Eliezer chora durante coletiva à imprensa

Tenente-coronel Eliezer chora ao falar do amor à Polícia Militar/Fotos: Aldaci de Souza/Portal Infonet
“Fiquei preso por três dias, sem água, sem comida, sem papel higiênico e com diarréia, por capricho do Comando Geral da Polícia Militar de Sergipe, que me deixou um final de semana longe da minha família, dos meus filhos. Uma corporação da qual faço parte há 19 anos e que amo tanto”, desabafa chorando, o tenente-coronel Eliezer Santana durante entrevista coletiva à imprensa na manhã desta terça-feira, 7, no escritório de advocacia que está lhe prestando assessoria jurídica.

Ele relatou todo o processo que culminou em sua prisão, semana passada, por ter permitido a presença de uma emissora de TV nas dependências do Presídio Militar (Presmil), quando da realização de uma revista.  “A revista já estava marcada para o dia 1º de abril e não tive como adiá-la, só porque o pessoal da TV chegou com o comunicado que havia pedido autorização à Vara de Execuções Criminais para fazer matéria no Presmil. Como diretor do presídio sou subordinado à essa vara.  Jamais poderia comunicar o fato ao Comando da PM, pois sou subordinado ao comando, como tenente-coronel e não como diretor do Presmil”, explica.

Emoção ao lembrar dos filhos
Eliezer disse que legalmente o Presmil não existe.  “A unidade é  considerada uma unidade carcerária. Em nenhum momento a lei fala que é subordinado ao Comando da PM. A legislação diz que as unidades carcerárias são subordinadas às varas de execução criminal. E em nenhum momento eu compreendi que os meus atos fossem comunicados ao Comando Geral. Com isso, a minha exoneração deveria ter sido no mínimo da Secretaria de Justiça”, entende.

Regalias no Presmil

Indagado pelo Portal Infonet, sobre o que ele encontrou na vistoria, Eliezer disse que  foi tudo que a TV mostrou.  Com a insistência da repórter de que nem todo mundo assistiu à reportagem, Eliezer resolveu falar.  “Encontrei alicates, picaretas, talhadeiras, martelos, mais de 80 armas [e só tem 39 presos], sendo duas armas para cada um. Isso sem contar com aparelhos de Tvs, rádios, salas de musculação [com ferros que podem ser utilizados com armas] e ainda acesso à Internet”, conta.

Abuso de Autoridade

Tenente-coronel mostra documentos para provar inocências
Eliezer Santana disse ter sido impedido pelo coronel Rezende de passar os encargos para o coronel Sento Sé, sendo constrangido na frente da tropa.  “Parecia que era um fugitivo da lei. Não precisava nada disso, eu iria com meus próprios pés ao Quartel da PM, como o fiz. Coronel Rezende na ânsia de abuso de autoridade deu um pisão no meu pé, machucando minha unha. Eu perguntei se estava preso e ele disse que não.  Fui dirigindo para o quartel e quando cheguei lá, o sub-comandante Oliveira me deu ordem de prisão e flagrante, chamando como testemunhas os tenentes-coronéis Lúcio e César.  Como César se recusou, foi exonerado.  Por que não me deram ordem de prisão no Presmil?”, indaga, ressaltando que foi preso 30 horas depois de um suposto delito praticado no dia anterior. 

Major Secundo

Advogado Aníbal Monteiro esteve ao lado do cliente durante a coletiva
Entre os beneficiados com as regalias, está, de acordo com Eliezer, o major Secundo.  “Depois que fui preso, familiares dele, entraram no Presmil e arrombaram os cadeados da cela, com a conivência do comando da PM. Major Secundo reconquistou todas as regalias que eu havia retirado”, acusa lembrando que Secundo deveria estar preso por dez dias, mas está solto dentro do presídio. ‘Até sai para colocar o lixo na porta.  Para ele, o Presmil está sendo um albergue’.

Agressões

O tenente-coronel deixou claro que não trocou murros com outros policiais e que as agressões sofridas foram a pisada no pé, pelo coronel Resende e as agressões morais, como os gritos do sub-comandante Oliveira, que quis dar a conhecida “chave de estrela”.  “Minha arma foi apreendia com dez munições e ainda não foi devolvida. Foram três dias de perseguições, eu sofri retaliações físicas, passei mal, tive diarréia, pedi para ir ao médico, mas enviaram um médico que passou Floratil, soro caseiro, gelo para o dedo e diasepan. Eu nunca tomei diasepan”, ressalta.

Pensativo antes da coletiva
Vai continuar na PM

O tenente-coronel Eliezer garantiu que não pretende deixar a farda, por conta do amor à polícia. “Mas é preciso que haja mudanças no sistema, para que episódios como esse não voltem a se repetir. Se o presídio continuar do jeito que está, outros Giusepes vão fugir. Ali não foge quem não quer, eu fazia diariamente um trabalho psicológico para que o pessoal não fugisse. Desde o ano passado que compraram grades, mas não foram colocadas. Por que?.  Estou aguardando apenas a  manifestação do Comando Geral para entrar no Presmil como diretor e sair como ex”.

Por Aldaci de Souza

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