Juiz ouve testemunhas da defesa de acusados pela morte de procurador

Julgamento segue sem previsão de encerramento (Foto: Portal Infonet)

Segue no Fórum Gumersindo Bessa o julgamento dos três réus acusados pela morte do procurador do estado aposentado e ex-delegado de Polícia Civil Antonio de Melo Araújo. Três réus enfrentam júri popular, iniciado na quarta-feira, 28, e conduzido pelo juiz Alício de Oliveira Rocha Júnior, presidente do 1° Tribunal do Júri. Estão sendo julgados pela articulação do atropelamento que culminou com a morte do procurador aposentado no ano de 2014, a viúva Anoilza Santos Gama Melo de Araújo, Gabriel Ernesto Nogueira e Manoel Nogueira Neto, pai de Gabriel Ernesto.

Na manhã desta quinta-feira, 29, o juiz Alício Júnior encerrou a oitiva das testemunhas apresentadas pelo Ministério Público Estadual. E, nesta tarde, inicia uma nova fase com os depoimentos que serão prestados pelas testemunhas apresentadas pela equipe de advogados que atua na defesa dos três réus.

Pela manhã, o tempo foi suficiente para ouvir apenas as duas últimas testemunhas arroladas pelo Ministério Público que ainda não tinham prestado depoimento no júri. Um vizinho do casal [o Portal Infonet preserva a identidade das testemunhas] prestou um depoimento contundente que beneficia a tese do Ministério Público. Na presença do Corpo de Jurados, ele revelou que Anoilza chegou a procurá-lo, pedindo para ele apresentar alguém que pudesse matar o procurador. Ainda no depoimento, ele negou que tivesse conhecimento de violência na relação do casal.

Já uma ex-funcionária da empresa onde Anoilza trabalhou e com quem mantinha uma relação de amizade deu detalhes da vida pessoal da ré, informando que ela tinha um envolvimento extraconjugal com um rapaz que também trabalhava na mesma empresa. Na quarta-feira, 28, o rapaz prestou depoimento e confirmou o envolvimento amoroso com Anoilza.

A testemunha ouvida na manhã desta quinta-feira, 29, informou também que Anoilza confessou que sofreu agressões físicas e que teria dito que precisava encontrar um meio “para se livrar” do companheiro. De acordo com a colega de trabalho e amiga de Anoilza, foi praticado um plano em que a servidora da empresa, que era subordinada a Anoilza, teria telefonado várias vezes para o procurador, identificando-se como Ana proprietária do empreendimento para o qual trabalhava junto com Anoilza, revelando-se apaixonada e exigindo, para iniciar uma relação amorosa, que ele deixasse Anoilza.

No julgamento, a testemunha admitiu a articulação mentirosa, por ter “dó” da ré em função das supostas agressões físicas e disse que assim agiu a pedido da própria Anoilza, que tentava “se livrar” do procurador aposentado. Ainda relatou que Anoilza movimentava a conta bancária da vítima e que teria utilizado recursos do procurador aposentado para dar presentes ao amante, que também trabalhava na mesma empresa.

Teses divergentes

O promotor de justiça Rogério Ferreira não tem dúvida que Anoilza e os demais réus articularam o plano para matar o procurador aposentado e teriam agido conjuntamente para conseguir o veículo e contratar as duas pessoas que ocuparam o veículo com placa de Maceió para atropelar fatalmente Antonio Melo. Para o promotor de justiça, há prova cabal que ela se beneficiava dos recursos financeiros do procurador, motivo pelo qual ela não tomava iniciativa para pedir o divórcio. “Além da própria declaração de que ela queria se livrar do marido”, observa o promotor.

Em algum momento, houve embates calorosos entre o promotor de justiça e os advogados de defesa durante o depoimento de testemunhas. A advogada Isabelle Fontes, que atua na defesa de Anoilza, observou que o propósito do júri, constituído para julgar os réus pelo crime de homicídio, estava sendo desviado. “Há 12 horas que só se fala de adultério e tatuagem”, reagiu, durante o interrogatório da testemunha que trabalhava com Anoilza.

A advogada fez referência ao relacionamento extraconjugal que Anoilza mantinham com um funcionário da mesma empresa que trabalhava e à tatuagem que Anoilza teria feito em homenagem ao amante. “Infelizmente, teve testemunhas que conjecturaram bastante, mas não se trouxe fato novo. Apenas continuou relatos relacionados à vida pessoal da ré. Mas do acidente em si, não traz nada de novo e a defesa continua firme na sua crença”, observou o advogado Jairo Ramalho Alves, que divide com Isabelle a bancada de defesa de Anoilza.

O advogado Francisco Carlos de Moura, que atua na defesa de Gabriel Nogueira, também mantém a tese de inocência do cliente. Segundo observou, não há no processo provas que indiquem participação de Gabriel, denunciado como intermediário para contratar os supostos pistoleiros que teriam agido para atropelar o procurador aposentado. Ele lembra que nenhum dos dois ocupantes do veículo foi identificado, “apesar de existir imagens gravadas dessas pessoas”, conforme destacou em conversa com o Portal Infonet.

Procurado pelo Portal Infonet, o advogado Ricardo Henrique Nogueira de Oliveira, que atua na defesa do pai de Gabriel, acenou alegando que não teria interesse em conceder entrevista. O Portal Infonet permanece à disposição. O julgamento segue, no Fórum Gumersindo Bessa, sem previsão de encerramento.

por Cassia Santana

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