessoas ainda reconhecem a sua importância para além do que os empregadores chamam de ônus pelo afastamento de suas trabalhadoras. Esse período surgiu no Brasil a partir dos anos 40, e a licença durava somente 84 dias, sendo paga integralmente pelo empregador. Com o passar dos anos, a Organização Internacional do Trabalho – OIT recomendou que os sistemas previdenciários arcassem com esse custo, sendo possível que a licença durasse de 120 a 180 dias, a depender da empresa ou instituição.

O documentário O começo da vida, da diretora Estela Renner, aborda a importância do acompanhamento familiar seja na gestação, seja no puerpério, uma vez que o começo da vida é, segundo os relatos dos cientistas e dos pesquisadores que dialogam sobre o assunto no documentário, o período mais importante para o desenvolvimento humano. Não é à toa que países desenvolvidos como a Alemanha e Coreia do Sul, por exemplo, têm licenças que duram de 1 a 3 anos, remuneradas e que se estendem ao pai.

O desenvolvimento cognitivo e comportamental dos bebês para que se transformem em adultos com melhores percepções da vida e desenvolvimento emocional equilibrado depende muito da presença e da participação da mãe e do pai. É importante que a sociedade compreenda esse papel e aprenda a pensar nas novas gerações não como um gasto, mulheres que querem parir geram custo para a empresa, assim muitos pensam. Pai não precisa estar presente, basta ajudar. E assim, vamos criando gerações cujos valores são medidos em cifras, além de reforçar algo ruim em relação a paternidade, em vez de quebrar esse padrão do pai que ajuda ou da mãe que deve fazer tudo.

As licenças maternidade e paternidade deveriam ser extensas para ambos, e o nosso padrão cultural de que a mulher deve fazer tudo, mudado. É importante reforçar que o papel de pai participativo é, ou deveria ser, tão normal como o da mãe. Os pais não ajudam, os pais são parte do processo, e isso não deveria ser algo incomum ou digno de parabenizar os poucos homens que exercem esse papel, que sabem o que falta em casa, que sabem informações básicas do seu bebê, porque isso é o que todo pai e mãe devem saber.

Além disso, o puerpério é exaustivo em diversos aspectos, para ambos, desde que ambos participem. A sociedade ainda é muito cruel e pouco empata com as mães e os pais que pretendem estar integralmente disponíveis para seus filhos ao longo desse período. Demandam trabalhos, informações, como se toda mulher e homem tivessem várias pessoas a disposição para cuidar do seu bebê enquanto resolvem questões burocráticas, sendo que só querem ficar com seus filhos, acompanhar seu desenvolvimento, enfim, ser mãe ou ser pai.

Dito isso, em fase puérpera que me encontro, irei curtir o desenvolvimento do meu filho da forma como ele merece, junto a meu companheiro, me ausentando por algumas semanas da coluna e de outros trabalhos, pois a minha família merece a minha presença e eu mereço curtir cada uma dessas etapas junto a ela, mesmo amando fazer o que faço. Quanto a ajuda às mães em plena pandemia, acolhimento, troca de experiências e deixem essas mães e pais descansarem, enviem carinho, boas energias e saúde, no mais, cada mãe e pai saberá o que é melhor para seus filhos. Até breve!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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