“Avenca” é a mais nova produção cinematográfica sergipana

Alessandra e Mingau durante as gravações / Divulgação
Na sexta-feira, 13, desse mês, quem passou pela Rodoviária Nova viu uma cena pouco comum em Aracaju. Pessoas produzindo, com câmeras, equipamento de luz, captação de som. Era a captação das imagens do curta-metragem “Avenca”, a mais nova produção sergipana, dirigida pelo estreante Raphael Borges, mais conhecido no meio como “Mingau” e por Alessandra Sampaio, que os amigos chamam  de “Xaxá”. Raphael Mingau já estudou design, publicidade e artes visuais, e agora está trabalhando na área. Alessandra se formou em jornalismo e fez especialização em direção da Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro. Agora, a equipe, que conta com a produção executiva de Eloísa Galdino, está em fase de pós-produção do curta. Os planos são de colocar “Avenca” em película e lançar em festivais por todo o país. Em entrevista ao Portal Infonet os dois diretores falam das fases de produção do filme, e de como é filmar em Aracaju.

Portal Infonet – Como surgiu a idéia do curta-metragem?

Raphael Mingau – A idéia não é só minha. A gente está vindo de um trabalho político. Eu estava trabalhando com a Alessandra na WG Produções. E durante esse processo, a Joana Côrtes apresentou um texto do Caio Fernando Abreu, do livro “O ovo apunhalado”. O texto parecia um roteiro, e quando a gente leu indicava o caminho certo pra fazer um curta-metragem. Era impossível ler aquele texto e não pensar que daria um curta. Na hora do café eu mostrei o texto pra Alessandra. Ela gostou, e aí eu disse pra gente fazer um curta. Ela se amarrou e a gente fez. Foram quinze dias de produção, com uma equipe de vinte pessoas. A gente está agora no processo de montagem do filme e estamos muito animados.

Infonet – 15 dias é um tempo muito curto. Como foi a captação de recursos e de produção?

Alessandra Sampaio – A gente teve alguns apoios. A Brasil Filmes cedeu todo o equipamento, e tivemos apoio em todo o equipamento de luz. Também no transporte e alimentação a gente teve apoio. A equipe toda fez o curta no amor, na camaradagem mesmo, porque todo mundo acreditava no projeto.

RM – É importante destacar alguns profissionais que ajudaram o filme a ser realizado. A produtora executiva, Eloísa Galdino, foi uma delas. Sem ela a gente não teria conseguido boa parte dos apoios. Os produtores Melissa Warwick e Thiago Moraes. Sem eles a gente não teria conseguido tudo que a gente conseguiu, como alimentação, transporte, autorização da rodoviária… Na verdade a gente se aproveitou de uma situação da construção de uma amizade dentro de um processo de campanha política. Como todo mundo topou a gente fez o filme. Foi um embriãozinho que nasceu junto.

AS – Nasceu daí mesmo. Porque a maioria da equipe “tava” na campanha. Eu, o Mingau, o Oséas, o Thiago, a Eloísa, o Elialdo, que vai editar o filme, o Edson, que fez o som, todos nós nos conhecemos lá. O projeto começou a ser formado lá dentro. As pessoas começaram a saber de “Avenca” lá dentro. 

Infonet – Qual o roteiro do filme? O que ele se propõe a falar?

RM – É a história de um casal que, na nossa cabeça, teve um relacionamento. Porque é o seguinte: o texto já narra despedida desse casal. Na verdade o nome do texto é “Para uma avenca partindo”, e aí a gente reduziu esse título para “Avenca”. Avenca é uma planta de ornamentação bem delicadinha. É a história de um casal que na nossa cabeça teve um relacionamento intenso, teve alguns problemas e chegou a hora de se despedir. Ela por algum motivo não dá mais bola pra esse cara, e ele se aproveita da despedida para, de forma verborrágica, lavar roupa suja na rodoviária. Não é uma comédia. É um drama denso de um cara que quer a todo custo pelo menos dizer pra ela o quanto ele a ama, pelo menos o quanto ele a quer bem. Nunca fica muito claro no texto qual é a intenção do cara, mas pelo menos ele quer deixar a marca dele. Os atores são Nino Karva e Déborah Bahia.

Infonet – O que aconteceu de mais surpreendente nos três dias de gravação?

AS – Surpreendente foi a integração da equipe toda já no segundo dia. No primeiro dia a gente começou, tava dando tudo certo, tava tudo muito calmo pro ambiente que a gente tava filmando, que era uma rodoviária de movimentação dentro de um feriado. E no segundo, quando a gente tinha que fazer cena de ônibus, a equipe inteira já estava integrada, todo mundo mobilizado pelo filme. Muito legal também foi a colaboração da empresa que administra a rodoviária, que deu apoio total lá, hora nenhuma embarreirou a nossa passagem pra nada. Todos estavam muito receptivos com a gente, seja um ônibus que precisava parar, ou um banheiro que precisava fechar para filmar…

RM – Eu acho que impressionante mesmo é você jogar uma pedrinha num rio e poder ver como as coisas tomam dimensão e se propagam. Em um momento durante a campanha, a Xaxa chegou pra mim e disse, ‘Mingau, ainda não caiu a ficha pra você não né?’. E demorou muito a cair a ficha mesmo. Acho que só quando a gente começou a gravar eu pude ter a dimensão exata do que era o projeto, porque a gente estava dentro da rodoviária num processo documental que uma rodoviária exige, com todas aquelas pessoas interagindo, uma equipe que não era pequena… Isso tudo pra mim foi impressionante. Foi o meu primeiro trabalho em cinema e foi uma experiência impressionante. Vamos botar o filme na rua porque tem que botar, mas pra mim já ta valendo… (risos).

Infonet – O que vocês estão esperando agora? Qual o ritmo que vocês acham que o filme vai ganhar?

AS – É o que a gente te falou. Eu estou sentindo que “Avenca” está crescendo, que ela começou pequenininha na campanha, foi crescendo e agora toma uma dimensão imensa. É um carinho imenso por parte de todos para quem a gente fala do curta. Não só a equipe, mas os amigos, as pessoas que gostam de cinema, que estão começando a incentivar o cinema aqui em Aracaju, como a Indira Amaral e a Gabriela Caldas, que estão dando a maior força, que estão querendo ver o filme logo terminado. Eu estou muito feliz também por estar incentivando um processo de criação de cinema aqui em Aracaju. E comparando a produções feitas em outros lugares não faltou nada.

RM – Eu acho que quando você acredita numa coisa você vai lá e conquista. É bom parar com o discurso de que as coisas em Aracaju não acontecem. Aracaju é uma terra fantástica.

Infonet – O que foi mais desgastante pra vocês nesse tempo?

RM – A gente teve momentos de dificuldade em todas as etapas. No processo de produção a gente teve problemas, porque tivemos que transitar de uma equipe para outra.  A gente tinha uma outra equipe, que não era a da Brasil filmes, e eles tinham a agenda deles e nós tínhamos que adequar nossos horários aos deles. Se você tem uma equipe que não pode produzir aquele tempo, e como a gente “tava” fazendo tudo na camaradagem, tínhamos que nos adequar. Mas chegou uma hora que a gente não podia mais, porque a rodoviária “tava” lá, o ônibus “tava” lá e a gente precisava de todo mundo. Mas a gente foi burlando esses problemas.

AS – Uma coisa pode não caminhar do jeito que a gente imagina naquele momento, mas dez ou quinze minutos você contorna, arranja uma solução. É um desgaste mental sempre à procura de soluções para um problema. E todo dia tinha uma mudança. Quando achava que tava tranqüilo surgia uma coisa que fazia a gente pensar no que a gente ia fazer. Nessas horas a gente parava e dizia “Calma, isso faz parte do processo. Vai dar certo”. Por exemplo, dois dias antes de filmar não tínhamos a autorização da rodoviária. Com a equipe toda formada, atores ensaiados, tudo praticamente pronto e gente não tinha a autorização pra filmar. Depois me acordam 9h da manhã na sexta e falam “olha tá tudo certo, pode filmar”, isso na sexta-feira, a gente ia finalizar no sábado. Depois de tudo dá aquele alívio, aquele cansaço bom sabe… (risos).

Por Ben-Hur Correia e Andreza Azevedo

Para entrar em contato com Raphael Mingau, clique neste e-mail.

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