Ao completar 200 anos de fé e tradição, a Romaria do Nosso Senhor dos Passos realizada na cidade histórica de São Cristóvão (SE), distante cerca de 19km da capital, Aracaju, leva consigo o status de uma das mais emblemáticas manifestações religiosas e mais antigas do gênero do Estado. A devoção aliada ao patrimônio histórico da cidade sergipana atrai cada vez mais o olhar de pesquisadores e turistas em busca da religiosidade presente em cada gesto dos romeiros, além das tradições resguardadas há séculos em templos religiosos, costumes e bens imateriais.
Em 2019 o Senhor dos Passos será louvado entre nos dias 15, 16 e 17 de março, quando a Cidade Berço dos Sergipanos estima receber em torno de 80 mil fiéis, que convergem para lá com o objetivo de participarem de missas, cortejos, procissões, cantatas, momentos de oração e uma gama de atividades em torno do santo católico.
As penitências, os ritos de fé, o pagamento de promessas e renovação de pedidos fazem da romaria um período sagrado para a cidade. Quem visita São Cristóvão perceberá, facilmente, que a cidade se transforma num grande santuário, até por ser realizada na época da Quaresma.
Origem da Romaria – Conta a lenda que a romaria à imagem começou depois do resgate do Senhor dos Passos do rio Paramopama. Relatos dos séculos de XIX, escritos pelo memorialista Serafim Santiago, contam que um pescador encontrou um caixote de madeira com a descrição: ‘À cidade de Sergipe Del Rey’.
O caixote teria naufragado junto a embarcação que o conduzia. Na Igreja do Carmo Menor fica a imagem original de Senhor dos Passos, que divide o altar com Nossa Senhora da Conceição. A imagem só deixa a igreja durante a Quaresma para participar da Romaria.
Reconhecida como Patrimônio Imaterial Sergipano, a festa religiosa se caracteriza como um dos eventos mais importantes do calendário sergipano, atraindo fiéis de todos os cantos para uma programação intensa de missas e procissões.
Programação
A partir da sexta-feira (15), às 22h, na Igreja São Judas Tadeu (Igreja dos Capuchinhos), no bairro América, em Aracaju (SE), acontecerá uma missa, de onde as pessoas sairão em procissão para a Igreja do Carmo (na sede de São Cristóvão).
Em seguida acontece o acolhimento dessas pessoas e a abertura da Casa do Romeiro (Salão Sagrada Família, anexo à Igreja do Carmo) para um café da manhã. Após esse primeiro momento, os fiéis saem pelas ruas de São Cristóvão para visitação das igrejas que estão na sede.
No sábado, 16 de março, haverá missa às na Gruta Nossa Senhora de Lourdes (16h), Igreja do Carmo Maior (17h) e Igreja Matriz (17h) com a acolhida aos Romeiros. A programação continua com a Missa Campal, 19h, logo após Procissão de Penitência.
No domingo, 17 de março, durante todo dia, o Convento do Carmo abre suas portas para Confissões. As missas acontecem a partir das 6h até às 14, de meia em meia hora. Vejamos: Igreja Matriz (6h), Igreja do Carmo Maior (7h), Igreja Matriz (7h30), Gruta Nossa Senhora de Lourdes (8h), Igreja Matriz / Igreja do Carmo Maior (8h30), Capela São João Batista (9h), próximo da imagem do Sr. dos Passos do Alto da favela, Igreja do Orfanato /Alto do Cristo (9h), Gruta Nossa Senhora de Lourdes (9h30), Igreja Matriz (missa Solene) /Igreja do Carmo Maior (10h), Igreja do Amparo (10h30), Gruta Nossa Senhora de Lourdes (11h30), Igreja Matriz /Igreja do Carmo (12h), Igreja Matriz (14).
A saída da imagem do Senhor dos Passos da igreja da Matriz acontece às 16h, e no mesmo horário, a imagem de Nossa Senhora das Dores da Igreja Senhor dos Passos (Carmo Menor). As imagens seguem em procissão para a praça São Francisco, onde acontecerá o Sermão do Encontro. Logo em seguida a procissão seguirá pelas ruas Ivo do Prado; Praça da Matriz; Tobias Barreto; João Bebe Água; Professor Leão Magno; Messias Prado; Praça Senhor dos Passos. Ao término da procissão, Missa Campal na Praça do Carmo.
Dicas de viagem
Como chegar – Partindo de Aracaju, pode-se chegar a São Cristóvão pela rodovia estadual João Bebe Água e pela BR 101. A primeira, foi parcialmente duplicação e há muitas curvas, porém, chega-se mais rápido, a pouco mais de 20km. A segunda, é bem mais movimentada e mais longe, pouco mais de 30km. Os dois trajetos são fáceis e há boa sinalização.
Por conta do grande número de visitantes que a cidade recebe, a infraestrutura turística para receber a contento ainda é insuficiente, mas garante o básico. Se for de carro próprio, estacione-o na Cidade Baixa. O bom e percorrer a cidade a pé.
Na saída da cidade pela Rodovia João Bebe Água, a 2 km do centro histórico, há o Cristo Redentor, erguido em 1924, sobre as bases da antiga capela de São Gonçalo.
No entorno da praça da Matriz ficam a Casa do Artesão é um belo sobrado que deve ser visitado. Lá o visitante encontrará o típico artesanato da cidade, a exemplo das bonecas de pano e as miniaturas de embarcações náuticas. Vizinho a Casa do Artesão há ateliês e lojas de souvenires que merecem uma visita.
Onde comer- Os restaurantes Petiscaria (Praça da Matriz) e o Madu (próximo a igreja do Rosário) funcionam em horário comercial, com comida simples, mas bem elaborada e com preços justos.
Gastroterapia
A queijada é um típico doce são-cristovense com sotaque português. Sabe por que? Conta a história que os primeiros portugueses que aportaram na região trouxeram consigo o modo de fazer as guloseimas portuguesas fabricadas artesanalmente com queijo e finas camadas de doce, embaladas em uma forminha de farinha de trigo com leite. As tradições foram mantidas, mas o queijo foi substituído por um produto bem mais nordestino: o coco. As queijadas são-cristovenses ganharam fama nacional, até mesmo por não levar queijo, mas o coco ralado embebecido por um sabor bem brasileiro.
Pode-se encontrá-las na Casa da Queijada, na Praça da Matriz, nº 56. Também se pode encontrar outros tipos de quitutes a precinhos bem convidativos. Na Panificação Colonial, também no entorno da Praça da Matriz, as queijadas são disputadas. Na casa de Dona Marieta, na frente da rodoviária, na Cidade Baixa, bem no centro da cidade, também é referência para compra das queijadas e das denominadas moquequinhas, um tipo de peixe enrolado na folha da bananeira e que leva um tempero bastante ardido para os paladares que não gostam de apimentados.