Grandes atletas sergipanos: Clodoaldo, o volante da copa de 1970

Clodoaldo, seleção de 1970 – Imagem: CBF / Divulgação

 

O primeiro tempo daquela inesquecível partida final da Copa de 1970, terminou empatado em um a um, Pelé marcou de cabeça aos dezenove minutos e Boninsegna empatou para a azzurra aos trinta e sete. Já próximo à metade do segundo tempo, Gérson desempatou e aos vinte e seis minutos, seria a vez Jairzinho marcar o terceiro gol brasileiro, mas quem, talvez Brazino777, quem se lembra do jovem de apenas vinte anos que driblou quatro italianos no meio de campo, iniciando a jogada que terminou com um torpedo de Carlos Alberto e o quarto gol canarinho?

Estamos falando de Clodoaldo Tavares Santana, o Corró, pequeno peixe cujo habitat são os açudes nordestinos, apelido que ganhou ainda criança, em razão de seu porte miúdo. O sergipano nascido na cidade de Itabaiana, em 25 de setembro de 1949, perdeu os pais, Irineu Vicente Santana e Petrina Tavares de Almeida, ainda muito cedo e por isso teve que migrar para o estado de São Paulo, mais exatamente para o litoral, a cidade de Praia Grande. Por lá ficou durante três anos, contudo, uma separação familiar fez com que Clodoaldo fosse morar na cidade vizinha de Santos, no morro de São Bento.

Os tempos eram de pobreza e, ainda criança, aos onze anos, Corró teve que trabalhar. Fazia carretos pelas feiras e pequenos serviços nas mercearias da vizinhança, mas foi através da religião que o futuro camisa cinco do Santos F. C. e da seleção brasileira, encontrou paz de espírito e direção em sua vida. De 1959 a 1963, Clodoaldo foi coroinha na Igreja do Valongo. No começo da adolescência, o craque começou a trabalhar na Companhia de Produtores de Armazéns Gerais, o que o levou a jogar pelo time amador do Grêmio do Apito, na época administrado pelo árbitro de futebol Romualdo Arppi Filho. Posteriormente, foi apresentar suas habilidades com a bola na Sociedade Esportiva Barreiros, e tudo começaria a se transformar na vida do Corró.

O técnico da equipe de base do Santos, Miro Caiçara, o viu jogar pelo Barreiros e se impressionou a ponto de convidá-lo para treinar no alvinegro praiano. Convite prontamente aceito, o jovem chegou à Vila Belmiro com quinze anos de idade, em uma época gloriosa. Seu contato com gênios do futebol, como Pepe, Coutinho, Gilmar, um tal Pelé e Zito, a quem substituiria como volante pouco tempo depois, fez de Clodoaldo um atleta praticamente completo.
Aos dezesseis anos, depois de destacar-se nas categorias de base, Clodoaldo foi incorporado ao time profissional e saiu com o clube para excursionar pela Europa e Ásia. O médio volante passou a impressionar e, se antes havia uma preocupação com relação a quem seria o substituto de Zito na posição, nada mais preocupava ao término da excursão. Clodoaldo revelou-se muito habilidoso na marcação pelos dois lados do campo, além de ser bastante eficiente na saída de bola e apoio ao ataque. Na marcação, chamava a atenção como o garoto não cometia faltas. Sua profissionalização veio, contudo, um pouco antes desta excursão, e sua estreia como profissional ocorreu em cinco de junho de 1966, em um confronto contra o Blumenau de Santa Catarina. O Santos venceu aquela peleja por dois a zero e a imprensa logo perguntou, quem é esse menino? A partir de então, Clodoaldo se colocava como candidato a um dos melhores volantes que o futebol brasileiro e, quiçá mundial, já viram jogar.

Entre 1967, quando assumiu de vez a camisa cinco santista, até 1979, foram quinhentas e doze partidas pelo alvinegro, o que faz de Clodoaldo o sétimo jogador que mais vezes vestiu a camisa do time da Vila Belmiro. Foram quatorze gols assinalados, mas o que, de fato, fez do atleta um dos maiores, foi a sua habilidade no desarme limpo, sem faltas, e sua elegância na saída de jogo e distribuição. Suas atuações pelo Santos o levaram à seleção brasileira ainda um garoto, em 1968. Foram cinquenta e um jogos com a amarelinha e três gols, destacando-se o gol de empate marcado contra o Uruguai, na vitória de três a um na semifinal da Copa de 1970.

Clodoaldo foi um raro talento como jogador de futebol. Foi um médio volante clássico, em um tempo que os volantes também eram craques e não meros desarmadores na raça. Depois de seguidas contusões no joelho, Corró deixou o Santos em 1980, disputou três partidas relâmpago pelo Nacional de Manaus e seguiu para os EUA, onde jogou uma temporada pelo New York United. No seu retorno, foi técnico do Santos pelo qual jogou praticamente toda a carreira, em 1982, depois ocupou vários cargos como dirigente, também na Vila Belmiro. Atualmente, o marido de dona Clery, pai de Claudine e Simone, avô do Vitor (também jogador de futebol), é assessor especial para assuntos de futebol, sem remuneração, do mesmo Santos de todos os tempos.

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