Tecendo rendas, urdindo memórias: este é o nome da exposição que estará ocorrendo até o final desse mês no Museu do Homem Sergipano – Muhse. O evento homenageia o mês do folclore e tem como objetivo resgatar o artesantato sergipano, em especial o trabalho das rendeiras que atuam na região de Poço Redondo. Contando com o apoio do Centro de Documentação e Pesquisa do Baixo São Francisco – CENDOP – e do Instituto Xingó, o acontecimento é organizado pela historiadora Verônica Nunes e pela antropóloga Beatriz Dantas. “É um trabalho de cunho social e que tenta ressaltar os patrimônios materiais e imateriais da história do Estado”, comenta a historiadora. A idéia de desenvolver a exposição foi baseada na riqueza de manifestações culturais presentes na região. A criação artesanal foi, então, documentada e percebeu-se o destaque do trabalho de cerca de 20 rendeiras, todas idosas (entre 64 e 88 anos de idade). “O trabalho dessas mulheres é algo muito importante e, infelizmente, o retorno é pequeno. É preciso abrir canais de comercialização e valorizar essa atividade”, diz a antropóloga. A tradição da confecção da renda em Poço Redondo é antiga. Embora o auge do ofício tenha ocorrido entre as décadas de 1930 e 1960, existem documentos que registram essa prática desde o ano de 1829. É por esse motivo que é tão importante a iniciativa de documentar manifestações como essas, pois, além de dar oportunidade de conhecimento dessa cultura aos visitantes, ajuda a manter e preservar a história de um povo. Ideal para aqueles que apreciam as especialidades da arte local, a exposição conta com excelentes fotografias, peças e um vídeo explicativo, que torna mais dinâmica a participação do público. Para Beatriz Dantas, o evento “é um verdadeiro desafio, que deve ser integrado ao conjunto social, para tentar sanar as dificuldades enfrentadas pelos artesãos do interior sergipano”.