Confira a crítica da peça O Casamento Suspeitoso

O Casamento Suspeitoso, de Ariano Suassuna e montado em Sergipe pelo Grupo Oxente de Teatro, conta a história do casamento de Geraldo, rapaz abastado, com a interesseira Lúcia. Mostrando tramas e artimanhas de personagens como Dona Guida, Susana, Roberto Flávio, Cancão e Gaspar em torno do evento.

 

No geral a peça é muito boa, quem gosta do universo de tramas e personagens de Suassuna, e mesmo quem não gosta, com certeza apreciará a peça. Contudo, quem conhece Suassuna apenas pelo que viu no filme “O Auto da Compadecida”, pode se decepcionar, pois o tempo de teatro é outro, portanto como uma excelente obra e bem adaptada como foi pelo grupo, é crescente, aos poucos pesca o público e o insere no mundo dos personagens que se encontram no palco. Particularmente gosto muito disso, pois denota domínio de texto e fazer isso numa adaptação é difícil, e o fizeram com êxito.

 

A interpretação no geral é bastante equilibrada, não há nenhum ator ruim ou péssimo, todos são muito bons. Os personagens estão muito bem representados. Embora, as interpretações do Gaspar (Márcio Aislan), Geraldo (Gustavo Aragão) e Dona Guida sejam um espetáculo à parte. Um dos protagonistas, o Cancão, também chama a atenção, contudo seria interessante que no início da peça falasse não tão rápido o que dificulta a compreensão… claro, o problema não é falar rápido, mas sim sem articulação, em alguns momentos e sem respiração, mas isso aconteceu somente no início da peça, depois o mesmo se encontrou e fez um trabalho louvável. Não é condenável afinal, tratava-se de uma estréia.

 

A iluminação? É… é boa. O Cenário? Prático, maravilhosamente simples e eficaz. O figurino? Excelente, bem característico. Além do mais foi muito interessante o tempo de troca do figurino, quase imperceptível. A direção foi muito feliz. Estão de parabéns!

 

PONTOS  ALTOS

è Trilha sonora espetacular! Tão boa, que seria interessante que o grupo procurasse comercializar.

è Cena do casamento ministrado por Frei Roque

è Cena de encontros noturnos, com candeeiros

è Cena final

 

PONTOS MORTOS

è Nos primeiros minutos, onde ainda se está amarrando a trama, há muita informação que exige o máximo de atenção do espectador, é o momento chave, ou seja, os personagens nos são apresentados com suas respectivas características, isso é muito bom, ótimo diria até, pois é próprio de toda boa obra e típico de Suassuna. O que não ficou legal foi o recurso de dança do personagem Canção e Gaspar com a música da chegada das duas trambiqueiras, foi uma cena deslocada, com o objetivo claro e evidente de conseguir umas gargalhadas logo de início.

è Após a cena dos encontros noturnos, os candeeiros permanecerem até o final da peça acesos. Não foi interessante.

 

RECOMENDAÇÕES

Totalmente recomendável! Vale o ingresso, vale sair de casa. Poucas vezes em Aracaju se viu um espetáculo tão bem amarado, principalmente em se tratando de estréia. Desejo que este espetáculo, que diverte muito, tenha bastante tempo de vida.

 

Anderson Sant’ Anna é dramaturgo, diretor  e crítico teatral

novela@infonet.com.br

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