7 de Abril, Dia Mundial da Saúde

Em vez de comemorar, vamos alertar: continuam nascendo crianças com HIV e crianças com Sífilis

O Dia Mundial da Saúde foi criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A iniciativa surgiu da preocupação em manter o bom estado de saúde das pessoas e da necessidade de alertar sobre os principais problemas que podem atingir a população mundial.

Um grave problema de saúde pública que atinge a maioria dos municípios brasileiros e cidades de vários países é o nascimento de crianças com a Sífilis Congênita e/ ou Crianças com o HIV. São dois péssimos indicadores de saúde. Nós profissionais de saúde e gestores precisamos nos indignar quando notificamos mais um caso de uma criança com um desse agravos.

Crianças com HIV

Nascer com o HIV significa que essa criança vai passar a vida toda tomando os medicamentos para o combate ao vírus. Mas não é só isso. Será uma criança que, se tiver seu estado sorológico revelado, poderá encarar situações de preconceito e discriminação, por exemplo em uma creche ou em uma escola. Como a grande maioria das crianças com infecção pelo HIV tem origem em famílias que vivem em situação de pobreza, terá que enfrentar mais dificuldades para o acompanhamento, embora o nosso SUS Brasileiro tem ofertado todas as condições para que a prevenção da transmissão vertical aconteça: preservativos para prevenção da transmissão sexual do HIV, testes rápidos para diagnóstico na própria atenção primária, exames de carga viral para serem feitos pela gestante soropositiva e criança exposta e/ou com a infecção pelo HIV, medicamentos antirretrovirais para profilaxia e tratamento da gestante soropositiva e da criança infectada ou exposta ao HIV, medicamento para impedir que a mãe soropositiva transmita o HIV para o filho pela amamentação, fórmula infantil para que a mãe soropositiva não amamente. Se ais recursos tivessem sido utilizados, essa criança teria nascido saudável.

Crianças com Sífilis Congênita

Nascer criança com Sífilis pode significar um grande sofrimento para ela própria e para os familiares. Será um criança que poderá apresentar sequelas na pele, no sistema nervoso, no sistema cardiovascular, malformações ósseas, surdez e o pior, nascer sem vida. Imaginem uma mãe que sonhava ter seu filho saudável, ter que levar o corpinho do seu recém nascido para realizar o funeral. É realmente uma situação muito triste. E o nosso SUS brasileiro disponibiliza todos os recursos (preservativos para a prevenção da infecção nas relações sexuais, testes rápidos e VRDL para confirmação diagnóstica nas UBS e até nas maternidades, medicamentos como a Penicilina para a profilaxia e tratamento da sífilis) para a prevenção da transmissão dessa terrível bactéria chamada Treponema Pallidum.

A prevenção existe porém nem sempre praticada com qualidade

A prevenção começa no incentivo ao uso do preservativo nas relações sexuais antes da gravidez ou até durante a gravidez. Os profissionais de saúde da Atenção Primária, incluindo os agentes comunitários de saúde e de endemias, precisam, nas atividades de rotina nas Unidade de Saúde e nas ações fora da UBS, disponibilizar, de forma permanente, os preservativos, mostrando que eles são tão importantes, que de forma indireta, podem proteger o bebê que vai nascer. Os testes rápidos estão disponíveis pelo nosso SUS e, infelizmente, ainda tem UBS ofertando apenas para as gestantes, deixando a população mais vulnerável e parceiros sexuais das gestantes sem diagnóstico. Hoje, testar também significa prevenção, quando as pessoas detectadas com o HIV ou a bactéria da sífilis são tratadas corretamente, existirá a quebra da cadeia de transmissão.

Indignação dos profissionais pode ajudar na prevenção

Nós profissionais, que estamos envolvidos com o pré-natal, precisamos nos indignar com o nascimento de crianças com esses agravos. Precisamos fazer uma investigação de cada caso de bebê que nasceu com sífilis ou com HIV, para identificar as falhas no pré-natal, e procurar a correção para que, nas próximas gestações, as crianças nasçam saudáveis. Precisamos realizar a busca ativa daquelas gestantes sem pré-natal, no território de abrangência da atenção primária, com ajuda dos agentes comunitários de saúde. Os profissionais de saúde precisam seguir os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde evitando “inventar” condutas de tratamento pessoais, em desacordo com as normas do próprio SUS. O monitoramento do tratamento das crianças que nasceram com HIV, crianças expostas ou com sífilis, com a realização de exames periódicos, é fundamental para que tenham uma melhor qualidade de vida.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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