Corvo e Badinho

No dia em que o Presidente Bolsonaro apareceu nadando na praia para euforia dos banhistas que o aplaudiram ao seu redor, Pascácio Corvo e Thibauld Badinho, farofeiros prestos de ocasião, pilotavam indiferentes um isopor abastecido de gelo, cerveja e croquete, à espera de uma grelha, que lhe desse sopa, por perdida e repartida, para torrar uma fiada de carne com torresmo, trazida de casa, para estimular o papo e as papilas salivares.

O sol estava por demais convidativo…

Para quê usar máscaras, atender o mando ou desmando do governo, se a praia é do povo, o siri não contagia e a maresia limpa mal olhado sem corroer a alma da gente? – perguntava Corvo a Badinho ou fora Badinho a Corvo, o que não interessa, afinal em conversa tola o dito, vira desdito, maldito por oiças mulas, ou nulas oitivas, por desimportantes e desnecessárias.

Porque o importante era não deixar o malte esquentar, afinal no pensar de Badinho e outros do seu cominho, como Corvo em crocito e gargarejo, o “pior da vida era cerveja quente, e mulher da gente”, dito assim com aspas, mas repetido e “charlado”, em graça muito sem graça, como se a mulher de cada um, fosse um traste igual à tíbia e choca cerveja de todos.

Chopes e espumas sorvidas, e latas secas deixadas ao leu, Corvo e Badinho, sem possuir qualquer temor viral, ou castigo vindo do céu, estavam bebericando e mordiscando o seu farnel, rumando o pau, por costume, cacoete e mero falsete no governo de plantão, no caso o Bolsonaro, que para exaspero de ambos, conseguira iniciar o seu terceiro ano de mandato no Palácio do Planalto

Pascácio Corvo, velho petista grevista, punha suas asas de fora querendo cantar loas febris de tempos idos recentes, arrimado que sempre será benvinda uma corrupção a serviço dos mais humildes, daqueles desprovidos de tudo, inclusive de vergonha na cara, como preceituava xistoso o quase centenário de morto e esquecido Capistrano de Abreu (1853-1927).

Porque como diria, quem o sabe, Einstein, se nele fluíssem plasma e hematóides comuns aos nossos, a vergonha seria relativa, espécie de pecado inexistente no aquém bem abaixo do risco do Equador.

Já Thibauld Badinho, que nunca fora petista, estava p. da vida, como diria sem ponto, nem vírgula, só porque Bolsonaro estava rejeitando a vacina chinesa.

Pois assim estavam, fulos da vida, com a vacina que não chegava nem a injeção prometida.

De repente os dois viram uma aglomeração no mar.

O que teria sido? Um peixe, um cetáceo, uma baleia?

Ou seria uma sereia sem canto e lira?

Alguém se afogando não podia – tergiversou Badinho, pois o grito era de vivaz alegria?

Era o Mito dando braçadas, enquanto cidadão comum, junto do povo em euforia.

– “Mito! Mito! Mito!”

Não haveria pior vomito: Thibauld Badinho e Pascácio Corvo iriam morrer de raiva e reclamar por mais um tempo; um ano, dois ou mais!

Caprichos do destino dos dois!

Perderam a oportunidade de dar um caldo no Mito, que lhe nadou tão perto…

Eu bem conheço muitos corvos badinhos que passam a vida parvos e abutres crocitando pelo caminho, reclamando da mulher que conquistaram, do governo que escolheram e da cerveja que digerem, todo dia, embora amarga.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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