Esta semana inicia com a implantação de um projeto social que certamente contribuirá para o fortalecimento da cidadania na cidade de Aracaju. Trata-se do projeto que reúne, em um só objetivo, os parceiros Banco do Brasil, Sociedade Semear, Federação Sergipana de Tênis, Prefeitura Municipal de Aracaju e a Missão Criança. A idéia, compartilhada por todos os parceiros, é permitir que duzentos e quarenta alunos da rede pública municipal tenham aulas gratuitas e profissionais de tênis, além de acompanhamento educacional e familiar.
Cada um dos parceiros entrou no projeto com as suas idéias e experiências no campo da cidadania, todos opinando e participando ativamente de seu formato final. O Banco do Brasil, além do fundamental patrocínio financeiro, trouxe o seu compromisso social na área de apoio a projetos de cidadania através da prática de esportes. Já a Sociedade Semear, como coordenadora do projeto, fez incluir o retorno social como finalidade principal do projeto, abrindo a sua estrutura física e pessoal para garantir o apoio educacional aos alunos-participantes.
A Federação Sergipana de Tênis, o primeiro a sonhar com a idéia, forneceu todo o apoio profissional e as quadras localizadas na Praia de Atalaia para que a parte esportiva atingisse o seu pleno objetivo. O Município de Aracaju, através da Secretaria Municipal de Educação, fez a necessária seleção dos futuros atletas, sempre com a participação dos pais, se encarregando ainda de fornecer o necessário transporte escola/quadra/escola e a garantia de que todos receberão a necessária merenda escolar. A Missão Criança, com a sua correta visão educacional, será o elemento de ligação dos alunos com as suas respectivas famílias, fazendo com que os dois participem e interajam nas várias etapas do projeto.
É claro que não dá para antecipar qual será o resultado final do projeto, mas já se pode antecipar que todos não medirão esforços para torná-lo vencedor e referência social. E não poderia ser diferente, pois a grande sacada do projeto foi antecipadamente compreender que as idéias compartilhadas, assim como os nossos filhos, não nascem por obra do acaso, muito menos pela ação de um único pensador. Ambos, idéias e filhos, sabem muito bem a importância de cada fase, desde a paquera, passando pela concepção, até que se chegue ao nascimento de um ser autônomo e livre.
Se queremos que uma idéia nasça para o mundo exterior é preciso a ousadia da iniciativa, não ter medo de buscar um parceiro que a aceite com o coração aberto, especialmente para torná-la mais eficaz e imune aos perigos do mundo. Em outras palavras, é permitir que um filho tenha o seu cordão umbilical cortado, crescendo e correndo livre pelo mundo. Aliás, idéia imposta sem compartilhamento é estupro social, prepotente narcisismo ou mero defeito do ego humano, fazendo com que, em qualquer das hipóteses, o seu vício de origem a torne imperfeita, fadada ao esquecimento ou mesmo ao porão solitário da história.
Cada vez mais me convenço de que as idéias precisam sacar, se quiserem ser vencedoras, que antes mesmo de respirarem o ar que lhes darão a cobiçada vida, devem passar pela aventura da convivência, aprender a importância da cumplicidade da entrega e renunciar à exclusividade genética. Não é sem razão que o momento do compartilhamento de uma idéia se assemelha ao instante em que o espermatozóide se funde com o óvulo. Os dois sabem, de antemão, que o resultado deste embate amoroso será o surgimento de um novo ser, autônomo, complexo e dotado de características próprias.
Todos podem ser pais, irmãos, amigos, amantes, parceiros e simpatizantes de várias ou das mesmas idéias, bastando apenas que se tenha a ousadia da iniciativa e não se rejeite o prazer da paquera. São infinitas as boas idéias que querem ser compartilhadas, todas esperando encontrar um coração amoroso que aceite a corte. Porém, saber sacar aquelas que interessam à causa da humanidade é se preparar para fazer da cidadania o seu predileto filho.
(*) Cezar Brito é advogado, conselheiro Federal da OAB e presidente da Sociedade Semear.
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