Varizes: um problema comum no universo feminino

O único homem que nunca comete erros é aquele que nunca faz coisa alguma. Não tenha medo de errar, pois você aprenderá a não cometer duas vezes o mesmo erro (Franklin Delano Roosevelt)

Elas são muito comuns em toda a população, porém atingem preferentemente as mulheres, aumentando sua frequência e morbidade com o avançar da idade.

Pesquisas da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que em cada cinco adultos, um sofre de varizes, os especialistas acreditam que as varizes são um dos preços que o homem paga ao próprio organismo por andar sobre dois pés.

O sistema venoso do ser humano –por onde correm cerca de 7 mil litros de sangue todos os dias – não está dimensionado para funcionar tanto tempo em pé.

As mulheres têm a seu favor a vaidade, um ponto positivo para se evitar a evolução da doença., no entanto os homens, nem tão preocupados com a estética, deixam o problema evoluir e, invariavelmente, tornam-se os casos mais graves.

Nas mulheres, o uso de pílulas anticoncepcionais e a gravidez são considerados fatores de risco; nos homens, as causas mais frequentes são a vida sedentária e/ou longos períodos em pé.

Os primeiros sinais das varizes são o edema no tornozelo, e a sensação de peso nas pernas, as veias costumam dilatar-se, o fluxo do sangue torna-se mais lento e surgem manchas e riscos azulados ou avermelhados, isto geralmente ocorre  porque as pessoas apresentam perda da função das válvulas internas existentes dentro das veias que direcionam o sangue.

Enquanto as artérias distribuem o sangue pelo organismo,as veias fazem o caminho inverso em direção ao pulmão, onde o sangue é oxigenado, por isso se a pessoa fica muito tempo em pé, anda pouco, tem excesso de peso ou uma predisposição familiar para a dilatação vascular, o sistema fica sobrecarregado e o organismo encontra dificuldades para cumprir esta função.

Varizes Superficiais e Profundas

A maior parte das pessoas tem problemas nas veias superficiais-aquelas que mais se dilatam e se tornam visíveis sob a pele quando algo vai mal com o sistema circulatório. São as chamadas varizes primárias, que é uma das doenças mais antigas da humanidade e atinge 25 a 30% da população em geral (chegando em alguns povos a 38,8 %).

Já as veias profundas, protegidas por feixes de músculos, quando afetadas, têm entre as suas causas problemas ortopédicos, tromboses e anomalias anatômicas, por isso além da impressão de peso nas pernas e dos edemas nos tornozelos provocados pelo acúmulo de líquidos, os que sofrem de varizes costumam sentir coceira nas pernas no sentido do trajeto das veias, principalmente após permanecer muito tempo em pé.

Os casos mais graves estão sujeitos a evoluir para processos inflamatórios como “flebites” (inflamação nas paredes das veias) e “tromboflebites” (flebite associada à trombose do vaso),que causam fortes dores locais.

O edema ( inchação ) constante leva à diminuição do aporte de sangue à pele, pode provocar a destruição do tecido (com formação de úlceras varicosas) e tornam a pele fina e ressecada, devemos frisar de que esses problemas, mesmo quando afetam apenas as veias superficiais, podem atingir as veias do sistema profundo; quando não são adequadamente tratadas.

Evolução

As varizes são veias dilatadas e tortuosas que podem apresentar diversos diâmetros (de menos de um milímetro até mais de um centímetro) de comprimento e são decorrentes da disfunção das válvulas das veias que resultam no represamento do sangue. Devemos lembrar, no entanto de que nos casos mais graves as pessoas acometidas podem apresentar edema diário de tornozelo e pé, além de sensação de peso e cansaço nas panturrilhas que piora ao final do dia.

O que também se observa é que com o passar do tempo, podem apresentar alterações na pele, principalmente na perna e tornozelo, como por exemplo manchas de tonalidade castanho escuro e até úlceras (feridas).

Nos casos mais leves ocorrem apenas veias de pequeno calibre, levando somente a alterações estéticas, e  geralmente ocorrem em grande número e com coloração azul escuro e raramente levam a edema ou sensação de peso nas pernas e pés.

Devendo referir de que entre os casos mais graves e o mais simples situa-se uma enorme diversidade de alterações.

Fatores Predisponentes

Obesidade: é considerada fator desencadeante das varizes ela maior compressão abdominal, dificultando o retorno do sangue das pernas para o coração, dilatando assim as veias das pernas.

Gravidez: elas surgem com grande frequência já no inicio da gravidez, devido aos fatores hormonais e posteriormente devido a compressão pelo aumento do útero, sendo no entanto que  em algumas mulheres, especialmente na primeira gestação, essas varizes tendem a desaparecer após o parto, mas em outras gestantes, possivelmente devido a uma predisposição genética, elas não desaparecem ou voltam após o parto, aumentando em gestações subsequentes.

Idade: são muito raras até os 14 anos, porém a partir da puberdade existe um aumento progressivo da sua frequência com a idade, chegando a atingir mais de 74% das pessoas acima de 70 anos.

Sexo: ocorrem principalmente nas mulheres, chegando a uma proporção até 4:1.

Anticoncepcionais e Terapia de Reposição Hormonal: Alguns estudos indicam um aumento no desenvolvimento das varizes e um considerável incremento do risco de trombose venosa.

Postura no trabalho é uma discussão ainda muito controversa sobre o aparecimento das varizes, mas alguns estudos sugerem uma maior predisposição naqueles que trabalham a maior parte do tempo em pé ou sentados do que naqueles que trabalham andando.

Prevenção

Para as pessoas que, por imposições profissionais, ficam a maior parte do dia em pé, recomenda-se que coloquem as pernas elevadas por quinze minutos, antes do almoço e no final da tarde.

As mulheres devem evitar o uso de pílulas anticoncepcionais por longos períodos e usar meias elásticas com indicação médica., também devem se evitar esforços exagerados, como carregar muito peso.

Por outro lado, os exercícios praticados com moderação, como caminhada e natação, previnem a sobrecarga do sistema vascular.

A prevenção começa como diagnóstico precoce que irá evitar complicações futuras, portanto, fiquem alerta para alguns sinais e sintomas das varizes como sensação de cansaço, peso,desconforto e queimação nas pernas, acompanhada de edema no tornozelo.

Além disso, o problema também pode ser detectado quando houver falta de firmeza nas pernas, dor na sola dos pés e câimbras.

Tratamento Clínico

É realizado quando o indivíduo não deseja a cirurgia ou quando ela não está indicada, porém devemos lembrar que as varizes são um problema crônico, de caráter evolutivo e sujeitas a recidivas,mesmo quando o tratamento é levado a efeito por experientes angiologistas.

Por isso, há necessidade de um controle frequente e rotineiro do estado vascular desses indivíduos.

1 – Cuidados Gerais:

  • Combater a obesidade.
  • Não usar roupas apertadas que dificultem o retorno venoso .
  • Praticar exercícios físicos que ativem a musculatura da panturrilha, como por exemplo a ginástica, a caminhada e esportes, como a natação, ciclismo e hidroginástica são especialmente recomendáveis.

São contra-indicados, no entanto, todo esporte que exija movimentos bruscos, como o futebol,o tênis, o vôlei e o basquete e aqueles de esforço estático,como o halterofilismo, pois o aumento da pressão abdominal que ele provoca prejudica o retorno venoso.

  • Evitar ficar em pé ou sentado por tempo prolongado.
  • Fazer breves repousos com os membros inferiores elevados,não colocando almofadas ou travesseiros sob os joelhos, a fim de não comprimir as veias aí localizadas.
  • Suprimir o fumo

2 – Medicamentos

O uso de vaso protetores (medicamentos que atuam nas paredes das veias) constitui uma média para o controle dos sintomas que habitualmente acompanham as varizes com frequência utilizados para reduzir a inflamação, diminuir o edema, melhorando a circulação e mantendo a integridade da parede dos vasos.

Também é muito importante deixar bem  claro que no caso de varizes de membros inferiores a avaliação especializada do angiologista (cirurgião vascular) é imprescindível para evitar as complicações e orientar a melhor forma de tratamento da sua doença.

Tratamento Cirúrgico/Escleroterapia

O tratamento específico das varizes depende, fundamentalmente, da veia a ser tratada, aqueles cordões varicosos, salientes e visíveis, que elevam a pele, e aquelas pequenas veias de trajeto tortuoso ou retilíneo são de tratamento cirúrgico; já as varizes de menor calibre devem ser tratadas pela escleroterapia (injeção de uma solução esclerosante dentro destes vasos).

As veias que são retiradas por estarem doentes não colaboram para a circulação; ao contrário, sua retirada causa melhoria na drenagem venosa dos membros inferiores, aliviando sintomas e prevenindo as implicações da evolução da doença.

O tratamento cirúrgico pode ser realizado com ou sem a retirada da veia safena, que é definida de acordo com o grau da patologia e auxílio do Duplex Scan (exame de mapeamento das veias).

Ou seja as veias menores são retiradas por pequenos orifícios na pele com a ajuda de uma agulha semelhante a uma agulha de “crochê”, dessa forma a lesão na pele é mínima e sem necessidade de pontos.

A escleroterapia química consiste de injeções de substâncias irritantes no interior das veias que promove a oclusão das veias dilatadas, com ótimos resultados na grande maioria dos casos.

Convém referir de que também existe ainda a escleroterapia a laser, que também promove a oclusão da veia dilatada pela incidência do raio laser sobre o trajeto venoso.

Devido à grande diversidade dos quadros, cada paciente deve ser tratado de acordo com a complexidade da sua doença. Porém, é necessário salientarmos que mesmo nos que têm indicação de tratamento cirúrgico, em sua grande maioria também ocorre necessidade de complementação do tratamento com escleroterapia porque sempre coexistem varizes de grande e pequeno calibre.

Em resumo, cuidem bem dos alicerces do nosso corpo, da base de sustentação de nossa vida, nossas pernas e a circulação que mantém sua vitalidade.

Portanto sejam precavidos e procurem um angiologista a cada seis meses.

Você pode não sentir nada, mas ele poderá lhe orientar a continuar sem sentir e preservar melhor sua circulação.

Uma boa semana, com muita saúde e paz.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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