Maus: o holocausto através dos quadrinhos

Caroline de Alencar Barbosa

Graduanda em História na Universidade Federal de Sergipe
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS)
Bolsista PICVOL do projeto “Aracaju em tempos de conflito: Estudos dos espaços de lazer na Segunda Guerra” apoiado pelo Cnpq e pela /POSGRAP/COPES/UFS
Apoio dos projetos Memórias da Segunda Guerra em Sergipe (Pronem, FAPITEC/CNPq) e Quando a Guerra chegou ao Brasil: a submarinos e memórias mares de Sergipe e Bahia (1942-1945), (Edital Universal 2014/CNPq).
e-mail: caroline@getempo.org
Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard

O holocausto, extermínio de milhares de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, é uma temática que já foi apresentada através de filmes, documentários e livros. Nesse cenário de novas abordagens surgiu “Maus a história de um sobrevivente”, de Art Spielgman, que conta a história do seu pai Vladek Spielgman, judeu que sobreviveu ao holocausto. A obra foi publicada em duas partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991.

Através da perspectiva dos quadrinhos, Spielgman retratou de forma original todo um contexto nazista, trazendo à tona um debate acerca da possibilidade de se produzir conhecimento através dessa forma de literatura.

Amparado nas fábulas, Spielgman retrata os judeus como ratos e os alemães como gatos; outras nacionalidades são representadas nas formas de porcos, gatos e cães.

Em Maus conhecemos a história de Vladek, que recontando sua trajetória de vida ao filho Artie, autor da obra, apresenta os traumas vividos a partir da perseguição aos judeus refazendo um caminho através da memória contando como conheceu sua esposa Anja, mãe de Vladek, o momento que se casaram e como viviam antes da guerra alcançar a Polônia.

Com o decorrer desses encontros a história se apresenta na primeira parte intitulada de “Meu pai sangra história” e podemos, junto com Artie, conhecer os horrores dos primeiros contatos do pai com a perseguição aos judeus, as humilhações e desaparecimentos dos mesmos.

Acompanhamos a sua convocação para lutar contra os alemães, sendo feito prisioneiro de guerra. É a partir da prisão que ele vivencia a separação no próprio cárcere entre judeus e poloneses.

Ao sair da prisão, Vladek toma conhecimento dos assassinatos em todo território do Reich de mais de 600 judeus, até aquele momento, e da divisão da Alemanha em duas partes, uma controlada pelos alemães conhecida como Protetorado e o Reich anexado a Alemanha. Ele então passa a sair de casa disfarçado de polonês e vendo que seus negócios foram tomados pelos alemães passa a negociar na clandestinidade a fim de conseguir sustentar sua família diante das privações as quais os judeus foram submetidos.

Quando o cerco começou a se fechar, nem as crianças foram poupadas e a irmã de Anja que aparentemente estava em um gueto seguro, ao ver que a perseguição chegara onde ela se encontrava, matou as três crianças com quem estava, incluindo o filho de Vladek, Richieu, e em seguida se matou. O extermínio dos judeus chegava ao extremo e qualquer um era pego.

O ponto alto da obra de Spielgman se concentra na parte II, denominada de “E aqui meus problemas começam”, onde Vladek conta a história de Auschwitz a partir de suas próprias memórias adquiridas no tempo que passou confinado no campo de concentração em meio ao medo constante da morte, aos rumores das temidas câmaras de gás e às agressões por parte dos alemães.

De forma inovadora a história do Holocausto é contada através de uma perspectiva pouco utilizada, retratando em suas páginas uma realidade muito próxima de todos nós e mostrando as experiências que não foram vividas somente por Vladek, mas por milhares de judeus que perderam suas vidas. Aqueles que chegaram a sobreviver ficaram com sequelas irreparáveis.

Utilizando a delicadeza da arte para dar voz aos perseguidos, Maus se constitui como uma obra singular. A obra de Artie Spielgman foi de tamanha originalidade que recebeu o prêmio americano Pulitzer em 1992 por sua excelência ao retratar o antissemitismo durante a Segunda Guerra Mundial. Leitura recomendada tanto aos que gostam de História quanto aos fãs de quadrinhos.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais