Psicológa debate adoção com adolescentes

Marlizete Maldonado, escritora e doutora em Psicologia
Uma cartilha, um concurso de redação e um vasto conhecimento sobre o processo geral de adoção são as principais armas da psicóloga e escritora Marlizete Maldonado para despertar o interesse dos jovens ao tema. A gaúcha, que vive em Aracaju há alguns anos, levou os ideais do Grupo de Apoio à Adoção de Sergipe a algumas escolas da capital, com o objetivo de esclarecer dúvidas e desmistificar pré-conceitos estabelecidos pelos adolescentes sobre o assunto.

Doutora em Psicologia Ciência e Profissão pela PUC de Campinas (SP) e autora da elogiada obra Adoção Tardia – Da família sonhada à família possível, Maldonado conversou rapidamente, entre um compromisso e outro, com a equipe de jornalismo do Portal Infonet, sobre a iniciativa de discutir esta problemática nas escolas, a adoção na esfera jurídica e os novos conceitos de família.

Portal Infonet – Qual o principal objetivo deste projeto?
Marlizete Maldonado – É muito importante que o assunto “adoção” esteja inserido no projeto pedagógico das escolas. Então o objetivo é orientar os estudantes do 7º ao 9º ano sobre o processo geral de adoção, e fazer com que eles mostrem aos seus pais, irmãos e parentes, levando o assunto a toda família. Além das palestras e debates, há um concurso de redação. O projeto vai até o dia 26 de setembro, e as escolas estão recebendo muito bem a iniciativa, estão achando interessante.

Infonet – E o concurso de redação? De que forma ocorrerá?

Capa da cartilha distribuida
MM – Bom, primeiramente haverá uma seleção interna, na qual cada colégio poderá enviar até dez textos de alunos sobre o tema. Passada esta etapa, as redações passarão por uma banca formada por professores e psicólogos que escolherão os cinco vencedores. O primeiro colocado ganhará um notebook, o segundo um iPod, o terceiro um MP4, o quarto uma câmera fotográfica digital e  o quinto, um aparelho DVD.

Infonet – Nas palestras, os alunos interagem muito? Qual a dúvida mais pertinente nesses papos com eles?
MM – Sim, interagem e se mostram interessados. A maior parte dos questionamentos são em torno da possibilidade de devolver a criança e em relação a hora certa de contar que ela foi adotada.

Infonet – E quais foram as respostas dadas?
MM – Quanto à devolução, ela não existe. Há sim um novo abandono, que ocorre somente em processo de destituição, o qual pais biológicos também estão sujeitos, quando não cumprem de fato seu papel. Em relação ao momento ideal de revelar à adoção ao adotado, ela não existe. Desde sempre ela deve ter conhecimento para que a não enfrente isso como um problema.

Infonet – Este seria o erro mais comum cometido por casais adotantes?
MM – Também. Mas o que muitos não imaginam é que muitas pessoas que adotam têm preconceito à adoção, infelizmente. Acabam recorrendo por alguma incapacidade de procriação, por exemplo. Não dá para adotar por caridade. Não deveria nem existir a expressão “pais e filhos adotivos”, porque são pais e filhos, e pronto.

Uma das palestras realizadas por Maldonado
Infonet – A nova Lei de Adoção promete diminuir a burocracia e dinamizar o processo no Brasil. De fato, isso irá mesmo acontecer ou ficará só no papel?
MM – Irá sim, inclusive já está mais fácil adotar uma criança no país. Lógico que depende muito das condições que os adotantes impõem. Por exemplo, para adotar uma menina de até seis meses, loira e com olhos azuis no Rio de Janeiro, se a fila de espera for seguida corretamente, o último da fila a receberia daqui a 100 anos. No Nordeste então, essa criança nem nasceu ainda.

Infonet – Com a lei fica mais fácil para que solteiros e casais do mesmo sexo possam adotar, não é mesmo?
MM – Sim, sim. O homem solteiro ou a mulher solteira tem plenas condições de conseguir a guarda de uma criança, sendo submetidos aos mesmos processos solicitados pela Justiça aos casais. Quanto aos casais gays, mesmo ainda havendo alguns empecilhos judiciais, já não está mais tão difícil quanto se pensava, inclusive, já temos três casos do tipo no Brasil.

Infonet – E qual a opinião da senhora sobre essa nova configuração de família?
MM – Eu acho que é muito melhor para a criança ter um pai solteiro, uma mãe solteira, dois pais ou duas mães, recebendo afeto em um lar do que ficar em um abrigo. O novo século trouxe a possibilidade de novos conceitos de família. Hoje vemos famílias recasadas, que fez as figuras de padrasto e madrasta, por exemplo, serem mais respeitadas no âmbito familiar. Se pararmos e analisarmos bem, os filhos que anteriormente eram considerados convencionais, hoje são os diferentes.

Por Glauco Vinícius e Carla Sousa

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