MÉDICOS NO GOVERNO

George Caldas, Roberto Gurgel e Jorge Viana, da SOMESE para o Governo.
          O tema chamou a atenção do experiente jornalista Ivan Valença, sempre bem informado e em dia com a notícia. Os médicos estão de volta ao comando dos órgãos ligados à saúde. No governo de João, entre outros, tivemos um advogado e um economista na Secretaria da Saúde, um jornalista no Hemolacen e um engenheiro na IPES. Isso sem contar com a invasão das enfermeiras nos postos de gestão das unidades de saúde, fato que vinha ocorrendo há alguns anos.

          Não sou contra a presença de profissionais não médicos no comando desses órgãos. Ao contrário, considero que um indivíduo de qualquer profissão, desde que com graduação superior, pode assumir com propriedade a difícil e desgastante tarefa de comandar um órgão público. Naturalmente que outros fatores são mais importantes: formação intelectual, moral, probidade, engajamento pleno e responsabilidade com a coisa pública. A lei que pretende regulamentar o ato médico, em tramitação no Congresso Nacional, prevê como não privativo do médico a chefia de órgãos administrativos no âmbito da saúde. Portanto, vou deixar bem claro que não defendo qualquer forma de corporativismo quando o tema desbanca para o que se pretende chamar de reserva de mercado.

          Quero apenas comentar o fato. O novo Secretário de Estado da Saúde volta a ser um médico, o Dr.Rogério Carvalho, com boa experiência como gestor e que no comando da Secretaria Municipal da Saúde, realizou um profícuo trabalho. Quem perde, pelo menos por enquanto, é o poder legislativo estadual, sem a presença do jovem e combativo deputado recém-eleito com expressiva votação.

         Também a Secretaria de Estado da Administração volta a ter no seu comando um médico, o Dr. Jorge Alberto Teles Prado, isso porque antes dele Marcos Prado e Ivan Paixão comandaram a pasta nos governos de João/Albano/João. Filiado ao PMDB, teve atuação destacada na Câmara Federal como vice-líder do partido, principalmente no primeiro mandato e liderou o processo que culminou com o apoio da sigla à candidatura Marcela Deda.

         Roberto Gurgel, atual presidente da Sociedade Médica de Sergipe, consolida a sua liderança assumindo o comando do Hemolacen, fusão do IPH com o Hemose, numa ação meio estabanada do governo anterior. Numa das diretorias desse órgão, foi empossado  o Dr.Sérvulo Sampaio Nunes, que ao que tudo indica deverá restabelecer a independencia do IPH e com isso passar a ter o status de presidente. A Maternidade Ildete Falcão Baptista será comandada pelo médico George Caldas. O Dr.Jorge Viana, atual presidente da UNICRED Aracaju, foi empossado na Diretoria de Assistencia do IPES e finalmente o Hospital Governador João Alves Filho que fica sob o comando de Josias Dantas Passos.

Vale ressaltar que esses profissionais na sua maioria estão ligados por um órgão de classe, a Sociedade Médica de Sergipe, uma vez que quase todos fazem parte de sua atual diretoria. Não restam dúvidas que a presença de dirigentes da SOMESE de forma consistente na nova administração de Deda, além de representar compromissos de campanha pelas posições assumidas na campanha eleitoral, partidárias ou não, traduzem também o prestígio indiscutível da entidade, que neste ano comemora seu 70º aniversário de fundação. O grande desafio, entretanto, é continuar defendendo os interesses da categoria médica, para os quais foram eleitos, sem entrar em rota de colisão com as novas atribuições e desafios inerentes aos cargos que assumem por indicações. Historicamente temos tido experiências desfavoráveis com esta dupla militância. Não que elas sejam incompatíveis para uma harmônica convivência. Não. Com o diálogo franco, sem subterfúgios de interesses escusos ou projetos pessoais, o momento pode conter uma expectativa favorável pelo que conhecemos desses profissionais.

         Quem fugiu à regra foi o IPES, que manteve a tradição dos últimos anos, recebendo no seu comando  um profissional não oriundo da área da saúde, um jovem e inteligente analista de sistemas com pós-graduação em gestão de pessoas, mas já com algum tipo de experiência em operadoras de saúde.

De qualquer sorte, todos eles têm pleno conhecimento de suas áreas, o que pode vir a facilitar o trabalho. Agora só resta aguardar os desdobramentos e os primeiros passos desses novos dirigentes, torcendo para que desempenhem bem suas tarefas e que não desperdicem essa grande oportunidade.

         Ah! Ia esquecendo de Antonio Samarone, médico que assumiu a SMTT da Prefeitura de Aracaju, no lugar de um psicólogo, Bosco Mendonça, credor de uma  profícua administração, primeiro pela sua competência, seriedade e preparo, depois porque deixaram ele trabalhar, sem atrapalhar e em tempo suficiente para empreender todas as suas tarefas. Samarone tomou posse por indicação pessoal do Prefeito Edvaldo Nogueira,  o que vai facilitar muito o seu trabalho numa instituição onde os conflitos e interesses são intangíveis.

 

 

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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