Rio ingovernável – Araripe Coutinho

Rio Ingovernável

 

 

 

A polícia atira pra matar. Invade os morros querendo conter a guerra das facções do tráfico. O tráfico não é mais um problema da polícia apenas, é um tumor social, incurável. São mais de 600 favelas no Rio, pessoas alojadas no submundo do crime, com mão-de-obra baratíssima, escrava, trocada às vezes, por um cigarro de maconha.

Morreram mais de 20 pessoas nesta operação  na favela Pavão-Pavãozinho. Os civis, homens comuns trabalhadores vivem em meio a rajadas de metralhadoras, balas perdidas que, quase sempre, alcançam suas cabeças. Polícia não é para invadir espaço público atirando para todos os lados, porque quer combater o narcotráfico ou o que quer que seja. Se as gangues estão a se degladiar que se degladiem. Não cabe mais um estopim e oficial em meio à esta guerra atirando contra inocentes. O Rio de Janeiro é ingovernável, porque desde Brizola nunca mais teve Governo. O furo é mais embaixo.O buraco também. O novo governador tem obsessão por segurança pública. Mas não tem projetos sociais de grande alcance. Projetos sociais não chegam às favelas, crianças se dopam de crack, cheiram cola e se vendem por um baseado. A aula que o Governo dá, de mandar policiais despreparados sair atirando aleatoriamente para controlar a guerra do tráfico é uma brincadeira de mau gosto, um terrorismo velado. Outra gravidade é a quantidade de bar que vende cachaça pura nessas favelas. Adolescentes acordam já bebendo 21 para enfrentar a barbárie que o próprio Estado patrocinou durante todos estes anos de omissão. E a Igreja calou, sempre cúmplice. A polícia é tão incompetente e circense que foi à favela cumprir três mandados de prisão e matou  20 pessoas, entre supostos traficantes e inocentes. O Juca Bala, apontado como chefe do tráfico na Pavão-Pavãozinho fugiu. Um menor de 16 anos foi apreendido com uma arma Colt 45 das Forças Armadas. Polícia atirando para todos os lados, para conter um tráfico que está enraizado nas esferas do jogo do bicho, da elite dominante e até da própria polícia é brincadeira. O Governador do Rio, Sérgio Cabral acredita em milagre chamando as forças armadas, que não foram treinadas para lidar com civis. De novo o povo, pobre, negro, escravo  é quem vai pagar com vidas inocentes. Já imaginou quando os soldados cheios de hormônios e adrenalinas, começarem a atirar em Duque de Caxias, Jacarezinho, Bangu? Sérgio Cabral, com certeza, vai perder a chance de ser presidente. Sua única ambição. O tiro, como sempre, vai sair pela culatra.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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