Bandido bom é…?

Quem nunca ouviu o ditado “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”? Pois esse é daqueles ditados carregados de arrogância e prepotência, que expõem um abismo de incoerência entre o discurso e a prática, entre as palavras e a ação concreta, afinal é como dizer “escute o que eu digo, mas ignore o que eu faço”.

O sentido que guarda este ditado popular cai como uma luva para o deputado federal André Moura, do PSC de Sergipe. Parece ter sido criado para ele.

Como um dos principais defensores da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, André Moura rotineiramente lança mão de frases como (com palavras suas, já ditas em entrevistas): “fim da impunidade aos crimes cometidos por adolescentes” ou “bandido, independente de idade, tem que ser preso”. Assim, quem não o conhece, até pensa ser ele um dos guardiões da ética, da moralidade e da justiça.

Mas, como disse, só acredita nisso quem não conhece a vida política de André Moura. Uma reportagem desta semana do jornal O Globo desmontou toda a aparência de André Moura e revelou que, na essência, o deputado é campeão em matéria de corrupção, um verdadeiro colecionador de processos judiciais.

Apenas no Supremo Tribunal Federal (STF) há seis processos contra o parlamentar. Apropriação indébita e desvio ou utilização pessoal de bens públicos de Pirambu são alguns dos crimes pelos quais André Moura está sendo processado.

De acordo com recente denúncia do Ministério Público, aceita pelo STF, André Moura, mesmo depois de prefeito de Pirambu, continuou usando e abusando de bens e serviços custeados pela administração municipal, como gêneros alimentícios, telefones celulares e veículos da Prefeitura. Ainda segundo a denúncia, alimentos eram comprados no comércio local de Pirambu e entregues na casa do parlamentar. Quem pagava era a prefeitura. Ou melhor, o povo de Pirambu.

Mas não é só no STF que circula o nome de André Moura. O Tribunal de Contas da União, por exemplo, já o responsabilizou por diversas irregularidades quando prefeito, condenando-o, inclusive, ao pagamento de multa.

Esse mesmo André Moura já foi condenado pelo Tribunal de Justiça de Sergipe por improbidade administrativa e, com base na Lei da Ficha Limpa, teve a sua candidatura impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe e pelo Tribunal Superior Eleitoral, tendo sido candidato e estando atualmente no cargo apenas porque obteve liminar do STF.

Então, "bandido bom" é bandido preso, como defende André Moura, ou "bandido bom" é aquele que mesmo acumulando dezenas de processos judiciais permanece impune e livre no Congresso Nacional defendendo e comemorando a criminalização da juventude brasileira?

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