A ÉTICA NOS EVENTOS

“Profissional de talento é aquele que soma 2 pontos de esforço, 3 pontos de talento e 5 pontos de caráter” (Roland Barthes, 1915-1980)

 

Recentemente um membro da FBC me falou que: “Nós não realizamos eventos, lutamos por uma causa!”. Isso me deixou pensativo e comecei a observar o que essa pessoa estava me dizendo e nas ações e cuidados que sempre tomamos com relação aos eventos públicos da FBC.

 

Desde que realizamos o primeiro FIPC, em parceria com a ABRH/SE em 1999, fomos orientados pela equipe da ABRH/SE para que realizássemos uma criteriosa escolha das datas de modo a não prejudicarmos outros eventos similares já existentes ou confundirmos os participantes. Assim sendo, procuramos saber quais os eventos que estavam acontecendo em Aracaju e qual o mês poderíamos ocupar sem que a nossa ação prejudicasse os demais. Esta, a nosso ver, é uma sábia postura ética, coerente e inteligente de todos organizadores de eventos em qualquer centro civilizado e progressista.

 

Lembro de um fato que acompanhei e observei há alguns anos através com relação à expansão da Orla na Atalaia, inicialmente projetada da ter apenas pequenos bares ao invés de ter apenas X bares, foram abertos 4X e os resultados observamos hoje, muitos fecharam outros teimam por sobreviver e quem perdeu? A mim apenas prova que as pessoas confundem conceitos e terminam por se focar numa concorrência desnecessária e … pouco ética.

 

Mas, voltando aos eventos, estou observando agora como o mês de setembro está repleto deles, provavelmente são todos bons, mas estamos desnecessariamente todos concorrendo uns com os outros já que participantes e empresas patrocinadoras têm orçamentos mensais que precisam ser equilibrados e não dá para ir participar de tudo o que está sendo apresentado.

 

O FIPC, na sua sexta versão, outros que iniciam e outros esporádicos que se inserem dentro de outros. E assim “lutamos”, assim “vivemos” e assim “procedemos”.

O conceito que adotamos da FBC não é de apenas trazer “monstros sagrados das palestras” ou “palestrantes profissionais”; temos trazido pessoas conhecidas e também damos oportunidades a fantásticos desconhecidos que aqui chegam e mostram o seu excelente trabalho.

 

Acreditamos que esse é o nosso papel. E como falamos de criatividade, empreendedorismo e processo criativo, queremos estar focados no conhecimento, na seriedade dos nossos princípios e, principalmente, na nossa imagem enquanto instituição. Já que acreditamos que todos os palestrantes que estão presentes aos eventos da FBC são representantes do nosso pensamento e por esse motivo deverão estar alinhados com a nossa imagem e com o compromisso que temos com o nosso público, já que a nossa missão é disseminar o conhecimento sobre pensamento criativo e cidadania…

 

Assim sendo, estamos vendo que alguns responsáveis por eventos no Estado sequer se dão ao luxo ou ao trabalho de pesquisar a agenda dos eventos similares aos seus que estão acontecendo na cidade e acomodarem suas datas.

 

Lembro que alguns anos atrás um evento sobre Criatividade e RH que acontece também anualmente em Recife estava agendado com antecedência como nós também agendamos, para acontecer uma semana antes do nosso evento em Aracaju. Entrei em contato com os organizadores de Recife, expliquei que já havíamos agendado o nosso há mais tempo e sabem o que aconteceu? Eles eticamente mudaram a data do evento deles.

 

A pergunta que muito devem estar se fazendo é: “Será que a FBC está com medo da concorrência?” Não, não estamos com medo. O VI FIPC está como sempre muito bem posicionado, mas não posso concordar ou apenas ficar calado porque estamos bem. Nosso objetivo não é o lucro e sim o desenvolvimento de um trabalho planejado, coerente e organizado com um ano de antecedência. Além disso, e por conta de nossa postura, temos contado com fieis parceiros que por acreditarem no nosso trabalho têm nos apoiado todos esses anos.

 

A “concorrência” depredadora se insere em qualquer área, é maléfica, danosa e pouco ética. Para que praticá-la, se temos pelo menos 9 meses disponíveis ao longo do ano? Isso apenas mostra o quanto os belos conceitos pregados são apenas palavras ao vento e muitas vezes os participantes dos eventos que saem “encantados” com o que ouviram não percebem que lhes estão apenas comprando “gato por lebre”. Porque ao nosso ver, mais do que as palavras as ações precisam ser coerentes.

 

E a coisa por ai vai: uma farmácia que abre encostada à outra, um posto de gasolina na mesma quadra, o político que passa todo a ano sem sequer olhar para você e quando chega na época da eleição é capaz de atravessar a rua e ser atropelado só para “apertar” a sua mão e por ai vai…

 

E a pergunta que quero deixar no ar é: “É esse o Brasil que estamos querendo construir?” Onde está o conceito de desenvolvimento sustentável que tanto cobramos? Agora percebo porque um membro da FBC me disse: “Nós não realizamos eventos, lutamos por uma causa!”.

 

* Fernando Viana é diretor presidente da Fundação Brasil Criativo
presidente@fbcriativo.org.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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