Oxe, palavra nordestina abreviante do Oxente e nome do restaurante de Maceió (AL), que traz um misto de aconchego e simpatia, com sabor e afetividade no cardápio. Capitaneado pelo chef Rodrigo Aragão, o Oxe Comidas Nordestinas Maceió traz no cardápio ingredientes do mar e do sertão de Alagoas, em uníssona combinação afetiva de família. Diferente dos demais, a variação do cardápio mostra a versatilidade do chef promovendo aos que lá procuram literalmente o pecado da gula.
Às boas-vindas são dadas pelo tio do chef Rodrigo Aragão, João Maria, que logo faz as honras da casa para mostrar sua arte nas paredes em pinturas de vasos de barros, mandalas e quadros. O ambiente ornado também com arte alagoana e signos nordestinos fica completo com um quadro feito com bonecos que contam a história da família Aragão, quando partiu de Mossoró (RN) para Maceió em busca de uma melhor vida, capitaneada pela matriarca Alice, conhecida como Dona Lili.
Com a expertise de ter passado por renomados restaurantes de São Paulo, aliado à vontade de socializar para um grande público a sua arte de promover um inigualável sabor, Rodrigo Aragão surpreende. De entrada, não titubeia em preparar um Carpaccio de Charque, com a carne artesanalmente curada por ele, acompanhada de picles de maxixe, queijo parmesão e de fatias de torradas de pão de cacau.
Os bolinhos do Oxe Maceió são também os mais pedidos com uma “brecha” gelada, a exemplo dos bolinhos de tapioca com acompanhamento de mel de engenho, do tradicional bolinho de porco com catchup de goiaba e picles de maxixe e do Macaquinho, um bolinho de feião verde amassado com banana da terra e cheiro verde. Mais arretado ainda quando se percebe o custo/benefício, R$ 14, R$16 e R$ 14, respectivamente arretado de bom.
Dos mares alagoanos, o polvo; do sertão, a rapadura. E dessa combinação quase perfeita entre o salgado e agridoce, nasceu das mãos do chefe o Polvo do Engenho. O polvo bem macio gratinado é apresentado embebecido com glaceado de rapadura, acompanhado com verduras cozidas no próprio caldo do molusco. Também acompanham batatas doces e picles de maxixe e quiabo, com um breve molho pesto.
Curiosidade da casa
Língua da Nide no cardápio? Mas que prato é esse? Pergunto o porquê de o prato levar o nome da jornalista Nide Lins, especialista em gastronomia popular alagoana. O chef Rodrigo conta que a jornalista o procurou para fazer uma matéria e ele ofereceu um simbólico sanduiche de língua bovina. Como a jornalista estava evitando comer pão, pediu para trocá-lo por cuscuz. E assim feito, não teve como não acrescentar o prato no cardápio.
A carne de língua bovina generosamente macia é cozida e depois curada para acompanhar a farofa de cuscuz de milho com uma saladinha de feijão verde, cheiro verde, tomate e a crocância do milho torrado no mel e mostarda. Acompanha uma redução do próprio caldo da carne.
Desvendada a curiosidade do cardápio, resta provar e aprovar, já que também a especialidade foi publicizada nacionalmente pelo apresentador Zeca Camargo, ao convidar o Rodrigo Aragão para prepará-lo no programa da Rede Globo, “É de Casa”.
Oxe, nem pense em finalizar. De sobremesa, pense que a cartola feita com banana gratinada com capa de queijo coalho tostado, ganhou o mel de engenho, a farofa de coco e o sorvete de tapioca. ‘É uma combinação perfeita do quente com o frio”, define Rodrigo. Ai sim, é finalizar com um saboroso gosto de “Quero mais”.
Dicas de viagem
O Oxe Maceió – Comidas Nordestinas funciona na rua Dr. Augusto Cardoso, 172 B – Jatiúca, Maceió – AL, todos os dias, das 12h às 15h; das 17h30 às 22h, com exceção da terça-feira. Também está presente nas plataformas de delivery.
A Língua da Nide apaixonou o apresentador Zeca Camargo em visita a Maceió (AL), e que, por consequência, convidou o chef Rodrigo Aragão para apresentá-la em rede nacional no programa É de Casa.
Maceió tem se apresentado como uma capital gastronômica sem igual com o aporte de bons restaurantes especializados. Das mãos dos chefes e cozinheiros, do generoso mar e de bons empreendimentos, a capital se transforma em atrativo que vai mais além do que seu litoral.
Vale a pena o custo/ benefício dos pratos que variam entre R$ 14 até R$ 40. Também serve sanduiches com toques mais contemporâneos, tapiocas, além de pratos mais completos.
*Convite feito pela jornalista e especialista em gastronomia alagoana Nide Lins.
Fotos: Silvio Oliveira. Siga o Instagram @silviotonomundo
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