O SECRETARIADO DE MARCELO DÉDA

Com a eleição presidencial praticamente definida no segundo turno, já que as pesquisas apontam para uma vitória acachapante do atual presidente Lula da Silva no próximo domingo, é natural que todas as atenções em Sergipe estejam voltadas agora para os nomes que irão compor a equipe do futuro governador Marcelo Déda, a partir de janeiro. Muitos nomes são cogitados pela imprensa. Aliados do próprio governador se encarregam de especular – em conversas entre “companheiros” – como forma de chamar a atenção para esse ou aquele nome. Às vezes, até como forma de “minar” as pretensões de algum postulante a cargo no primeiro escalão do governo. Tudo feito com precisão cirúrgica, bem ao estilo dos políticos de antigamente. Afinal, mudam os nomes…Mas não muda o velho e tradicional estilo de fazer politicagem. É algo que está arraigado na classe política brasileira.  

 

De qualquer forma, vê-se logo que a guerra nos bastidores já começou. Cada partido aliado quer o seu quinhão na futura administração e não vai admitir ser preterido, por entender que fora imprescindível para a vitória de Déda. Aliás, essa é a ladainha preferida dos partidos na hora da formação do secretariado. Em público dizem: “Não vamos pedir nada ao futuro governador”. Mas, nos bastidores, a frase é bem outra: “Somos indispensáveis”.

 

Na semana passada, conversei com o governador eleito a respeito do tema. Perguntei-lhe se iria manter o número de secretarias hoje existente (34 pastas) para acomodar aliados de campanha. E a resposta foi clara: “Secretarias não são para acomodar aliados. Elas existem para viabilizar a administração do Estado”. Insisti em saber quantas secretarias serão necessárias. Perguntei se 15 era um bom número. E Marcelo Déda, sorridente, deixou transparecer que sim. “Tudo vai depender de algumas análises da atual configuração do governo, a serem realizadas pela equipe de transição até novembro. Não sei ainda ao certo se 15, 20 ou 16 pastas”, completou.

 

Ou seja: numa análise fria desse enxugamento da máquina pretendido pelo futuro governador, observa-se que, dificilmente, todos os aliados sairão felizes. Pelo visto, Marcelo Déda andou lendo o livro “As 48 leis do poder”, de Robert Greene, onde o autor ensina a manipular pessoas e situações para alcançar seus objetivos. E explica por que alguns conseguem ser tão bem-sucedidos, enquanto outros estão sempre sendo passados para trás. O capitulo do livro que trata dos “amigos” é simplesmente fundamental para qualquer governante que se preze e que queira governar em paz. O presidente Lula não o leu. Mas Marcelo Déda, com toda a certeza, deve ter “devorado” cada parágrafo do texto.

 

Mas vamos ao que interessa. Sei que muita gente gostaria de saber quais são os mais “cotados” para o futuro governo. Entre os nomes citados na bolsa de apostas destacam-se, em suas respectivas áreas: 

 

–  Nilson Lima, Lucia Falcon, Oliveira Júnior, João Andrade, Rogério Carvalho, Conceição Vieira, Bosco Costa, Lealdo Feitosa, Paulo Viana, Jorge Santana, Benedito Figueiredo, Eugênio Nascimento, Saumineo Nascimento, Clóvis Barbosa, Manoel Hora, Pastor Heleno, Fernando Mota, Kércio Silva, Gilberto Occhi, Jorge Araújo, Luiz Eduardo Costa, Jorge Alberto, José Eduardo Dutra, Profa. Ana Lúcia, Prof. Iran.

 

Discute-se, ainda, a vinda de alguns companheiros de outros estados para compor o secretariado. E a “exportação” de alguns dos citados acima para o governo federal, a depender da vitória – ou não – de Lula, no próximo domingo.

 

No entanto, uma coisa é certa. Se o futuro governador não leu ainda “As 48 leis do poder”, certamente, já leu, por diversas vezes, “O príncipe”, de Maquiavel e sabe, como ninguém, que: o “…príncipe prudente não pode, nem deve, manter a palavra dada, quando lhe for prejudicial” (cap. XVIII).

 

E nisso, depois de 25 anos na política, ele é mestre.

 

 

 


O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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