A última gargalhada é a que prevalece

“Eu queria desejar e dirigir um especial cumprimento às mulheres aqui da frente que hoje animam, sem dúvida, esse comício”, disse a ministra no discurso  (SIC). Averiguando esta declaração da Dilma Roussef, percebemos que todas as pessoas se voltaram à análise da palavra “comício”, o que se torna banal, visto que todo político sempre está, consciente ou de forma inconsciente , fazendo comícios, logo após as eleições acontecerem, pois isto é o que caracteriza o político profissional, seja em  praça pública, ao tomar um suco, nas micaretas e bailes de carnaval, tanto quanto na abertura de projetos como o bolsa-escola, família, PAC, casas populares , em nome do povo, como também das sucessões que os mesmos desejam, a exemplo Lula e a seguidora-sucessora Dilma.

Em contrapartida, o que me chama, no mínimo, a atenção é o fato de Dilma achar , saudar, que as mulheres presentes no “comício” servem , somente para “alegrar”. Fiquei meio indignado ao ver pela Globo News, depois ao ler , aqui no Jornal da Cidade,  a declaração enviada, comprovando um discurso machista, posto que , seja em comício, em empresas, em casa, a presença das mulheres não mais pode ser interpretada como uma figura de alegoria ou semelhante ao abajur posto na sala para “enfeitar”. A gafe da mesma está neste ponto, ao passo em que nos indagamos se os votos das mulheres serão votos conscientes ou, de maneira trivial, “alegres”. Voltamos , mais uma vez à palavra, depois de discutir o assunto com os meus colaboradores, de como a mesma é capaz de evidenciar o que, muitas vezes, as pessoas não desejariam que as outras percebessem. Em sala de aula no Curso de Direito, na Engenharia, na pedagogia, na Faculdade Pio Décimo,  no Sala 1, no Prime, no Nobel, Ofenísia, Líder e por esta seqüência vamos, abordamos, sem cansaço, a vitória conquistada pelo sexo feminino. As mulheres romperam a barreira de serem codinominadas de parte da costela de Adão – de mulheres amaldiçoadas, que fazem a cabeça dos homens,  a conceitos mais significantes , a exemplo, as pessoas responsáveis pelo alicerce da casa, pela educação do filhos, sem ignorar a presença e contribuição masculina. É  difícil, desculpe-me a Ministra, deixar escapar uma frase como essa, sem realmente pensar o que foi dito. Lastimável, lamentável.

Pontuar as mulheres como seres alegres (ui, ui), é dizer que a presença dos sem-terra em comícios serve para preencher, e não para reivindicar, que as cotas para negros servem para diferenciar, e não para  o exercício do resgate e da cidadania. É versar as mulheres como sendo seres dotados de emoção, dita vaga,  tirando-lhes a razão, quando, sabemos, as mulheres serem preenchidas por capacidades múltiplas que devem ser respeitadas na sociedade presente. Vamos, então, a partir do exemplo da Ministra,  chamar de alegre, a seriedade encarada por mulheres como Condolissa Rice, Oprah Winfrey, Hillary Clinton, Tânia Soares, Ilma Fontes, Ofenísia Freire, Lígia Sales, Lenalda Dias, Gilka Ventura (minha mãe, política na Bahia), Aglaé Fontes, Heloísa Galdino, Rosângela Dória, Dona Mariah, Rosalgina Libório, Elen Gracie,  e tantas outras, ou poderíamos, em um contexto diferenciador, dizer que as mulheres no showmício estavam presentes, para ver pessoas “alegres” que ficam sempre nos picadeiros? Muitas vezes, rimos, sim, da ignorância deles. O povo falha, mas não é sem cérebro e, Ministra, mulheres são maioria, que alegres ou não, elegem.

Professor Dênison Ventura Kascho de Sant’Ana – professor de Língua Portuguesa e Redação, cronista da Infonet, Árcade Honorário, Coordenador do Núcleo de Língua Portuguesa da Faculdade Pio Décimo, apresentador da TV CAJU , doutorando em Educação.

Professora Lenalda Dias –  Conselheira do Fundeb, Diretora Acadêmica Da Faculdade Pio Décimo, ex-secretária adjunta de Estado da Educação, Mestra e doutoranda em Educação.

Professora Josevânia Teixeira Guedes – Professora de Tecnologia Educacional da Faculdade Pio Décimo, Coordenadora do PROUNI, doutoranda em Educação

Professor José Sebastião dos Santos Filho –  Coordenador de Psicologia da Faculdade Pio Décimo, doutorando em Educação .

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais