Quando pensamos em fazer um roteiro por Alagoas, logo vem em mente belas praias e gastronomia de frutos do mar. Parte dessa máxima “vai por água abaixo” quando percebemos que o estado de Alagoas vai mais além do que seu litoral. E dou como exemplo as duas belas cidades históricas de Penedo e Marechal Deodoro. A primeira, localizada à beira-rio com boa infraestrutura de hospedagem e passeios que vão desde a foz do rio São Francisco à prainhas de água doce, além de um conversado patrimônio histórico na mais antiga cidade do Estado.
Aqui escrevo sobre a segunda, Marechal Deodoro, localizada a poucos 18km da capital alagoana e recheada de atrações históricas ainda a serem descobertas pelos brasileiros. À beira da lagoa Manguaba, que mais parece um braço de rio ao encontro do mar tamanha a magnitude, Marechal Deodoro parece uma cidadezinha do filme “Bem Amado”. Sim, foi lá que foram gravadas cenas do filme, dentre outras películas.
Ao entrar nesse cenário, primeiramente o turista se debruça com o complexo Taperaguá, ‘Marco Zero” de Marechal completamente restaurado. A igreja de Bom Jesus do Bomfim do início do século XVII ao centro, com o conjunto de casas multicoloridas no seu entorno dão às boas-vindas. A praça foi totalmente restaurada como no início do século quando os primeiros conglomerados urbanos da localidade se dispuseram ali.
Casinhas multicoloridas continuam pela rua principal até passar pela charmosa capela devotada a Nossa Senhora da Boa Viagem, passa pelo Palácio Provinciano, envolto de mais casinhas coloridas típicas do interior do Nordeste, até chegar à casa onde o famoso da cidade nasceu: a Casa-Museu Marechal Deodoro, um memorial de fachada harmoniosa com “eira e beira”.
Móveis, objetos, honrarias e uma coleção disponibiliza pelo Museu da República, no Rio de Janeiro, contam a história do Proclamador da República e primeiro presidente da República do Brasil, além dos familiares dele.
O passeio está só começando quando o turista chega mais a frente ao complexo arquitetônico da Ordem Terceira de São Francisco, restaurado recentemente, e que abriga a Igreja da Ordem Franciscana, a Igreja de Santa Maria Madalena e o Convento Franciscano, hoje o Museu de Arte Sacra de Alagoas.
Chama atenção a quantidade de obras de arte sacras dos séculos XVIII ao XX e o Cristo Jansenista, curiosamente e diferente de outras imagens com as mãos erguidas para os céus, olhando para o alto e com pés separados, que não se sabe ao certo como chegou à Marechal, mas com teorias cheias de intrigas e controvérsias na igreja católica. Denominada de Jansenismo se baseia na predestinação e vem de Cornelius Otto Jansenius.
A pracinha em frente mostra uma cidade pacata onde os moradores ainda conversam pelas janelas. A história ainda continua viva ao conhecer a Matriz de Nossa Senhora da Conceição abrigando também uma diversidade de imagens sacras, o prédio da antiga Casa de Detenção, o conjunto arquitetônico do Carmo, mais ao longe; além das igrejas de Nossa Senhora do Rosário e do Amparo fechadas para restauros.
É chegada a hora de dar adeus a história, mas não de Marechal Deodoro. Um pouco de regionalidade para conhecer a bela paisagem da lagoa Manguaba na orla da cidade e que disponibiliza passeios de barcos.
Para quem quer apreciar das guloseimas regionais, no retorno à Maceió há a Associação de Doceiras no polo gastronômico da Massagueira, onde vendem doces e cocadas nas versões originais: branca e coco queimado. Sabores como banana, goiaba, maracujá, jaca e amendoim encantam os paladares dos turistas que gostam de se aventurar pelos doces nordestinos. Também no polo da Massagueira há vários restaurantes de comidas regionais.
O dia é dedicado à Cidade Natal do Proclamador da República e seus familiares, visitar prédios históricos com arquitetura barroca, além de obras de arte sacra e no finalzinho da tarde, curtir o pôr do sol na praia do Francês saboreando as cocadinhas da Massagueira. O passeio é bem alagoano ou não é?
Dicas de viagem
É possível um bate e volta partindo de Maceió. São cerca de 18km através do acesso à praia do Francês. O acesso é feito partindo pela rodovia litorânea AL 101, entrando no trevo à direita no Francês, seguindo pela AL – 220.
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A dica de hospedagem mais próxima é no Francês que passa por uma nova onda de investimentos públicos e novos aparelhos turísticos. Com diárias que variam de R$ 160 a R$ 220, a depender da acomodação e do período, a pousada Capitães de Areia mantém o cheirinho de novo nos apartamentos com decoração aconchegante e varadas com boa vista.
Desde o início dos anos 90 que a rede hoteleira passar por modernização. Pertinho da praia, vizinho ao Centrinho de bares e restaurantes, ou seja, bem localizada, está a pousada Capitães de Areia, uma boa opção custo/benefício, conduzida presencialmente pelo casal de paulistas, Adriana Franco e Celso Luiz Cícero. Eles escolheram o litoral alagoano para chamar de seu e montou o negócio que ostenta desde que foi aberto o título de Qualidade nos Serviços.
A pousada tem seguido ferrenhamente os protocolos de biossegurança no retorno do turismo, a começar desde o check-in, feito antecipadamente, ao café da manhã, oferecido em horário agendado e com um cardápio direcionado para o cliente. O telefone é (082) 3260-1477 ou + 55 (082) 9 8856-4598 pousada@capitaesdeareia.com.br. Rua Vermelha, 13 | Praia do Francês | Marechal Deodoro | Alagoas. CEP: 57.160-000.
Consulte o horário de museus e igrejas, tão logo chegue na cidade. Por conta da pandemia o Museu de Arte Sacra instalado no Convento da Ordem Terceira do Carmo ainda não abriu para o público por conta da pandemia.
Paga-se uma taxa de manutenção de R$ 5 na Casa de Marechal Deodoro. Há uma visita guiada e vale a pena escutar as histórias, algumas delas bem curiosa.
A praia do Francês fica à margem da AL-101, via de trajeto das praias do Litoral Sul alagoano. Partindo de Maceió são 18km. Não tem erro. Caso queira ir de ônibus, também há condução da rodoviária de Maceió. Veículos utilitários também sabem de 15 em 15 minutos do centro da cidade, diariamente, ao preço de R$ 7.
Gastroterapia
Na orlinha de Marechal, o bar e restaurante do Lourinho é uma boa opção de custo/benefício. Caldos, catados, mix de camarão, peixes de agua salgada, além de pratos mais elaborados, como o estrogonofe de camarão. O ensopado de massunim ou de ostras é um dos pratos principais da culinária alagoana. Os mariscos são catados nas areias das praias ou em criatórios e retirados da carapaça ou conchas. Cozinhados com leite de coco, bastante cheiro verde e azeite, o massunim e as ostras viram iguarias em todos os bares da praia do Francês. Os caldos de sururu e até mesmo de lagostas, camarão e lagostim também são bastantes pedidos. Acompanhados de limão, os caldos são bem-vindos ao descansar em uma das espreguiçadeiras dos bares da praia.