Aquele que pinta a alma

Traços, cores, paisagens, linhas, formas, volumes. São com esses elementos que o artista plástico trabalha. Viver retratando a beleza dos movimentos e procurar, a cada nova obra, aperfeiçoar a realidade é o que os fazem ser incompreensíveis e ao mesmo tempo tão sublimes. Hoje, 8, é o Dia do Artista Plástico, talvez o seu dia seja raramente lembrado, porque poucos conseguem passar com uma imagem sentimentos tão profundos.

“A pintura não é um suporte, mas um alimento para a alma”, diz Ismael Pereira
O artista plástico Ismael Pereira define esta atividade como um alimento para sua alma. De acordo com ele, o artista não escolhe a arte, mas é escolhido por ela e essa definição faz toda a diferença entre um pintor e outro. “Nem sempre compreendidos, muitas vezes exaltados, assim os artistas plásticos vivem tentando refletir o que lhes vem na alma”, diz.

Como muitos artistas plásticos, Pereira comenta que não vive da arte e revela que isso interfere no tempo e estímulo para se preparar melhor. “A arte não me serve do ponto de vista financeiro. E o artista necessita se dedicar a esta profissão, buscando melhores condições de pesquisar”, diz ele, acrescentando que qualquer artista necessita conhecer uma parte mínima da história das artes,
Obra de Pereira, intitulada: Uma homenagem a Artur Bispo do Rosário
gêneros e escolas.

Diferente do que muitos imaginam, para o artista as dificuldades de incentivo financeiro não é o principal desafio da sua profissão, mas o campo de entendimento. “É raro existir um entendimento entre quem produz e quem consome. O artista é como se fosse um enigma e a falta dessa compreensão resulta na falta de reconhecimento e também da massagem no seu ego. O autor sofre por não ver sua obra entendida”, alega.

Sobre o artista ter o lado emotivo mais aguçado e em muitas vezes ser ‘irresponsável’ na visão social, Ismael Pereira comenta que a ciência explica que o artista trabalha mais com o lado direito do cérebro e por isso o procedimento dele, em geral, ser mais emotivo que racional. “O artista é mais contemplativo, interiorizado, essencialmente egocêntrico, por isso alguns acabam sendo um pouco irresponsável. Ele necessita ter um maior contato com o seu ‘eu’ e com a sua obra, mergulhando assim na sua interioridade para trazer a arte. É quando pode-se dizer que ‘ele bebeu na fonte da inspiração’”, ressalta.

Da mesma opinião é a artista plástica, Glória d’Avila, que dos 64 anos de idade conta com 40 destinada também a arte. “Os artistas de uma forma geral usam mais o hemisfério direito do cérebro e aqueles que não buscam o equilíbrio, numa sociedade capitalista como a nossa, não terá sucesso”, diz ela, que atualmente ministra aulas de neurolínguística associadas a pintura a óleo sobre tela.

A artista plástica Glória A”vila no ateliê em que ministra as aulas
No entanto, Glória não concorda com a tese de que o artista só faz sucesso depois de sua morte. Ela recorda que muitos daqueles que morreram pobres viviam na elite cultural de sua época, pois as obras têm uma grande valorização. “Atualmente, tem grandes pintores que fazem sucesso fora do país e aqui não são quase conhecidos, a exemplo de Hermelinda Almeida, que é do Ceará e deslanchou na Europa”, comenta.

Quanto ao talento conhecido como nato de quem muitas vezes tem pouca instrução, Glória d’Avila defende que também existe a carga genética. “Existe a possibilidade dos pais não terem dons artísticos, mas nós sofremos influência de quatro gerações antes da nossa”, comenta.

A professora ressalta que somente o fato do artista conseguir expressar sua alma numa obra já é um privilégio que deve ser lembrado no seu dia. “Os artistas plásticos têm muito o  que festejar. A sua tela representa a concepção do divino. A arte tem a possibilidade de romper barreiras e passar uma mensagem. Por isso, hoje, existe a necessidade de todo artista repensar sobre a responsabilidade que a sua obra representa perante a sociedade, pois ela também é um meio de comunicação”, diz.

Dia do Artista 

A data da comemoração foi escolhida em homenagem ao pintor José Ferraz de Almeida
Júnior, lembrando o seu nascimento em Itu-SP, no dia 8 de maio de 1851. Almeida Júnior estudou na Academia Imperial de Belas-Artes, onde foi aluno de Júlio Le Chevrel e de Vítor Meireles. Teve, também, formação européia, nomeadamente, na Escola Superior de Belas-Artes de Paris, tendo sido aluno do célebre Cabanel.

Almeida Júnior teve a vida e a carreira ricas em emoções e faleceu, tragicamente, em 13
de novembro de 1899, em Piracicaba-SP.

Por Raquel Almeida

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