Satélite da Nasa monitora Rio São Francisco

Um satélite da Nasa, a Agência Espacial norte-americana, poderá ajudar na identificação e monitoramento das condições ambientais do Vale do São Francisco, afirmou o coordenador do Programa de Revitalização pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), Athadeu Ferreira da Silva. Uma das mais recentes investidas no monitoramentom aconteceu em Sergipe e foram detectados 57 pontos de erosão. O trabalho foi desenvolvido em parceria com a UFS.

“Com o uso do sensoriamento remoto, como é denominado o processo, poderemos verificar as modificações ocorridas no meio ambiente da região nos últimos anos, acompanhar a evolução dos processos para a revitalização da área e ainda apontar tendências”,
explicou Ferreira da Silva. Segundo ele, as imagens do satélite permitem identificar a situação da vegetação, caracterizar os solos, definir os tipos de utilização das terras, avaliar as condições dos recursos hídricos e ainda identificar áreas de desmatamento e degradação
em toda a extensão do rio São Francisco.

A utilização de imagens do satélite TM LandSat para monitorar toda a região do Velho Chico foi debatida nesta semana, na sede da Codevasf em Sergipe, durante reunião entre o corpo técnico da empresa e membros do Fórum Colegiado do Núcleo de Articulação do Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do São Francisco – NAP/Sergipe, Cefet/SE, Chesf, Crea/SE, Ministério do Trabalho, OAB, Embrapa e Seplantec/SRH, além de representante do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco.

No entanto, advertiu o coordenador do Programa de Revitalização pela Codevasf, a utilização isolada do sistema não será suficiente para embasar os processos decisórios. “A grande vantagem é mostrar em uma área de 640 mil km² onde estão os principais pontos de
atenção. Porém, a atuação dos técnicos no local é indispensável para a identificação precisa dos problemas e para a análise de suas causas, até porque, em alguns, essas imagens demoram meses para serem obtidas em razão das condições climáticas”, explicou
Ferreira da Silva.

A viabilidade técnica e financeira do sensoriamento remoto ainda será avaliada pelo Governo Federal, antes de ser efetivamente utilizada pelo Programa de Revitalização, previsto no Projeto São Francisco. Este recurso já é utilizado em projetos específicos da
Codevasf, como o mapeamento do Vale do Parnaíba, a avaliação das condições na barragem de Itaparica (BA) e a determinação dos índices de precipitação em algumas regiões fruticultoras. O serviço também é oferecido para outros órgãos do Governo e instituições de ensino e pesquisa.


Resultados
Um dos mais recentes monitoramentos via satélite realizados na região Vale do São Francisco teve como foco o trecho inferior do rio. Desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Sergipe, o estudo identificou 57 pontos de erosão ao longo do
curso do Velho Chico. Dentre as soluções aplicadas para a contenção do processo erosivo das margens do São Francisco, uma nova tecnologia está sendo testada com êxito. Trata-se da biomanta em fibra de coco, uma criação da bioengenharia para a contenção das margens
do rio, que está sendo aplicada em um sítio experimental no perímetro Cotinguiba-Pindoba, no município de Propriá (SE).

Medidas complementares como o monitoramento do nível freático, o reflorestamento da mata ciliar, a implementação de ações para evitar o carregamento de material para o leito do rio pelas chuvas e ventos e, nos casos mais graves, a construção de muros de arrimos, também vêm sendo adotadas.

O projeto Agro-florestal, que consiste em um programa de educação ambiental aplicado junto à população sergipana, está recebendo investimentos da ordem dos R$ 280 mil. Considerada essencial para o sucesso das demais ações, a iniciativa prevê a capacitação de 100 jovens em práticas agro-ambientais, a formação de 250 multiplicadores e a construção de um viveiro com capacidade de produção para 250 mil mudas nativas. O programa deve ter início ainda neste ano.

Revitalização
Entre outras ações que estão sendo implementadas para a recuperação do São Francisco está a destinação de R$ 620 milhões em saneamento básico na região, principalmente em Minas, onde duzentas e cinqüenta comunidades não tratam seus efluentes e os lançam
diretamente no Velho Chico. O trabalho de despoluição do Rio das Velhas, o maior vetor de poluição do São Francisco, também já está sendo feito pelo Governo do Estado de Minas Gerais, com o apoio do Ministério da Integração Nacional.

Outros R$ 26 milhões dos ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional já estão sendo aplicados, neste ano, em ações com o objetivo de revitalizar o rio. Em 2005, as dotações específicas dos ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional serão
ampliadas para R$ 100 milhões.

No alto São Francisco, as prioridades estabelecidas pelo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) do Projeto de Integração são a proteção das nascentes, a recomposição das matas ciliares e o saneamento básico das cidades e vilas que se localizam às margens do
rio. No médio São Francisco, os pontos mais relevantes do programa estão centrados na complementação dos projetos de irrigação já iniciados e na melhoria da Hidrovia do São Francisco para garantir boas condições de navegação até Juazeiro.

O empreendimento, que propõe levar água para cerca de 12 milhões de pessoas no semi-árido nordestino, tem como objetivo captar do Velho Chico – e levar para as bacias dos rios Jaguaribe (CE), Apodi (RN), Piranhas-Açu (PB e RN), Paraíba (PB), Moxotó (PE) e Brígida (PE) – 26 metros cúbicos de água por segundo, ou seja, 1% do que o rio despeja no mar. O Ibama está conduzindo o processo de concessão da licença ambiental, que prevê, no mês de novembro, a realização de nove audiências públicas em diferentes cidades e
capitais do Nordeste. A expectativa é de que as obras físicas do projeto se iniciem nos primeiros meses de 2005.

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