Fafen tem quase 50 mil toneladas de amônia e ureia estocadas

Fafen continua em hibernação (Foto: Facebook/Fafen)

Às vésperas da privatização articulada pelo Governo Federal, a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen), instalada no município de Laranjeiras, está com sua produção completamente parada, em processo de hibernação, e dispõe de um estoque de quase 50 mil toneladas de insumos utilizados na produção de fertilizantes. São 42 mil toneladas de ureia e outras 7,5 mil toneladas de amônia. Os números foram confirmados no início da tarde desta quinta-feira, 21, pelo gerente executivo da área de indústria da Petrobras, Luiz Eduardo Valente, responsável pelas refinarias e fábricas de fertilizantes vinculadas à estatal.

Valente concedeu entrevista ao Portal Infonet por telefone, momento em que assegurou estes estoques estão sendo comercializados e entregues aos clientes. Estes produtos, conforme ressaltou, devem ficar armazenados na Fafen em Laranjeiras durante cerca de três meses. Mas o gerente garante que os produtos estocados e com esta nova realidade da fábrica, em hibernação, não oferece prejuízos nem riscos ao meio ambiente e nem à saúde humana.

Mas os moradores reclamaram de sintomas semelhantes aos de intoxicação provocada por produtos químicos e também denunciaram ao Sindicato Unificado dos Trabalhadores Petroleiros, Petroquímicos, Químicos e Plástico nos Estado de Alagoas e Sergipe (Sindipetro) alterações observadas no manguezal onde a comunidade costuma capturar crustáceos para a sobrevivência.

O gerente executivo diz que estas reclamações não chegaram à Petrobras e que a Fafen continua monitorada. “Não detectamos a presença de nenhum gás nocivo, que tenha origem em nossas instalações”, disse. “Nossas medições são feitas diariamente e os valores [poluentes] estão zerados”, garante.

O gerente não revelou números, mas garantiu que a Fafen vem gerando “volumosos prejuízos” nos últimos anos. Mas assegura que a unidade é viável economicamente se operada pela iniciativa privada. “O refino de petróleo é mais robusto que o negócio de fertilizantes”, diz, observando que a Petrobras possui um elevando custo para manter a Fafen. “Não quer dizer que vai se replicar a estrutura de custo para a empresa [que adquirir a Fafen]”, diz.

O gerente executivo chama a atenção dos valores cobrados pelo Governo do Estado para o fornecimento de água e gás. Segundo Luiz Eduardo Valente, o Estado de Sergipe cobra R$ 30 milhões anuais para fornecer água para a Fafen e outros R$ 67 milhões anuais para entregar o gás. Custos considerados elevados, que, na ótica do gerente, devem ser negociados para garantir a operacionalidade da Fafen, após o arrendamento, com lucratividade. “A gente tem que ver tudo o que pode fazer para que o outro operador possa operar com lucro”, diz.

Valente explica que o processo de arrendamento foi fruto de entendimentos firmados pelo Governo do Estado de Sergipe com a Petrobras no ano passado. Medida que teria retardado o processo de hibernação, que estava previsto para ocorrer no mês de outubro do ano passado. O processo de licitação para o arrendamento foi iniciado e deverá ser concluído no mês de novembro deste ano, segundo o gerente executivo.

A Petrobras continua recebendo propostas, com base no edital, publicado no dia 10 de janeiro deste ano. Mas Valente não divulga detalhes dos interessados. Ele disse apenas que são propostas feitas por grupos de consórcios e também por empresas individuais. O processo, conforme o gerente executivo, está na fase de pré-qualificação das empresas interessadas no arrendamento.

Acordo trabalhista

O gerente executivo desconhece o acordo trabalhista firmado pela Petrobras nos anos 1990 com os trabalhadores da extinta Nitrofértil. Na época, os trabalhadores da unidade e o escritório do advogado Cezar Britto abdicaram de uma indenização trabalhista, avaliada em U$ 200 milhões [dólar americano] para evitar a privatização da Nitrofértil. Nestes entendimentos, nasceu a Fafen, com a estabilidade para os trabalhadores enquanto servidores públicos. “Esta questão não está sendo analisada. São números que você [a repórter] está me passando, que hoje não está na pauta”, resumiu.

O gerente executivo garante que nenhum dos trabalhadores será prejudicado com a privatização da Fafen. São cerca de 250 operários, que deverão ser deslocados para outras unidades da Petrobras, com perfil de maior lucratividade, que estão carentes de recursos humanos, segundo Valente. As unidades ainda não estão definidas. Mas algo é certo: a maioria será transferidas para outros Estados brasileiros. “Eu fui e vou para onde a Petrobras está precisando de mim”, ressalta, observando que é servidores da Petrobras há 39 anos.

Compensação

Na entrevista, o gerente executivo anunciou que a Petrobras pretende destinar R$ 26 milhões para execução de projetos sociais para atender a comunidade que reside nas proximidades onde a Fafen está instalada. Os recursos deverão ser liberados e aplicados pela área social da estatal, de acordo com projetos que deverão ser discutidos com os segmentos sociais, com o intuito de atender à demanda da comunidade. Apesar de anunciar a medida, o gerente executivo não soube explicar como está o andamento destas iniciativas, assegurando que os projetos estão concentrados na área social da estatal.

Conforme explicou, a medida seria uma espécie de compensação aos sergipanos afetados pela desativação da Fafen.

por Cassia Santana

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