Diz o dito popular que quem conhece a foz do rio São Francisco, na divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas, mais precisamente em Brejo Grande (SE), confirma que Deus é Brasileiro. Se a máxima é uma lenda e não pode ser confirmada, afirmar que o Divino foi caprichoso e generoso com a região não é difícil. Distante 137km de Aracaju, localizado no território do Baixo São Francisco, com uma população de apenas 8.322hab (Estimativa IBGE 2017), Brejo Grande é cenário de beleza e privilegiado com ilhotas fluviais e exuberante diversidade da fauna e flora brasileira. O município tem um grande potencial turístico ainda preservado.
Na sede municipal, no atracadouro, o turista pode fretar embarcações que vão desde catamarãs, veleiros e pequenas embarcações, neles inclusos serviços de bar e algumas comidinhas. O passeio proporciona um cenário desenhado por matas ciliares, contrastando com vegetação litorânea e dunas, em meio às águas doces e esverdeadas do Velho Chico. Um espetáculo natural singular de um dos principais destinos turístico sergipano: a foz do São Francisco.
À primeira vista de quem se depara com a magnitude do rio é entrar em contato com personagens seculares do dia a dia da população ribeirinha: as lavadeiras à beira-rio, que, diariamente, enchem de cor às margens do rio.
O ofício de lavar roupa ainda é resguardado por centenas de senhoras na região ribeirinha do Baixo São Francisco. Elas acordam cedo, com o raiar do “sol do Chico”, pega o sabão negociado com a patroa e parte com as trouxas de roupa na cabeça para à beira-rio. Juntos com elas, mantêm-se a tradição de “bater a roupa” na pedra e deixá-la “quarar”. O colorido das roupas na pedra secando ao sol é um cenário de encher os olhos à beira das águas esverdeadas do Velho Chico. A paisagem é emoldurada por crianças que brincam na água e embarcações típicas desta região.
A parada para o banho, o surfe nas dunas e a compra de artesanato em barraquinhas móveis incrustadas num banco de areia são inerentes a programação do passeio. E mais um dito popular se faz presente, quando na parada para banho, populares avisam que o visitante deve comprar a imagem de São Francisco vendida nas barraquinhas de artesanato e banhá-la nas águas do rio, ou seja, “benzer e batizar” e fazer três pedidos. O santo agradecerá realizando todos eles.
Mais adiante, o farol do Cabeço é o símbolo de resistência da região. Em alguns passeios o farol não é mais visto por conta do avanço das águas do oceano, que cada vez mais transforma parte do leito do rio de água doce em água salgado do mar. O farol fica dentro da água e possui apenas uma ponta descoberta.
As praias fluviais e dunas, além de restingas de mangue, também são atrações da localidade, como as do povoado Terra Vermelha e Saramém, além de Ponta dos Mangues.
O município de brejo Grande é para quem gosta do contato com a natureza, de deixar o templo fluir sem pressa e para quem quer apreciar a boa mesa a base do caranguejo, do siri, do aratu e da tilápia, da carapeba.
Dicas de viagem
Há agências de viagem que fazem passeios de um dia para a localidade, os denominados “bate e volta”. É uma boa sugestão para quem não gosta de se preocupar em dirigir e procurar pontos de apoio, mas, por vezes, é cansativo. Passa-se um bom tempo na estrada.
É bom contratar uma agência de viagem para fazer a reserva com antecedência e até mesmo verificar os restaurantes locais. Caso não contrate os serviços de uma agência, procure fazer os passeios com embarcações com o visto da Capitania dos Portos. Segurança é essencial.
Há poucas instalações de hospedagem na localidade. Pertinho de Brejo Grande, no Povoado Betume, em Neópolis, o Privê Rio Belo é uma boa opção com conforte e segurança.
Para chegar a Foz do São Francisco partindo de Aracaju, segue-se pela BR 101 até o posto da Polícia Rodoviária Federal. No trevo da PRF, entra à direita pela SE 304, no sentido Neópolis. Percorrendo a estrada, passa por Japoatã entra à direita novamente e segue a SE 202, sentido Pacatuba- Brejo Grande.
Para chegar a Saramém é preciso utilizar a estrada que vai ao Povoado Brejão e seguir em frente até alcançar às margens do Rio São Francisco. A entrada do povoado situa-se alguns quilômetros antes da sede de Brejo Grande.
A palha do ouricuri é a matéria-prima mais comum para a confecção de chapéus, bolsas, cestas e objetos de decoração. O artesanato tem sido uma alternativa econômica na região, até mesmo com a formação de cooperativas e associações, com o objetivo de participação de feiras e eventos. A palha do coqueiro ainda verde também é bastante utilizada na confecção de objetos decorativos no geral
Gastroterapia
São famosos os siris (típico crustáceo parecido com o caranguejo, de cor mais azulada e com casco achatado, que vive em água salgada) e o guaiamum (crustáceo de carne com sabor mais adocicada que a do caranguejo e que vive em áreas de várzea).
O guaiamum cada vez menos encontra na base de bares e restaurantes por estar em extinção. A culinária baseia-se nos pratos com crustáceos e mariscos. Os doces caseiros e cocadas também são vendidos em Brejo Grande. Bar e restaurante Carapeba é uma boa dica para ter o contato com a boa mesa são franciscana (79) 3366-1069.
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