Alimentando serpentes

Em meio aos  freqüentes turbilhões vergonhosos que  acometem  a política-LHA brasileira, quando pensamos estar próximos a uma nova realidade perante o que consideramos como correto, outro fator vem à tona por intermédio do absurdo presenciado com o garoto João Hélio, vítima  do desencadeamento social pelo qual passa o povo = ser humano brasileiro.

Não é de agora que a sociedade, representada por cada um de nós, pessoas ávidas por serem realmente chamadas de cidadãs, no campo verídico da palavra, clama para que determinadas  atitudes da Justiça sejam estabelecidas com mais vigor. Deparamo-nos com fatos locais, não precisamos exemplificar com o Rio de janeiro,  ocorridos com crueldade  contra o Procurador  Federal por um bando de marginais sociabilizados, tanto quanto por fatos escabrosos  executados pelos Guilhermes de Pádua e Suzannes, nos quais a polícia, enquanto instituição responsável por caçá-los, cumpre o papel dela, contrapondo-se o mesmo à flexibilidade da justiça brasileira, que providencia a liberação de pessoas para que esperem o processo em liberdade ou mandam para as  instituições federais,  que dizem recuperar pessoas que não se apiedaram das vidas alheias antes de exterminá-las, quando, de maneira irrevogável, as mesmas, assassinas, já se colocaram como réus confessos. A pergunta que não quer calar é: qual o motivo de flexibilidade com os menores – marginais + assassinos tanto quanto dos habeas-corpus  postos em prática?

Vejam que o momento pelo qual passamos torna-se bastante visível, pois na estrutura de um país caracterizado por ausência de informação qualificada, negligência ao processo educacional por parte dos governos , incapacidade dos pais para administrar a vida dos filhos e maleabilidade dos órgãos competentes para fazer uma sociedade melhor, por que não dizer mais controlada perante as possibilidades de punição, todos esses fatores, inexoravelmente, estão fazendo eclodir uma série de conseqüências que não se traduz em aspecto positivo para o próprio meio.

Certa feita conversava com alguns alunos a respeito da necessidade que os mesmos possuem no quesito auto=afirmação, que se constrói através  de determinados componentes: músculos precocemente desenvolvidos, cerveja em punho, cigarro no dedo, maconha no bolso, dinheiro advindo dos pais em posse e pouco senso para com as responsabilidades que advêm desta liberdade tão desejada, pos to que munidos  desses alicerces vão às festas com o intuito de entreter-se, mas, dificilmente, caso ocorra uma tensão na relação com um adolescente de um grupo desconhecido, tentarão solucionar o problema baseando-se na conversa, na comunicação, elemento mais importante para demonstrar a presença do homo sapiens sapiens  no planeta. Ao invés de se interagir, usando a palavra, brigam, agridem. E para a surpresa, minha, após a de vocês, toda a arrogância de comportamento surge dos pais que passam direta ou indiretamente  a idéia de que homem que deseja sê-lo, no sentido mais retrógrado da palavra, não leva desaforo para casa . Complementando-se ao que percebem em casa, ambos os sexos, extensão dos direitos femininos, alicerçam-se na pulha justiça: sabem que são menores, que não possuem passagem na polícia  e que a família, que pensa ser sempre o filho do vizinho a má companhia, com certeza, vai socorrê-los com o advogado. Pronto: toda a capacidade de agressão social abalizada pelo grupo mais importante da sociedade, a família, como também pela morosidade da justiça em fazer-se presente para manter o contexto baseado na ordem.

É pertinente  averiguar que por conta desses fatores é que surgem os exemplos negativos como a terrível  Suzane Von Richtoffen. Entretanto, não nos enganemos, pois existem, com certeza, milhares de famílias, no país e fora dele, passando por situações absurdas que envolvem moças e rapazes que desejam, por enquanto, agredir verbalmente os pais, pelo simples fato de uma dívida simbólica: são eles os responsáveis pela presença desses predadores no mundo. Só por isto. Se não fosse a dívida  eterna da fecundação, aliada ao ato de gerar e parir, vários matricídios seriam cometidos em relação àqueles, que por quererem o melhor, na concepção de filhos psicopatas, deveriam ser exterminados. Estes pontos servem Para que os pais voltem, de maneira urgente, a reavaliar os filhos que produzem em casa, posto que nem sempre os rebentos que arrebentam são criados à imagem e semelhança do que lhes foi ensinado. Infelizmente, filhos passam à categoria de estranhos. Parem-se, alimentam-se, educam-se os mesmos, mas nem sempre se conhece o produto interno, que pode ter uma casca polida por fora e um conjunto de transgressões e consciência perturbados por dentro , pois são capazes de guardar dentro de um urso de pelúcia, em casa, ação de Suzanne, um revólver carregado e mais estoque de 200 balas, para que e para quem?

A atitude por parte da justiça brasileira em  pensar em soltar “isso” , não há adjetivo humano     para qualificá-la  frente à atitude de permitir e tramar intelectualmente a morte dos pais a pauladas, enquanto esperava  na sala e pós uma semana  festejava em um churrasco, perpetra em cada pré e adolescente a certeza da impunidade e vergonha que caracterizam a inoperância neste país. Se suzanne, mantenhamos o S em forma minúscula para este ser vil , foi  e o é protegida por fortes advogados por matar os pais, a imagem dela mesma, por que outros seriam presos por matar um “viado”, socar uma “sapatão”, agredir um negro, fazer a piada com a gorda , diminuir quem mora em bairros não elitizados ou queimar um mendigo? É preciso educar as crianças de agora para que não seja necessário punir os homens e soltá-los por falta de competência da justiça em ser coerente amanhã. Que se extingam os atos truculentos e se repagine o que se diz maior idade penal. Se o jovem já faz sexo, se já vota, se já tem  noção de como matar de maneira truculenta garotos indefesos, arrastando-os por 7 bairros, que se faça a análise para as atitudes praticadas pelos mesmos. João Hélio, esqueça tudo, siga em frente , busque a luz e paz. Até a próxima.

Dênison Ventura Sant’Ana – professor de Língua portuguesa e redação, coordenador de pós Graduação na Faculdade Pio Décimo, apresentador dos Programas Tire Sua Dúvida e Educação Contemporânea – TV ALESE – NET – cronista da Infonet.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.

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