Allia jacta est!

Allia jacta est!

Nem bem lançou seu primeiro livro, Apolônio já pensa até em ser imortal.

Lisboa, 10 de novembro de 2006
 
Caros amigos de Sergipe:

Finalmente, depois de anos e anos de dedicação à literatura, tive o reconhecimento que todo escritor espera obter em vida. Fui convidado a entrar para uma das mais prestigiadas academias portuguesas. Sou o mais novo membro da Academia Mexe Mexe, uma das mais recomendadas pelos professores de ginástica de Lisboa. É a glória, amigos. A justiça tarda, mas não falha.


E tudo isso porque no lançamento do meu compêndio “O Livro de Ouro das Sarapitolas”, ocorrido na semana passada aí na terrinha, me empanturrei de uísque e salgadinhos, empolgado que estava pelo reencontro com velhos amigos sergipanos como Amaral, Ilma, Araripe, Cleomar, César Brito, Célio Nunes e tantos outros.


Com o excesso, acabei sendo atendido pelo dr. Protógenes Guimarães, um dos mais afamados
veterinários das terras de João Muamba.

Na verdade, o problema maior não foi a overdose etílico-gastronômica e sim as saliências
praticadas na mesma noite na alcova de Epifânia Maria, uma sergipana espetacular que me prestou diversos favores sexuais quando este escriba ainda morava por aí. A morena foi me rever no lançamento.     


Epifânia também é adepta dos “Rastafari de Cristo”, uma esdrúdula seita religiosa que utiliza reggaes como hinos e generosas doses de canabis sativa para “abrir os portais da alma” segundo seus praticantes. É uma loucura!


Tal qual nos cultos ao Santo Daime acreano, as reuniões rastafarianas são regadas a um grande consumo dos morrões fumegantes. Nesses encontros é discutido o destino dos abstêmios da massa após o Juízo Final, a beatificação do guru Jimmy Cliff, a descriminalização das drogas menores “para glória de Jah” e tantas outras questões concernentes aos propósitos da instituição festivo-religiosa. Oxalá a Polícia local não nos leia.     


O fato é que a danada me levou para a sua casa e se aproveitou para ensinar-me novas posições sexuais como a sensacional “Descascando a Bergamota” ou a anti-ergonômica “Escalando o Armário da Cozinha”. O velhinho não agüentou, meus amigos.


Baixei hospital. Mas agora está tudo bem. Já estou em Salvador e daqui parto para Cuba, como lhes disse na semana passada.

Como era de se esperar, por aqui agora só se fala em reveillon e carnaval. Tudo bem, o governador eleito Jacques Wagner também é assunto em algumas mesas de bar, mas o que o pessoal quer saber mesmo é de aprender a Dança do Pintinho Molhado, uma rocambolesca coreografia que promete ser a nova sensação da folia soteropolitana.


Gilberto Gil não sabe se Lula o mantém no cargo. Caetano vai se dividir entre Salvador e Pernambuco, que esse em 2007 comemora cem anos de carnaval.


Enquanto isso, eu fico por aqui praticando meus exercícios lítero-sexuais com a estonteante Ivete, a melhor cabeleireira do bairro da Liberdade enquanto aguardo o convite para concorrer a uma vaga numa outra academia das mais prestigiadas de Sergipe.


A de Paulo Bedeu, naturalmente.   

Até semana que vem.

Um abraço do

Apolônio Lisboa.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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