Mulheres “malajambradas”

Mulheres “malajambradas”

 

 

Na verdade comecei a observar como andam as mulheres sergipanas, como se vestem, como falam. De início, pude perceber que são todas muito presumíveis, muito comuns.

Quando alguma ousa com um decote, num salão de festas, as pessoas estranham, as mulheres falam mal e acham que estas não podem ser levadas a sério. Contratei duas recepcionistas para um evento chiquérrimo e pedi que elas colocassem um decote, aquele de parar o trânsito, e foram a sensação da festa. Mas para minha surpresa, a dona da festa disse que elas estavam horrorosas, que pareciam meninas fáceis, e que todo mundo só olhava para elas.  – Que nada!, pensei. Elas estavam deslumbrantes. Roubaram a cena. Aqui, em Sergipe, quando uma mulher ousa, ou mesmo cria uma indumentária, parece que inventou a pólvora. Nos casamentos, em geral, raras são as que abusam da sensualidade e da elegância. Todas parecem vestidas no mesmo lugar, make-up no mesmo salão, maquiagem , nem se fala, com aquele medo de parecer que está  carregada, com aquelas nuances de cores tímidas, nada sobressalente, que percorra uma leitura estética, crie novas visões de como se maquiar, de como acontecer. E os homens? Todos, um horror! Puxam as suas mulheres pelas mãos, quase que arrastando-as e saindo do teatro a cena é dantesca: ele vai na frente, ela atrás, travada, e não quer cumprimentar os amigos, os conhecidos, porque está na companhia do love. E sempre com o cabelo preso ou solto sem aparamento nas pontas, poucas usam cabelos curtos, pintados com tons que fujam ao tradicional e eles, os homens, não abrem as portas dos carros, “jogam” as mulheres nas portas dos seus prédios. Raros saem para jantar, não fazem um carinho nelas, têm vergonha, e começam a gritar com elas dentro do carro, elas fazem aquele bico, não comentam a peça, o show, nem o casamento, nem a festa. Quase todas vestem jeans. Blusas gloriosas, nem pensar. E as que usam óculos, deformando todo o seu look, não procuram uma armação adequada para o rosto e aquelas que não sabem andar, arrastam os pés, parecendo que estão chutando uma lata.

Nos casamentos falta um chapéu para a noite, uma flor na lapela, um vestido com cores à la Demi Moore. Os homens, por sua vez, conseguem ser piores. São bregas, caipiras, falam alto, cospem pela janela do carro, não pedem por favor ao frentista, não têm mesmo savoir faire, falam ao celular sem parar quando  convidam para sair, não puxam um assunto, não assistem a um jornal, não lêem nenhuma revista, nada a comentar, nada.

O problema é que a mulher, sergipana, brasileira precisa se descobrir. Mostrar o seu potencial sedutor. As professoras da UFS, por exemplo, se vestem parecendo umas catadoras de trigo, e quando não, os professores, querem trabalhar de alpercatas e artistas – nem se fala! – querem estar no hall do teatro coçando os pés, com o tênis quebrado no calcanhar, cortando as unhas com unhex de quinta. A verdade é que na Universidade os professores perderam a elegância em se vestir, mesmo a área de direito que era bem mais chique – vivem uma crise de identidade, você não sabe se é Che Guevara, se é Ellen Gracie, o que é aquele terno que não troca a gravata.

Quando falo em sedução da mulher, falo em exploração da sua feminilidade, da sua grandeza como beleza única, da sua performance. Tem senhoras de mais de 60(nada contra!) que querem se vestir como cocotinhas, malhas mostrando a barriga, os braços soltos e lânguidos e com o celular pendurados na cintura, pochetes na cintura e a chave do carro balançando na mão(que é ó do bobó). E agora, até as adolescentes lindas, quando saem do colégio, colocam os cadernos para esconder os seios, têm medo de colocar um acessório colorido, não conversam com as amigas sobre menstruação, paixão, cólicas e mudanças no corpo. A mulher não está educada para se descobrir, para ver o que combina com ela ou não, inventar uma roupa, um scharpe, um lenço amarrado no pescoço, uma tatuagem, um piercing, um brinco de argola, um colar, um anel no dedo mindinho, um celular fechoso de cor rosa choque, a metade do cabelo pintado de vermelho. Quem sabe, explorando esta feminilidade gloriosa, de um salto, ausência de camisas herings coloridas, e um batom lilás, a mulher não descubra a delícia de se sentir sedutora de si mesmo, estética do seu tempo, com toda magia e poesia.

Homens são passos. Mulheres são perfumes – já dizia o poeta. Homens são quase cavalos, têm medo de mulheres sensuais, sedutoras, tatuadas, gloriosas pela sua própria feminilidade. Não incentivam a elas a explorarem a feminilidade como beleza, sem que necessariamente precisem ser modelos, nem anoréxicas, nem Ilzas Carlas.

A mulher brasileira precisa ir a um brechó, inventar novas formas de se apresentar, não ter medo de usar um tailleur, nem uma bolsa channel, nem um brinco h.stern. Não ter medo também de usar uma roupa artesanal, um colar de sementes de melancia, uma bandana na testa. A mulher precisa mandar estes machos catarem banana na feira, todos querem ser hoje, metrosexuais, Davids Beckham da vida, deixando suas mulheres espremidas em roupas sinistras, arrastando uma chinelinha, bem funcionário público com cara de quem comeu e não gostou, com medo, na verdade, da força da mulher: glória da beleza e da divinização da sensualidade, esquecidas por uma sociedade perversa que quer a mulher cada vez mais oprimida dentro de uma calça jeans das americanas.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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