Quanto vale o show? Preço de ingressos gera polêmica

Tema bastante discutido, o preço de ingressos de shows em Aracaju gera polêmica entre produtores, estudantes e público em geral. Os primeiros alegam que é preciso certo investimento para produzir espetáculos e que o número de carteiras de meia-entrada na cidade é muito grande. Já os estudantes afirmam que o valor cobrado na bilheteria não corresponde à realidade local e que muito poderia ser feito para que os sergipanos tivessem mais acesso a eventos culturais.

 

O produtor cultural Ricardo Douglas afirma que o alto preço dos ingressos em Aracaju decorre da

Fabiano Oliveira
grande quantidade de carteiras de estudante, que, muitas vezes, são utilizadas incorretamente. “Cerca de 80% dos ingressos vendidos em shows e espetáculos são de meia-entrada e muitas são falsificadas, mas não temos como verificar isso, não é o nosso papel. Não há como fazer uma fiscalização segura porque isso acarretaria numa perda de tempo e até em possíveis constrangimentos para o consumidor. O que considero interessante é estabelecer uma cota para estudantes. Em São Paulo, por exemplo, há uma cota de 30% destinada para meia-entrada”, diz Ricardo.

 

Quanto à fiscalização, o empresário Fabiano Oliveira também admite ser um trabalho bastante complicado, mas que já tomou providências junto ao Ministério Público, assinando um termo de responsabilidade. “Fazemos o possível para manter a fiscalização que, claro, não pode ser perfeita. Entramos em contato com o MP e recebemos total apoio para manter o controle”, diz.

 

Secretário Luiz Alberto
O Secretário de Estado da Cultura, Luiz Alberto dos Santos, afirma que a secretaria não pode intervir no preço dos ingressos, que são estabelecidos pelos produtores, mas que colabora investindo em alguns espetáculos culturais, isentando o produtor de algumas taxas. “Às vezes, não cobramos as taxas estabelecidas pelo governo quando alguns espetáculos são gratuitos. Como os produtores estão visando, nestes casos, o incentivo á cultura, procuramos sempre ajudar, mas isso não significa que podemos baixar todas as taxas porque elas são valores já estabelecidos”, explica Luiz..

 

Ricardo Douglas afirma ainda que há poucos investidores e patrocinadores culturais em Sergipe, o que faz o preço do ingresso subir, já que o valor também é estabelecido pelas despesas com os artistas e com a produção dos mesmos. “Não temos grandes investidores culturais. Aracaju não é uma cidade com grande quantidade de patrocinadores. A maior parte das produções locais tem parcerias fixas, mas ainda assim encontram grandes obstáculos. A rede hoteleira, por exemplo, contribui bem pouco para a

Rafael Deangeles
redução de gastos, o que não ocorre em cidades como Salvador e Maceió, por exemplo”, diz.

Opinião

 

Mesmo com todas as explicações, estudantes afirmam que o valor de ingressos para shows em Aracaju ainda é bem dispendioso e não equivale ao custo de vida local. “Ultimamente, o preço inicial de um show com meia-entrada é R$ 30. E ainda dizem que é preço para estudantes. Acho que esse é um valor que visa à lucratividade. Não que eles estejam errados em lucrar, mas acredito que o valor do ingresso poderia ser mais baixo. Além disso, agora existem os lotes. Se a intenção é incentivar a cultura, para que ficar aumentando o preço por lotes?”, diz o estudante Rafael Deangeles.

 

O valor dos ingressos por tempo determinado parece não agradar a muitos estudantes, que questionam a necessidade do aumento. Para o estudante Bruno Souza, “esses lotes são um teste

Estudante Bruno Souza
de mercado. Depois que os produtores têm a certeza de que o público está realmente interessado em ir ao show, aumentam o valor do ingresso. Eles têm medo de arriscar e acabam colocando isso para o público consumidor, o que considero um absurdo”.

 

Ainda não há um sistema de cotas para meia-entrada em Aracaju. Enquanto isso, o estabelecido é que estudantes pagam metade do valor bruto do ingresso, mediante apresentação da carteira. Enquanto os demais devem pagar o valor total do ingresso. Mesmo com a complicada fiscalização, a falsificação de documentos e a falsidade ideológica são crimes previstos por lei. Portanto, só têm direito à meia-entrada aqueles que realmente comprovarem matrícula em alguma instituição de ensino.

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Por Jéssica Vieira e Carla Sousa

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