Hidrelétrica de Xingó (SE/AL): Lazer e dose de conhecimento

Vista da barragem da Usina com uma das turbinas em funcionamento

A imponência da obra, a magnitude do concreto aliada ao desenho da paisagem, a tecnologia e as curiosidades ao longo de suas construções fazem das hidrelétricas pelo mundo um produto turístico a ser visitado, para quem quer unir lazer ao conhecimento.

Vista para o vale do rio São Francisco após suas águas percorrem as turbinas e passarem pelos dutos da barragem

São oito hidrelétricas ao logo do rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, percorre cerca de 2.700km até chegar a foz, entre os estados de Sergipe e Alagoas. Xingó, de propriedade da Chesf, é uma das mais produtiva entre as sete maiores do país e entre as instaladas ao logo do Velho Chico: Itaparica/ Luiz Gonzaga (PE), Sobradinho (BA), Três Marias (MG), Paulo Afonso I, II, III e IV (BA e AL), Apolônio Sales/ Moxotó (AL).

Para conhecê-la partindo de Aracaju (SE), distante cerca de 240km, a melhor opção é pernoitar na região de Canindé do São Francisco (SE), distante 6km da usina, ou em Piranhas (AL), distante 12km, até por ser ela instalada em uma região denominada de Complexo Turístico de Xingó, que abrange trilhas, passeios entre cânions navegáveis, sítios arqueológicos, histórias do cangaceirismo e contato com o bioma de caatinga.

Vista panorâmica do vale partindo do escritório da Chesf, onde começa o passeio que une lazer e conhecimento

A hidrelétrica de Xingó é a mais produtiva em capacidade instalada e uma das sete maiores do país, iniciada em 1987 e e inaugurada em 1994, entre os estados de Sergipe e Alagoas. No quesito turístico, é a prova de que cada vez mais as obras imponentes podem ser atrativas, não só pela beleza arquitetônica, mas por disponibilizar uma paisagem modificada pelo homem que enche os olhos dos visitantes, com quedas d’águas, turbinas, reservatórios e geradores.

Tecnicamente, a usina é responsável por 30% da energia do Nordeste e 10% do país, e já foi considerada a mais moderna do mundo. A usina conta com seis turbinas (apenas uma está ativa/ 2018) com capacidade para gerar 527.000 Kw de potência cada uma. Para se ter uma ideia do gigantesco duto, por ele poderia passar dois caminhões em cima um do outro. Há na barragem de 141m de altura, construída com contenção de pedra sem concreto, 12 vertedouros e túneis.

Açude de represamento das águas do Velho Chico também pode ser visitado

Obrigatoriamente, para conhecê-la faz-se necessário um guia credenciado pela usina e que adentra seus sistemas somente de automóvel. Cada carro, logicamente, se limita ao número de passageiros que pode carregar, mas uma vaga deverá ficar com o guia, que pode conduzir mais de um carro durante a visita. Fica R$ 40,00 por carro. O último horário de ingresso é às 16h30.

A visita começa na sede administrativa da usina, em um local afastado da barragem. Há um vídeo explicativo e uma maquete de madeira da usina e da região em volta dela, através dos quais o guia explica a construção e algumas curiosidades. Há diversas instruções de como se comportar dentro da usina, que devem ser obedecidas à risca por conta da segurança.

Grandiosidade da obra em paredões que represam as águas transformadas em energia

Depois, saindo de carro da área admirativa, há entrada na parte superior da barragem. Os visitantes descem para conferir in loco as turbinas e a área represada, ouvindo explicações sobre a construção, o custo, a energia gerada, a quantidade de empregados e diversas outras informações úteis – ou nem tão úteis assim, mas curiosas!

Uma das curiosidades foi a luta travada entre os dois estados, para saber onde ficaria a turbina que gera energia, fato este que se reverte em royalties para o estado. Terminou ficando com o município de Canindé do São Francisco.

Grandiosidade dos dutos que passam às águas transformadas em energia para parte do Brasil

Após conhecer os dutos e a barragem superior, o carro vai para um estacionamento na parte baixa e os turistas acessam a área interna da usina, onde estão os transformadores magnéticos e os dutos de água.

Dentro da usina há um pequeno museu, contando a história da região e a história da construção da UHE Xingó. Além disso, é possível ver os reatores magnéticos e entender melhor como funciona toda a engrenagem e a geração hidráulica de energia.

A visita já valeu a pena, até por conta da paisagem e pela oportunidade de conhecer por dentro, como é uma usina hidrelétrica, além de andar pela barragem e aprender coisas interessantes da geração hidrelétrica. Mesmo assim, complete a visita à hidrelétrica conhecendo o Museu de Arqueologia de Xingó, bem pertinho da hidrelétrica. O MAX é mais um dos atrativos da região, com vestígios dos primeiros homens da América do Sul, escavações realizadas antes da inundação da represa e objetos encontrados de milhares de anos.

Maquinários, cores, obras e engenharia no sertão entre Sergipe e Alagoas
Dicas de Viagem

Partindo de Aracaju (SE) há diversos percursos para se chegar até lá, mas todos eles se originam na BR 101. Pode-se ir pela BR 235, sentido Itabaiana/ Nossa Senhora da Glória/ Canindé (Rota do Sertão). Depois de Itabaiana, segue-se pela SE 414, SE 212, e por último SE 208. A estrada está totalmente recuperada.  Chegando em Canindé do São Francisco, pega-se a SE 208, atravessa a ponte da CHESF e chega à Alagoas. A estrada é sinalizada e se percorre somente 12 km até Piranhas.

Em Aracaju há passeios bate-volta para Canindé do São Francisco, que duram o dia todo conhecendo o Cânion do São Francisco. A dica para se conhecer a hidrelétrica é passar mais de um dia na região.

Turbinas dentro da hidrelétrica podem ser visitadas

Na sergipana Canindé e nas cidades alagoanas de Delmiro Gouveia e Pinhas há boas opções de hospedagem. Consulte uma agência de viagem.

Leve bastante protetor solar e use roupas leves. Na alta temporada, faz muito calor e não chove. Caso prefira conhecer a região quando há menos enxurrada de turistas, prefira ir nos meses de junho, julho e agosto.

Não deixe de fazer também o passeio ao Cânion do São Francisco, maior cânion navegável do país e consequência do represamento da hidrelétrica.

Consulte o guia de turismo apto ao guiamento na usina, Raniere Devisson, através dos números de telefone: (82) 98854 8986, (82) 99804-4530 ou (82) 98217 9391.

Linguiça de bode é típica da culinária sertaneja e que pode ser apreciada nos restaurantes locais

Gastroterapia

O casamento da carne de sol de bode acebolada com o feijão com creme de leite e queijo é um dos pratos mais servidos nos diversos restaurantes e bares da região de Canindé do São Francisco. A carne tem um gosto mais apurado que a bovina e também pode ser encontrada assada como petisco ou churrasquinho. É o sabor do sertão à beira do rio São Francisco.

Não deixe de apreciar a culinária ribeirinha do São Francisco, mas o sabor doce do sertão em compotas está entre Moita Bonita de Sergipe e Nossa Senhora da Glória

Umbu, mangaba, jaca, mamão, goiaba, doce de queijo, de leite batido, em bolas, com ameixa, doce de carambola. Ufa! E as cocadas? O ponto é parada obrigatória na rodovia SE 206.

Dona Nena ganhou fama na região graças aos seus mais de 25 tipos de doces caseiros fabricados artesanalmente, vendidos todos os dias, das 7 às 18h. A procura é tão grande que são vendidos mais de 10kg de cocada por dia. Os preços variam de R$ 2,50 a R$ 10 (doces) e de R$ 3 a R$ 6 (biscoitos).

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