A Associação de Artesãos de Santana do São Francisco estima que 70% dos santanenses trabalham, de certa forma, na cadeia produtiva do artesanato, desde a retirada do barro, do transporte, da manipulação, da queima, da pintura e da comercialização. São cerca de sete grandes ateliês e fabriquetas de artigos de barro, que fazem a economia e o turismo girar no pequeno município sergipano de pouco mais de 7 mil habitantes (IBGE 2020). Santana do São Francisco, a 120 km de Aracaju, cidade localizada no Baixo São Francisco, outrora chamada de Carrapicho, mantém viva oficio de retirar do bruto barro cru, a delicadeza de verdadeiras obras de arte. E essa é apenas um dos atrativos da cidade. Em plena região fluvial do belo rio São Francisco, Santana tem praias e ilhotas fluviais.
Em cada esquina são diversas as variedades de utensílios e de esculturas, expostas nas calçadas das casas, em processo de secagem ao sol. Em cada olaria ou ateliê, o artesão produz mais de 40 mil peças por mês, fazendo da cidade um verdadeiro centro de exposição e comercialização de peças figurativas, panelas de barro, potes, filtros de água e cerâmicas decorativas. Por conta dessa tradição, Santana do São Francisco tornou-se em 2022 a Capital do Artesanato de Barro, reconhecida por Lei nº 8.981/2022.
Por ficar às margens do rio São Francisco, a cidade também desponta como atrativo turístico para quem gosta de lazer em contato com a natureza. As canoas e as seculares lavadeiras conferem um desenho bucólico à beira-rio. Os cânticos são entoados e cada uma delas sabe uma lenda diferente sobre o Velho Chico. Como se pode perceber Santana do São Francisco é cultura, tradição e lazer.
No Centro Comercial de Artesanato, pertinho da orla da cidade, é onde se encontra a representatividade de vários artesãos. Ônibus de turismo chegam todos os dias para trazer visitantes ávidos pela compra da cerâmica.
Aproveite que está perto e conheça o Mirante de Santana está localizado num dos pontos mais altos da cidade em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora Santana e ao lado do Ateliê do artesão Capilé, um dos mais requisitados do Nordeste. Do mirante apreciamos as águas esverdeadas do rio São Francisco com suas ilhas fluviais. De onde pode-se reproduzir belíssimas fotografias. No mirante também está localizado o Centro de Atendimento ao Turista – CAT.
Pelas andanças do Imperador
Um dos passeios, é a denominada Rota do Imperador. A Sua Majestade, D. Pedro II, em seus registros, documentou sua viagem pelo rio São Francisco na metade do século XIX, passando por terras sergipanas, alagoanas e baianas. As curiosidades, as construções, as lendas e as histórias caíram no imaginário popular e hoje são ingredientes a mais para que turistas, curiosos e pesquisadores cada vez mais procurem as belezas do Baixo São Francisco.
Graças a esse misto de história e paisagem natural, Santana do São Francisco é o ponto de embarque para percorrer a Rota do Imperador, um dos principais passeios pelo Baixo São Francisco. O roteiro de cerca de três horas percorre ilhotas, passa por casarios históricos e embarca no atracadouro do município de Santana com o catamarã OlimpioTour.
Esse serviço que geralmente ocorre das sextas-feiras aos domingos, ou com agendamento, tem atraído visitantes para a região e olhares de investidores, que já começam a sinalizar a construção de pousadas e restaurantes. O passeio pelo Velho Chico margeia as cidades sergipanas de Santana do São Francisco e Neópolis até o belíssimo e histórico Morro do Aracaré, em seguida a embarcação cruza o rio em direção a Penedo (AL), onde é possível fazer uma breve parada para apreciação de igrejas e casario secular que compõe o belíssimo conjunto arquitetônico da cidade alagoana. Por fim a nau que conduz turistas pelo Rio da Integração Nacional aporta na Ilha do Imperador, onde é possível um refrescante mergulho nas aguas límpidas e esverdeadas do Rio São Francisco.
Não deixe de conhecer a Prainha da Saúde, que fica a 5km da sede municipal, em direção à Neópolis. A natureza se faz representar em sua magnitude na localidade. Há locais para banhos e um enfileirado de bares rústicos, que servem o camarão de água doce e outros frutos do rio como também deliciosas moquecas e peixes assados. Além disso, sombra e tranquilidade estão garantidas.
Não é por menos que o filme “Espelho D’Água” foi gravado lá, com o ator Fábio Assunção e grande elenco. As casinhas coloridas, a amendoeira no centro do povoado e o rio esverdeado retratam uma paisagem típica.
Na Bagagem – Dicas de viagem
O ateliê de Capilé é um dos mais procurados e fica na rua principal da cidade, logo depois da igreja de Santana. O telefone do artista é o 79 98873 6997. Há também uma possibilidade de fazer a visita aos ateliês e ver a queima das peças.
Se tiver passeando pela região de carro, vale a pena conhecer também a Vila Operária da Passagem da fábrica de tecidos Peixoto, na estrada para Neópolis, um povoamento de mais de 100 anos que até hoje mantém tradições únicas. As casas são pintadas em branco e azul e lá parece que o tempo parou, tamanha às tradições que são observadas, a exemplo do jogo de futebol na várzea, do vendedor de picolé, da soneca em baixo da árvore.
O passeio completo no catamarã Olímpio Tour e panorâmica pelas cidades ribeirinhas saiu com, no mínimo, 20 tripulantes e custa R$ 150, com almoço incluso. Sai de sexta a domingo, ou com agendamento, às 9h30.
Santana do São Francisco festeja Nossa Senhora de Santa Ana, padroeira da cidade no mês de julho e Bom Jesus dos Navegantes, com procissão fluvial entre os meses de janeiro e fevereiro.
Como chegar?
Partindo de Aracaju, através da BR 101, segue-se no sentido Norte, ao chegar na sede da Polícia Federal há um entroncamento, à direita, no sentido Neópolis pela SE 335. Não tem errada. Ao chegar no entroncamento de Neópolis, segue-se para a esquerda, passa-se pelo povoado Passagem até chegar a Santana do São Francisco. Com a construção da rodovia iniciada em 2017, que interliga Pirambu a Pacatuba, a viagem será bem mais rápida.
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Fotos: Silvio Oliveira Insta: @tonomundosilvio
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