Garantia de emprego no serviço público

Eu, durante 33 anos, fui empregado. Em empresas públicas e privadas trabalhei, por conseguinte, eu posso dizer, com a certeza da concordância de todos aqueles que nunca dependeram de um político para arranjar um emprego, que a pior coisa para o bom empregado é a garantia de emprego. Ela só é desejada por aqueles que tem na ociosidade a sua forma de trabalho.

 

Sem regulamentação desde a promulgação da Constituição de 1998, o servidor público vem usando a greve para reivindicar algo do governo. Por que até hoje, o direito de greve do servidor público não foi regulamentado? Grande parte desta falta de regulamentação deve-se aos partidos que fazem parte da coligação que elegeu o atual presidente da República.

 

Neste início de ano, um grande número das categorias de servidores públicos, com a certeza de não serem demitidos nem terem os dias descontados pela falta desta regulamentação, usaram, mais uma vez, as greves para reivindicar aumento de salários e outras vantagens. Isto tudo fez com que o governo de hoje, que ontem sempre apoiou as greves dos servidores públicos, tornou público que prepara restrições a estas greves.

 

Alegam os defensores da garantia de emprego dos servidores públicos, que só assim estariam eles defendidos das ações políticas. Mas, pergunta-se: Quem no serviço público indica e nomeia sem concurso público? Não são os políticos? Aqueles que ingressam no serviço público através de concurso e que cumprem profissionalmente suas funções não têm o que temer. Para estes, a estabilidade coloca, lado a lado, com a mesma garantia, ele que trabalha com aquele indicado por um político, que só faz é ver a vida passar.

 

Por que as categorias de servidores públicos, antes de declararem suas greves não procuram questionar, a nós trabalhadores do campo, do comércio, da indústria, dos transportes e demais áreas de serviço, necessitados da prestação dos serviços públicos, que deveriam ser prestados pelos funcionários públicos em greve, se somos contra ou a favor da greve?

 

A idéia do governo é restringir o direito à greve para a maioria das categorias do funcionalismo e até, em algumas áreas como os policiais federais, os professores e os médicos, proibir totalmente as paralisações.

 

Ante a dúvida do ouvinte a respeito do real propósito do Palácio do Planalto de enfrentar o descontentamento dos seus correligionários, a resposta do expositor das novas intenções é assertiva quanto à noção de que, ou o governo organiza suas relações com os grupos de pressão, ou acabará sendo vítima deles.

 

Para os funcionários públicos, que tiveram um peso significativo na eleição do Presidente Lula, será mais uma decepção, mas para a maioria dos brasileiros haverá o benefício resultante aos reclamos pelo prejuízo causado nos serviços públicos pelas greves dos funcionários públicos.

 

Edmir Pelli é aposentado da Eletrosul e articulista desde 2000
edmir@infonet.com.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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