Maragogi, município localizado no litoral Norte alagoano, a poucos 125km de Maceió, ficou famoso por suas praias de águas transparentes e piscinas naturais que são verdadeiros aquários naturais. De uns dez anos para cá, um roteiro de buggy tem atraído os olhares, agregando ainda mais belezura ao destino. São cerca de 3h de passeios trafegando pela estrelada costa alagoana, com parada em ruínas históricas de um mosteiro e degustação de bolachas de goma.
É importante saber que Japaratinga e Maragogi são dois municípios vizinhos e que têm belos pontos turísticos, todos eles com atrativos ligados ao paradisíaco mar alagoano. Maragogi, mais badalada e concorrida; Japaratinga, descoberta recentemente pela grande mídia especialidade e de igual beleza que a vizinha. Particularmente prefiro Japaratinga e suas belezas naturais menos movimentadas. Sem rivalidade, fiz o passeio partindo da orla de Japaratinga em busca do que esse pedacinho de paraíso tem para nos oferecer: vistas panorâmicas, banhos em águas transparentes e paradas em um local histórico.
O passeio dura em média 3h e a primeira parada já no comecinho do roteiro é uma vista de rasgar um “Eita” dos mais desavisados, tamanho a grandiosidade do mar visto de cima de uma colina que abriga as ruínas da igreja Mosteiro de São Bento, datado de 1634.
O local foi tombado pelo Iphan como ruínas do “Sítio Arqueológico Histórico Igreja de São Bento” e mistura história e vista do mar esverdeado. São pouco mais de 40min de contemplação, entre paredões de pedra.
A partir dali, são de três a quatro paradas, todas elas em praias do município de Maragogi: Maragogi, Burgalhau, Barra Grande e Ponta do Mangue. Vilas de pescadores e casinhas que se despontam do horizonte dão um ar de tranquilidade ao mesmo tempo de rusticidade nas estradas que cortam locais mais populosos e outros mais rústicos.
As jangadas e as redes de pesca mostram que são elas as ferramentas de trabalho, fazendo da pesca e da extração de mariscos um dos principais elementos propulsor da economia local. E como o mar foi generoso com Maragogi, os frutos extraídos dele é a melhor pedida nos restaurantes e resorts à beira-mar.
O pecado da gula
A lagosta, o sururu e o massonin são os mais procurados por quem visita as praias alagoanas, mas saborear o bolinho de goma do povoado São Bento é ter o privilégio de apreciar o principal sequilho produzido artesanalmente no litoral Norte da Terra dos Marechais. Os bolinhos de goma ganham status de souvenir e é com a simpatia de Tia Marlene que a iguaria ganha um gosto especial. Os visitantes são acolhidos na fabriqueta construída no quintal da casa da alagoana.
Tia Marlene abre a porta da casa e conta histórias da comercialização dos bolinhos de goma como o principal sustento da família. No fundo da casa com vista para o mar, das mãos habilidosas de Dona Josefa saem bolinhos em forma de conchas, moluscos, estrelas que dali ganham o mundo em saquinhos. A alagoana faz em segundos os bolinhos à base de coco ralado, goma de tapioca, manteiga e açúcar. Eu não me contive e experimentei todos.
Como o passeio só está começando. A partir dali são uma sequência de praias com uma palheta de cores que vão desde o azul do céu ao esverdeado mar. Paradas em Burgalhau para fazer um clique sentado em um balanço, parada em Barra Grande para também clicar o paraíso e se refrescar ao som do mar e com o ventinho da brisa alagoana.
Consulte também ao bugueiro uma parada no Alto do Cruzeiro, um local de parada que avista-se panoramicamente parte da costa de Maragogi.
A jangada a espera
Eu não fiz o passeio de buggy em conjunto com o passeio de jangada, até porque a dica é relaxar e sem muita correria. Se é possível fazê-lo: é sim para quem tem pouco tempo. O mar esverdeado que vai oscilando em tons ora mais escuro e ora mais claro, puxado mais ao longe a um azul turquesa varia de acordo com a presença da luz do sol. Assim são os passeios às piscinas naturais de Maragogi e Japaratinga.
Os seis atracadouros de Maragogi é o ponto de partida para se conhecer um dos principais destinos de avistagem de corais em barreira de recifes no Brasil. A região abriga a maior unidade de conservação de vida marinha do país e a segunda maior barreira de corais do mundo, perdendo apenas para a Grande Barreira de Corais da Austrália. Por conta dessa magnitude, a área é protegida por lei.
Mesmo assim, são três grandes piscinas com visitação pública: Galés, Taocas e Barra Grande. Por conta da grande quantidade de visitantes os órgãos de defesa do meio ambiente controlam a visitação, permitindo cerca de 1400 visitantes por dia nas três principais piscinas naturais. O passeio dura em média 2h30 e é feito em embarcações acompanhamento de guia e instrutor.
A saída dos atracadouros é um convite a colocar o relógio na bolsa e esquecer o tempo. A dica é trocar o relógio pela máquina fotográfica e se deparar com um mar que demostra o quanto a natureza foi generosa com a região. E como tudo que é bonito deve ser visto e contemplado, as piscinas naturais de Maragogi não fogem à regra. São aquários naturais habitados por tipos de peixes, moluscos, crustáceos e corais de diversas espécies.
As embarcações param uma perto da outra e os turistas são convidados a descer e percorrer uma pequena faixa de água até chegar próximo aos recifes. Não se preocupe se não avistar peixes ou outros tipos de animais. As boas-vindas são dadas por espécies mais domesticadas que chegam mais próximas dos turistas. Contemplar é a dica, mas nada de alimentar os peixes ou tocar nos corais. O meio ambiente agradece
Na Bagagem
Quando ir?
Geralmente maio, junho, julho e agosto são os meses que mais chove em Alagoas. Outubro e novembro são alguns dos melhores meses para conhecer o litoral alagoano: o clima é seco e a temporada alta ainda não chegou por lá, fazendo com que os preços sejam mais econômicos. Dezembro a fevereiro é considerado alta temporada no Nordeste do Brasil e geralmente os atrativos estão mais cheios e concorridos.
Como chegar?
Partindo de Aracaju, Maragogi fica no litoral Norte de Alagoas, a 125km de Maceió. Segue-se pela BR 101 o sentido Propriá (SE). O rio São Francisco e a ponte são o elo que ligam os dois estados. O visitante continua seguindo pela BR 101 em Alagoas que está quase duplicada até o trecho de acesso a AL 101 Sul. É só seguir até a capital alagoana, seguir pelas avenidas a beira-mar até a AL 101 Norte. De Aracaju até Maragogi são cerca de 450km. Uma outra via de acesso é seguir pela BR 101 até a entrada de Flexeiras. Dali até lá são cerca de R$ 30km de estrada menos sinalizada, com curvas e pouco acostamento.
Quanto custam os passeios?
O passeio de buggy parte de diversos pontos da cidade de Maragogi e de Japaratinga e custa, em média, R$ 250 para quatro pessoas. Consulte o Thales 82 98113-6095, do Japaratinga Buggy.
As Galés são as mais visitadas, portanto, as que mais concentram pessoas e embarcações. Veja se é possível visitar as piscinas de Taocas e Barra Grande, de igual beleza. Para o passeio o visitante irá desembolsar R$ 110 e se quiser as fotos aquáticas mais profissionais, custará mais R$ 70.
A fabriqueta da Tia Marlene fica na rua Edvaldo M Monteiro, 462-614, Praia de São Bento – Maragogi – Telefone: (82) 98851-1949
Gastroterapia
A culinária é uma das maneiras mais gostosas de se conhecer a localidade, e na Terra das Águas, das Lagoas, das belas praias não poderia ser diferente se os frutos dela não brilhassem na culinária. Entra em cena a lagosta no litoral norte de alagoas, inclusive com um Festival para homenageá-la, mas a gastronomia alagoana herda das cozinhas africana e indígena suas principais criações, como o caldo de massonin, de ostra e de sururu ou o sururu de capote ao leite de coco servido na própria casca do molusco, além do camarão chiclete, bem conhecido nos restaurantes da orla alagoana. Como no litoral de Maragogi a lagosta reina, não titubeie em pedi-la nos restaurantes da cidade.
*Dúvidas do roteiro enviar mensagem no Instagram @silviotonomundo
*Viagem realizada com a Givatur Turismo
Fotos: Silvio Oliveira