Valadares e o mínimo

“Quando se nega uma remuneração justa ao trabalhador, nega-se simultaneamente as condições mínimas para a vida digna. Sem garantir uma vida digna a todos os seus cidadãos, o que poderá um Estado esperar e exigir em Contrapartida? Evidentemente que nada!” O pensamento é do senador Antônio Carlos Valadares (PSB) e encerra um longo discurso em que ele se mostra contra ao salário de R$ 260,00 proposto pelo Governo que apóia. O senador sugere um novo pacto econômico, inclusive das autoridades do poder executivo, “para que juntos possamos promover um verdadeiro reajuste do salário mínimo, afastando da miséria milhões de brasileiro que se vêem condenados a sobreviver entre sobras e migalhas, não raro dependentes da bondade e do humor alheios”. O deputado federal João Fontes (sem partido) assistiu o pronunciamento contundente do senador Valadares, através da televisão de sua casa, onde se recupera de uma cirurgia do menisco. Não se conteve e bradou: “esse foi o Valadares que votei”. Não só o parlamentar, mas uma imensa parcela do trabalhador sergipano, que sempre sentiu a presença do senador nos momentos em que estava em jogo direitos e melhorias. Valadares é da base aliada do Governo Lula, mas entre o poder do Estado e a fragilidade de um povo sugado em suas condições de sobrevivência, realmente não podia tergiversar. Claro que ele tem consciência que atinge sua posição no bloco, mas o senador agiu como um cirurgião cuidadoso, que tem de rasgar um corpo humano para extirpar um tumor maligno, sem usar anestesia. Em seu discurso, o senador Valadares citou Sergipe: “em meu Estado, por exemplo, de acordo com estimativa do IBGE, o rendimento, fruto do trabalho, representa 57,57% da remuneração da população economicamente ativa. Portanto, o aumento do mínimo para Sergipe, como para todo o Nordeste, representaria um aquecimento da economia. E é duro verificar que o sergipano que vive com um salário-mínimo, utiliza, dentre outros itens, 27,20% para alimentação; 32,25% para habitação; 5,89% para vestuário; 17,15% para o transporte; 5,67% para assistência à saúde; 3,95% para educação e 1,61% para recreação e cultura. Os dados ainda seguem para despesas tipo fumo (0,51%), higiene e cuidados pessoais (2,80%), serviços pessoais (0,97%) e diversos (2%)”. Como pergunta o senador, o que gasta o sergipano para alimentação, saúde, educação, higiene e vestuário? Nada! E com nada sobrevive um expressivo número de brasileiros. É preciso dar um basta a essa constrangedora situação: “temos que reverter esse quadro de miséria e realizar logo a inclusão e promoção social, tão caras e recorrentes no discurso, incapazes de materialização na prática”. Segundo o Dieese, 67,4% dos empregados domésticos e 43,5% dos trabalhadores da economia informal ganham até um salário mínimo. Esses percentuais se elevam para 94,1% e 67,8%, respectivamente, quando se consideram os que ganham até dois salários mínimos. Esses trabalhadores não possuem garantias legais mínimas, podem ser desligados imediatamente, sem incidência no FGTS e não possuem poder de organização sindical, o que diminui as possibilidades de pressão por melhores salário. E é aí que Valadares vai fundo: “levando-se em conta que o teto fixado para a Administração Pública Federal não poderá superar o subsídio de ministro do STF, fiz aqui umas contas e digo que passaríamos a receber, por mês, aproximadamente 48 vezes mais que o trabalhador brasileiro: são R$ 12.720,00 contra R$ 260,00. Não há disponibilidade pública, qualificação intelectual, notório saber, competência profissional que admita e justifique um abismo salarial dessa proporção. É simplesmente vergonhoso um pais resignar-se a tamanha distorção”. E é assim que Valadares pensa e é dessa forma que se contribui para o desenvolvimento de um país, principalmente na assistência aos mais humildes, quando não se curva a blocos políticos nem a fidelidades grupais, que são indiferentes ao sofrimento, a vergonha e à humilhação de um salário de fome. LIBERAIS O Partido Liberal está com problemas para continuar integrando a composição para a reeleição de Marcelo Déda. É que o partido está sem condições de integrar uma coligação proporcional, porque o PT já está fechando sua chapa de vereadores. HELENO O deputado federal Heleno Silva, presidente regional do PL, quando disse que esperaria até o dia 19 para se manifestar sobre sucessão, referia-se a essa possibilidade. Se na pré-convenção do PT, amanhã, não se encontrar uma saída para uma composição proporcional, Heleno vai procurar se compor com outros partidos. DIFICULDADE Sem uma coligação proporcional com o PT, os vereadores Sérgio Góis e Jidenal (PL) não terão a menor condição de se manter na Câmara Municipal. Os dois foram para o PL por insistência do prefeito Marcelo Déda e até por um telefonema do ministro José Dirceu, da Casa Civil. ELOGIOS O governador João Alves Filho (PFL), sempre que é oportuno, faz elogios à deputada Susana Azevedo, pré-candidata à Prefeitura de Aracaju. Quando viajou a Brasília, por exemplo, o governador declarou que Susana chegou à posição que se encontra sozinha: “imaginem se ela tiver apoio de um grupo forte”, vibrou. GARIBALDE O deputado Luiz Garibalde (PDT) disse ontem que até o momento as conversas sobre coligação estão mais avançadas com o PV e com o PDT. Segundo Garibalde, os vereadores estão querendo ver quais as propostas concretas da deputada Susana Azevedo. As de Gilmar Carvalho eles já têm. ENCONTRO É possível que hoje à tarde haja um encontro do senador José Almeida Lima (PDT) com os candidatos a vereador, para alguma definição. Segundo Garibalde, o deputado Gilmar Carvalho já havia solucionado as problemas para uma coligação proporcional, já que a ex-vereadora Rivanda Farias colocava obstáculos. GILMAR O deputado Gilmar Carvalho (PV) disse que se realmente for candidato (“estou mais para ser”) é que vai entrar nesses detalhes de acomodar situações. Terá um novo encontro com o PDT na segunda-feira e quanto à Rivanda, Gilmar vai conversar com ela. Mas antecipa: “os candidatos a vereador precisam que eu seja majoritário”. CANINDÉ Paulo de Deus Barbosa (PH) é o candidato a prefeito no interior. Foi o que construiu uma das coligações mais heterogêneas da política sergipana. Ele é candidato à Prefeitura de Canindé, tem o vice do PT e conta com o apoio do PL, do PFL e do PDT. ORLANDO O PSDB está articulando uma chapa em Canindé do São Francisco, com Orlando Andrade para a Prefeitura e Jorge Luiz de Carvalho na vice. Há um problema sério nessa formação. É que Jorge Carvalho tem sério problemas judiciais que impedem sua candidatura. GILSON O nome do empresário Gilson Figueiredo (PFL) é um dos mais cotados para ser o candidato a vice da deputada Susana Azevedo (PPS). Gilson, inclusive, se desincompatibilizou do cargo de secretário adjunto da Indústria e Comércio. Sinal de que pretende disputar algum mandato. DÉDA O prefeito Marcelo Déda (PT) consolida amanhã, na pré-convenção do seu partido, a sua candidatura à reeleição. Vai sugerir o nome de Edvaldo Nogueira (PCdoB) para vice. Marcelo Déda acredita que pode haver algumas discussões mais acaloradas, como é natural dentro do PT, mas no final se chegará a um consenso. SÃO CRISTÓVÃO Zezinho da Everest (PTB), candidato a prefeito de São Cristóvão, está tentando uma coligação com o PCdoB e quer Jorge Carvalho como o seu vice. Jorge, entretanto, revela que o seu desejo é disputar uma vaga Câmara Municipal daquela cidade, mas coloca seu nome a disposição do partido. LAGARTO O Partido Liberal está encontrando dificuldade em fazer uma coligação com o PTB em Lagarto. Quer indicar o líder Lilá como vice de Zezé Rocha. Como está havendo obstáculo, a direção do partido em Sergipe vai conversar com José Raimundo Ribeiro (Cabo Zé), para uma composição. D.MARIA A senadora Maria do Carmo Alves (PFL) reassume hoje a Secretaria de Combate e chega de “mangas arregaçadas para um trabalho intenso”. Sua cadeira no Senado será ocupada por Renildo Santana (PFL), candidato a prefeito por Itabaianinha. Ele vai conciliar a campanha com o trabalho parlamentar. Notas CRÍTICA O deputado federal José Carlos Machado (PFL) criticou duramente a parceria que o BNB vem fazendo com grandes bancos privados em detrimento dos bancos estatais do Nordeste. Citou o exemplo Banco do Estado de Sergipe, que tem 78 agências “enxutas e sanadas”, em vários municípios, sem a atenção mínima do BNB. O presidente do BNB, Roberto Smith, anunciou uma parceria que já está sendo viabilizada com o Banese, para investimentos em micro-empresa em Sergipe. Smith elogiou a luta do governador João Alves pelo desenvolvimento do Nordeste. LIBERAÇÃO José Carlos Machado quis saber porque o BNB tinha em caixa cerca de R$ 1,7 bilhão e investiu apenas R$ 254 milhões dos recursos destinados ao Nordeste. Smith admitiu que no ano passado as ações foram lentas, mas que a partir do segundo semestre desse ano os recursos começarão a ser liberados com mais rapidez. Machado considerou a reunião com o presidente do BNB proveitosa, mas vai continuar vigilante para que o dinheiro que deve ser empregado no desenvolvimento do Nordeste esteja improdutivo na especulação financeira. FABIANO O deputado estadual Fabiano Oliveira (PTB) disse ontem que manterá o seu apoio à candidatura do prefeito Marcelo Déda (PT), que manterá a chapa ao lado do vice Edvaldo Nogueira, porque em time que está ganhando não se deve mexer. Diz que essa é a posição dos partidos que apóiam o prefeito. Fabiano acrescentou que vai arregaçar as mangas e trabalhar para a reeleição de Marcelo Déda, como se a candidatura fosse sua. Ele entende que composição tem que ser feita com lealdade e harmonia. É fogo A Prefeitura de Aracaju acendeu a fogueira do Forrocaju, ontem à noite, e levou milhares de pessoas para o início dos festejos juninos. A partir de hoje são mais 13 dias de forró à noite inteira. A festa atingira o auge nos finais de semana e dias de São João e São Pedro. Em Estância o São João deste ano está com apresentações fracas à noite, mas durante o dia a população mantém as ruas animadas, principalmente com os rojões. Já Itaporanga D’Ajuda está conseguindo concorrer com a capital, colocando uma boa programa junina. A cidade cenográfica da Atalaia, montada pelo Governo do Estado, está atraindo turistas e muita gente de Aracaju. Ao lado das fogueiras e rojões também esquentam as discussões políticas em torno das sucessões municipais. Segundo o vereador Elber Batalha (PSB) o mês de junho, em períodos de convenções, tem 35 dias, em razão do registro de atas. Os partidos PFS e PSL vão formalizar uma coligação proporcional, com 42 candidatos à Câmara Municipal. O ex-vereador Soares Pinto está correndo atrás de José Ribeiro, o popular Rola, para que ele se convenção a disputar municipal. Rola anda meio mole… Os amigos de Rola querem que ele endureça em sua posição de disputar uma vaga na Câmara Municipal. Acham que sua vitória é garantida. O deputado Garibalde Mendonça (PDT) está reivindicando do Governo a recuperação asfaltica da rodovia que liga Riachuelo a Laranjeiras. O presidente Lula e o presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, assinaram contrato para construção de mais três plataformas. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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