Incontinência urinária de esforço e prolapso genital; curiosidades

De tudo, ao meu amor serei atento, Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento Quero vivê-lo em cada vão momento   E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure (Vinicius de Morais).

A associação entre o prolapso genital e a incontinência urinária de esforço se constitui em uma das patologias ginecológicas com maior número de repercussões clínicas e sociais no dia a dia das mulheres de nosso século. Por causa disso o início de um tratamento adequado é sempre fundamentado em uma anamnese rica em detalhes e em um exame ginecológico baseado numa adequada distinção entre as várias causas de incontinência urinária.

Na anamnese serão interrogados os sintomas, o tempo de aparecimento, fatores de melhora e piora, antecedentes pessoais e familiares, antecedentes menstruais e obstétricos, questões que associadas ao exame físico determinarão a melhor conduta.

Principais sintomas referidos em pacientes portadoras de incontinência urinária:

Incontinência urinária de esforço por hipermobilidade do colo vesical

• Perda da urina aos médios esforços como: tossir, espirrar,rir.

• Estudo urodinâmico – pressão abdominal de perda ao esforço maior que 90 cm de água.

Lesão esfincteriana uretral

• Perda de urina aos pequenos esforços: correr, andar,levantar.

• Estudo urodinâmico – pressão abdominal de perda ao esforço menor que 60 cm de água.

Bexiga hiperativa

• Urgência miccional: vontade incontrolável e exagerada de urinar;

• Urgência associada à perda de urina;

• Aumento da frequência (intervalo menor que 2 horas);

• Dor à repleção vesical;

• Acordar duas ou mais vezes por noite para urinar;

• Estudo urodinâmico: presença de contrações involuntárias do músculo da bexiga urinária.

Incontinência urinária mista

• Associação entre a incontinência urinária de esforço e a bexiga hiperativa.

Podemos definir incontinência urinária como a queixa de qualquer perda involuntária de urina. A incontinência urinária de esforço, por sua vez, é definida como a perda de urina involuntária durante o esforço físico, exercício, espirro ou tosse.

A incontinência urinária de esforço pode ter várias causas, sendo o suporte inadequado da uretra e/ou a função inadequada da musculatura pélvica, os fatores mais comuns.

Essas alterações podem ocorrer em consequência a traumatismos focais das fibras musculares, ou por lesões às fibras nervosas, determinando a perda do controle neuronal e a atrofia da musculatura. A reabilitação do assoalho pélvico por fisioterapia visa melhorar a função dessa musculatura e proporcionar o aumento da pressão de fechamento uretral – podendo ocorrer uma melhora em 70% dos casos

Desse modo, é indicado o tratamento com fisioterapia do assoalho pélvico por três meses, quando o ginecologista deve reavaliar a paciente.

As pacientes que continuam incontinentes ou insatisfeitas devem ser encaminhadas ao estudo urodinâmico para confirmação do diagnóstico de incontinência urinária de esforço. O tratamento mais indicado para a incontinência urinária de esforço é a correção cirúrgica.

Infelizmente em todas as técnicas cirúrgicas descritas ou praticadas, os índices de falhas ou recorrências variam de 5 a 65%.

Atualmente, as inúmeras técnicas de correção cirúrgica diferem apenas em três pontos básicos:

-tipo de material utilizado, que pode ser biológico (autólogo ou heterólogo) ou sintético;

-vias de acesso (combinada ou vaginal);

-e o tipo de fixação (pubovaginal ou transobturador).

Define-se prolapso genital como deslocamento, parcial ou total, de um ou mais órgãos da sua localização habitual, abrangendo por sua vez o deslocamento das paredes vaginais ou do útero.

Possivelmente 10% a 15% de todos os procedimentos cirúrgicos ginecológicos visam à terapêutica do prolapso genital.

Em nosso meio, o ápice de incidência ocorre entre 60 e 69 anos de idade, havendo correlação da piora do prolapso com o aumento da idade. Alguns estudos indicam que o risco de prolapso genital dobra a cada década de vida. A incidência de cirurgia para prolapso é de 0,1 % até os 20 anos, aumentando para 11,1% até os 70 anos.

A incidência de recidiva do prolapso genital é de 2 a 45% dos casos após as técnicas tradicionais de correção dos prolapsos (reparo paravaginal, sacrocolpofixação).

A fáscia endopélvica faz parte do aparelho de suspensão do assoalho pélvico e oferece suporte ao mesmo por meio de ligamentos e fáscias que são constituídos por fibras de colágeno interligadas com elastina, células musculares lisas e estruturas vasculares.

Os ligamentos têm, portanto, função simultânea de conduto neurovascular e estrutura de suporte.

Os números são muito dispares, ou seja a prevalência do prolapso vaginal varia de 0,5 a 45%.

Com a inversão da parede vaginal, essas mulheres experimentam grande desconforto para caminhar ou sentar, obstipação intestinal, incontinência urinária, ulcerações vaginais, infecções recorrentes do trato urinário e dificuldade ao coito.

Para melhor compreensão das distopias genitais podemos dividir as estruturas que sustentam a vagina em três áreas, que correspondem a três diferentes grupos de estruturas de suporte:

Primeira Área – sustenta o útero e o terço superior da vagina;

formado pelas fibras do complexo útero-sacro-cardinal–paramétrio e pelas fibras superiores do paracolpos.

Lesões desse nível determinam prolapso uterino ou de cúpula vaginal nas mulheres histerectomizadas.

Segunda Área – sustenta o terço médio da vagina;

Formado pelas fibras do paracolpos, que ligam a vagina à parede pélvica.

As lesões determinam deslocamento das paredes vaginais anterior e/ou posterior.

Terceira Área – compreende a fusão da vagina com as estruturas adjacentes – o músculo elevador do ânus lateralmente, o corpo perineal posteriormente e a uretra anteriormente.

As lesões desse nível determinam hipermobilidade uretral e/ou incontinência urinária.

Desse modo, a vagina é como um marco da divisão da pelve em três compartimentos – apical, anterior e posterior -que podem prolapsar em três áreas. Portanto, de acordo com o compartimento e a área atingida, obteremos um tipo específico de prolapso.

Os prolapsos genitais são semelhantes a hérnias, pois se trata de soluções de continuidade do tecido conjuntivo de suporte que levam ao deslocamento dos órgãos pélvicos.

Atualmente, devido ao sucesso da correção das hérnias abdominais com telas sintéticas, o seu uso começou a se difundir na cirurgia vaginal como uma das grandes tendências. O uso de implantes na cirurgia reconstrutora pélvica baseia-se na premissa de que as distopias são consequências do enfraquecimento

dos tecidos naturais. Então hoje em dia utiliza-se biomaterial na substituição dos tecidos naturais ( biomaterial é qualquer material, natural ou sintético, que complementa ou substitui uma estrutura viva em suas funções fisiológicas).

A correção do prolapso genital usando-se tela sintética de polipropileno é uma técnica para correção dos defeitos do compartimento da primeira e da segunda área. A correção do prolapso genital é complexa e torna-se sempre um grande e intrigante desafio para o cirurgião.

A satisfação da paciente é o ápice do sucesso cirúrgico; assim todos os aspectos da fisiopatologia do prolapso e o estilo de vida das pacientes devem ser respeitados.

Desse modo, para a correção dos prolapsos de parede vaginal anterior ou posterior são utilizados materiais constituídos de rede de polipropileno,

com objetivo de obtermos melhor sucesso cirúrgico, diminuindo os riscos de recidivas do prolapso, que pode ocorrer ao longo dos anos pelo enfraquecimento natural dos tecidos humanos.

Uma Boa Semana..Paz, Saúde e Harmonia..

Deus Sempre no Comando…

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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