Dá Brasil, no coração e na matemática

Apaixonado por futebol, fanático por sua seleção e, por isso mesmo, grande entusiasta das copas do mundo, o brasileiro vibrou sete anos atrás quando o país foi escolhido para sediar o maior evento esportivo mundial, mas à véspera do torneio parece que o encanto acabou. Não se respira o ar que normalmente impregna a expectativa pelo evento quadrianual, não se vê ruas decoradas como antes, nem se ouve o farfalhar das bandeiras nos carros e nas janelas.
Esse clima do contraexpressa um sentimento verdadeiro?Não, a confirmar-se o resultado de pesquisa recém divulgada, apontando ampla maioria de entusiastas que crêem na conquista do hexacampeonato. Quase 78% acreditam que a Seleção Brasileira será campeã. No começo do ano passado menos de 67% apostavam nisso.

A vitória será nossa para 75% dos homens e para quase 83% das mulheres.

E os mais otimistas são os sergipanos e os flamenguistas.Para 86% dos entrevistados, o Brasil estará na final que será contra a Espanha, Alemanha ou Argentina.

E o otimismo tem até uma razão científica. O banco de investimentos Goldman Sachs prevê vitória do Brasil sobre Argentina na final da Copa. O bancão norte-americano calcula em 48,5% a probabilidade de o Brasil ganhar a final de 13 de julho, com Argentina e Alemanha vindo a seguir com 14,1% e 11,4% de chances de vencer.

As previsões se basearam em um modelo estatístico que analisou cerca de 14 mil partidas disputadas entre as seleções desde 1960. "Claro, não é nenhuma surpresa que a mais bem sucedida equipe na história do futebol seja a favorita para vencer o Mundial em casa", diz o relatório do banco, escrito pelos economistas Jan Hatzius, Sven Jari e Donnie Millar. "Mas a dimensão da vantagem brasileira em nosso modelo é ainda assim avassaladora."

Dado importante é que os times sul-americanos venceram os sete Mundiais disputados anteriormente no continente: Brasil, campeão em 1962 (Chile), 1970 (México) e 1994 (EUA), Uruguai, com os títulos de 1930 (em casa) e 1950 (Brasil), e Argentina, campeã em 1978 (em casa) e 1986 (México). Mas, atenção: nenhuma seleção que foi campeã da Copa das Confederações no ano anterior (caso atual do Brasil) e da última Copa América (caso do Uruguai) foi campeã da Copa seguinte.

O Goldman previu até o placar de 3 x 1 na final a favor do Brasil. De acordo com o modelo previsto, o Brasil chegaria à final depois de superar Holanda, Uruguai e Alemanha nas fases eliminatórias, enquanto os adversários da Argentina seriam Equador, Portugal e Espanha.

Na Copa de 2010 na África do Sul, o banco havia previsto que o Brasil tinha 26,6% de chance de ser campeão. A equipe brasileira, no entanto, foi eliminada nas quartas de final.A Espanha, seleção que veio a ser campeã em 2010, era a segunda mais cotada, com 15,7% de probabilidade de vencer.

CRIOU-SE GRANDE EXPECTATIVA com os benefícios que a Copa do Mundo traria e muitos devem ter acreditado que o tal legado que o evento deixaria teria o dom mágico de transformar o país, melhorando ou até resolvendo todos os problemas, mazelas e frustrações. Mas quando as obras atrasaram e se tornaram mais caras do que o previsto, pronto, o mundo caiu! Ah, pra que construir estádios se precisamos mesmo é de educação?

Recentemente, a Folha de S. Paulo (jornal considerado sério e bastante crítico ao governo e ao PT) publicou que todos os gastos com a Copa representam menos do que o governo federal investe na educação num único mês.

O que diz a Folha: “Alvos freqüentes das manifestações, os gastos e os empréstimos do governo federal, dos Estados e das prefeituras com a Copa somam R$ 25,8 bilhões, segundo as previsões oficiais. O valor equivale a, por exemplo, 9% das despesas públicas anuais em educação, de R$ 280 bilhões”.

Contados somente os gastos com a construção dos 12 estádios, esses representam menos de 1/3 desse investimento mensal. “No pacote da Copa, as despesas mais questionadas têm sido os R$ 8 bilhões destinados aos estádios. Os gastos restantes são, na maior parte, com projetos de transporte urbano, aeroportos e portos”, prossegue o jornalão paulista.

Portanto, o discurso do contra soa meio desconexo e não condiz com a realidade.
Leva-se a crer que a onda criada contra a Copa do Mundo no Brasil é oportuna para quem está reivindicando melhores condições de trabalho e maiores salários, oportunista aos que querem aproveitar para demonstrar algum descontentamento, e eleitoreira para aqueles que estão torcendo por uma derrocada do governo em outubro.
Pode-se até chamar a isso de consciência política e cidadã, mas cada um defende o seu interesse. Há quem torça contra com medo que o Brasil ganhe o hexa e isso acabe ajudando na reeleição de Dilma. Ora, mas aí é outra história! Sabe-se lá até que ponto um torneio de futebol pode interferir numa eleição!

Será que a conquista do tetracampeonato em 1994 contribuiu para a eleição de Fernando Henrique Cardoso naquele ano? E o penta em 2002 teria contribuído para a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva quando FHC ainda era presidente, encerrava um mandato de oito anos e defendia um candidato tucano?

Sendo assim, os contra acabarão sendo engolidos pela paixão que o brasileiro tem pelo futebol e pela seleção. Coisa que, aliás, já está acontecendo. Quem viver verá…

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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