AS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM 2014

No ano de 2014, a saúde da população apresentou bons momentos e grandes desafios, com relação às Doenças Sexualmente Transmissíveis, em Sergipe e  no Brasil.

AS BOAS NOTÍCIAS

A mortalidade em consequência da AIDS caiu 13% no Brasil entre 2003 e 2013, passando de 6,4 para 5,7 óbitos por 100.000 habitantes. Houve um aumento na quantidade de pessoas que iniciaram o tratamento da doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS) mais cedo. Agora, os antirretrovirais são fornecidos inclusive para pessoas que têm teste de HIV positivo, mas não apresentam comprometimento do sistema imunológico. O Brasil mudou o jeito de tratar a doença. Tratamento regular e eficaz pode diminuir risco de transmissão em 96%.

Em Sergipe, uma boa notícia foi a  ampliação da oferta do diagnóstico precoce do HIV e Sífilis através da capacitação dos profissionais de saúde de todos os municípios, para a realização do teste rápido. Muitos municípios passaram a realizar mobilizações locais de oferta dos testes rápidos com diagnóstico em 20 minutos, aumentando assim a detecção da Sífilis e da AIDS.  A experiência inovadora da utilização da Unidade Móvel “Fique Sabendo” facilitou o trabalho junto às populações vulneráveis.

A ampliação da oferta dos preservativos masculinos e femininos, bem como a disponibilização do gel lubrificante e diversos materiais educativos, para os municípios, facilitou o acesso da população geral e específica aos insumos de prevenção. Apesar de ser um ano eleitoral, várias ações educativas foram realizadas nos municípios, envolvendo escolas, empresas e em momentos estratégicos como em festas populares e outros eventos.  Nas escolas, além das palestras, foram realizadas mostras educativas, avaliações regionais e o importante Festival de Paródias, em parceria com as Secretarias de Educação do Estado e dos municípios. Foram realizadas ações educativas específicas sobre Sífilis com ênfase na Sífilis Congênita. Outro tema específico foi com relação às Hepatites Virais, com destaque para a prevenção às Hepatites B e C.

Voluntários ligados ao Programa Estadual de DST/AIDS de Sergipe realizaram importante levantamento com relação às zonas de prostituição nos diversos municípios do estado. Realizando intervenções educativas semanais, nas casas de prostituição do interior sergipano, os voluntários orientaram as mulheres profissionais do sexo com relação ao uso dos preservativos e gel lubrificante, alertando também sobre os sinais e sintomas das diversas DST e a importância do pré-natal.

A solidariedade às crianças soropositivas e expostas foi uma das prioridades em 2014. Contando com a participação de professores e alunos voluntários do Colégio Master e de diversos cursos pré-vestibulares, foram realizadas atividades educativas, esportivas e de lazer no dia 7 de maio (dia da criança soropositiva), no dia da criança em geral e ainda durante o Mac Feliz no Shopping Jardins, Os eventos envolveram também familiares das crianças.

Importantes eventos nacionais ocorreram em Sergipe. A Reunião de Coordenadores de Programas Estaduais e Municipais de DST/AIDS e Hepatites Virais realizada em Aracaju foi um importante momento de troca de experiências entre os estados e municípios, com a presença de técnicos do Departamento Nacional de DST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. O Fórum Nacional sobre DST e o 11º Encontro Nacional e 6º Encontro Sergipano de Redução de Danos, foram eventos nacionais  de destaque para Sergipe.

O apoio às Organizações da Sociedade Civil foi outra prioridade da Secretaria de Estado da Saúde. Eventos como as Paradas LGBT, Seminários Locais e Regionais e a participação de membros das entidades em eventos nacionais foram apoiados pelo Governo de Sergipe. Merece destaque o apoio e participação no Seminário Estadual das Pessoas que vivem com HIV/AIDS, momento especial onde os próprios soropositivos e familiares puderam discutir as diversas questões ligadas à cidadania, assistência, prevenção e adesão ao tratamento.

Um dos fatos mais marcantes de 2014 foi a participação da equipe da Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe no maior evento do mundo: A Copa do Mundo de 2014. Com a Unidade Móvel “Fique Sabendo”, em uma parceria inédita com os Programas de DST/AIDS da Bahia e de Salvador, foram realizados em torno de 2.000 exames de HIV durante os jogos da copa, na área do FAN FEST, próximo ao Farol da Barra, em Salvador. O Estado da Bahia recebeu, recentemente, um prêmio da UNAIDS, órgão internacional, que coordenou as ações de prevenção durante a Copa do mundo no Brasil, por ter realizado a melhor ação de testagem e prevenção do país.

Uma importante medida do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde de Sergipe foi a descentralização de recursos financeiros, a partir de junho de 2014, para os 19 municípios sergipanos que apresentam maior número de casos notificados de AIDS, Hepatites Virais, Sífilis Congênita e AIDS em Crianças. Agora os municípios considerados prioritários, possuem recursos para as ações de mobilização locais e de capacitação das equipes da estratégia de saúde da família, bem como a produção de material educativo e campanhas em momentos estratégicos.

OS GRANDES DESAFIOS

Atualmente há no Brasil cerca de 734.000 pessoas convivendo com HIV e AIDS, o correspondente a 0,4% da população brasileira. O aumento da infecção pelo HIV entre os jovens de 15 a 24 anos no Brasil. De 2004 a 2013, a taxa de detecção passou de 9,6 para 12,7 casos a cada 100.000 habitantes.
Desde 1.987 até novembro de 2014, em Sergipe, foram registrados 3.831 casos de HIV, sendo 98 em crianças. Em 2013, foram registrados 317 novos casos da doença e em 2014 o número já chegou em 326. Nos últimos 27 anos foram 1.135 óbitos em Sergipe por consequência da AIDS, deste total, 22 crianças. Os municípios sergipanos que apresentam maiores registros são: Aracaju (45,39%), Nossa Senhora do Socorro (10%), Itabaiana (5,43%), Estância (3,89%), São Cristovão (3,13%) e Lagarto (2,95%).
Muitos dos casos de AIDS estão sendo diagnosticados nos serviços de urgência/emergência. O correto é que o diagnóstico seja feita através da atenção básica, nas unidades de saúde. Por outro lado, grande parte da população rejeita o uso da camisinha, por confiar no (a) parceiro (a) ou por achar que não corre risco de contrair o HIV.
Em Sergipe e na maioria dos estados brasileiros, a Sífilis Congênita continua sendo um grande desafio para o SUS. Mulheres iniciando o pré-natal tardiamente, tratamento inadequado da gestante com sífilis e seu parceiro sexual e o não uso do preservativo durante a gravidez, são os principais motivos do aumento dos casos de sífilis em crianças. O diagnóstico da sífilis em gestantes está sendo feito, na maioria dos casos, na maternidade e não na unidade básica de saúde.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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