Ana Lula despede-se do Legislativo com a sensação do dever cumprido

Ana Lula discursou por um bom tempo diante de um plenário atento, composto por aliados e adversários, e de galerias tomadas por admiradores, amigos e familiares (Foto: Jadílson Simões)

“Minha opção política, minhas concepções e meu compromisso com a luta popular pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária, jamais permitirão que eu deixe de continuar aproveitando qualquer espaço de natureza pública, como é o caso dessa tribuna, para empreender a defesa do bom, do justo e do melhor, sempre na perspectiva de combater a opressão e a iniquidade, que tristemente caracterizam a nossa sociedade”.

Com esta linha de pensamento, a deputada estadual Ana Lúcia (PT), ou simplesmente “Ana Lula”, que está encerrando seu quarto mandato parlamentar, subiu à tribuna da Assembleia Legislativa, essa semana, para se despedir não apenas de seus pares, mas também agradecer e ser abraçada pelos profissionais do Magistério, pela militância do Partido dos Trabalhadores, pelas diversas entidades sindicais e movimentos sociais que sempre deram altivez ao seu mandato parlamentar, que sempre valorizaram suas lutas.

Ana Lula discursou por um bom tempo diante de um plenário atento, composto por aliados e adversários, e de galerias tomadas por admiradores, amigos e familiares, por gente que aprovou sua atuação parlamentar nos últimos 16 anos. Fez questão de se pronunciar, de se manifestar e simbolizar sua trajetória política com um discurso exatamente no dia 13, numa das inúmeras homenagens que ao longo de sua história prestou ao Partido dos Trabalhadores. Nem precisava dizer também que o “Ana Lula” é um símbolo de resistência à prisão do ex-presidente da República.

Rebeldia e Magistério

Sempre afeita ao “contraditório”, ao “divergir”, Ana Lula não escondeu ou negou seu perfil “rebelde” e pontuou que, como militante social, entende que o espaço para expressar seus valores não é limitado fisicamente e, muito menos, aquilo que é “permitido ou tolerado”. “O amor pelas letras conduziu-me à uma convicção muito firme no momento de escolher meus caminhos, a formação universitária e a profissão que abraçaria por toda a vida: a educação, o magistério, a sala de aula”.

Luta sindical

Em seguida, a deputada detalhou momentos relevantes de seu ingresso na militância sindical e partidária. Registrou a militância de seu irmão Mário Jorge na luta contra a ditadura militar e a luta de sua mãe, Dona Ivone, pela redemocratização. “Minha geração de companheiros e educadores, inspirada pela revolução social que abalara o mundo em 68, pela experiência de contestação e do enfrentamento à violência estatal dos militares, pelas lições do mestre Paulo Freire e, não menos importante, pela utilização da cultura como forma de conscientização e contraposição, organizou-se em busca da unidade”.

Filiação partidária

Depois da Fundação do Partido dos Trabalhadores e da Central Única dos Trabalhadores, Ana Lula falou de sua filiação ao PT, da conquista do Sintese, da reestruturação do movimento sindical sergipano com o protagonismo dos professores e petroleiros, além da chegada de novos quadros como José Eduardo Dutra e Marcelo Déda (in memoriam), culminando com a reconstrução do movimento estudantil e com o enfrentamento político aos governos da época, até chegar à presidência do Sindicato dos Professores em 1992.

Trajetória parlamentar

Eleita deputada estadual pela primeira vez em 2002, Ana Lula lembrou que a conquista do PT em 2006, assumindo o Governo de Sergipe, inaugurou uma nova fase na vida política do Estado. Reeleita para seu segundo mandato, a parlamentar destacou a experiência de assumir a Secretaria de Estado da Inclusão e Desenvolvimento Social. “Pude conhecer com maior profundidade o relevante papel desempenhado pela assistência social, em uma perspectiva que não guarda relação com conceitos como caridade ou mero assistencialismo”. Depois obteve mais duas reeleições: em 2010 e em 2014.

Mandatos populares

Por fim, a deputada enfatizou seus quatro mandatos populares e democráticos, que se construíram com fulcro no ativismo, amplamente apoiados na mobilização dos trabalhadores, das professoras e professores, das mulheres, dos jovens, da população negra, LGBT, quilombola, indígena, na luta dos camponeses, dos servidores públicos, dos setores progressistas e democráticos. “Um mandato que sempre encontrou sua razão de ser na luta pela transformação radical da sociedade”.

“Nosso mandato provou que esta é uma conta errada de nossas elites. Organizados, sempre seremos maioria. Sempre seremos uma alternativa concreta de poder. Ao abrirmos as portas do nosso gabinete há 16 anos, já trazíamos conosco uma concepção muito consolidada: a de que estávamos abrindo as portas para toda a sociedade organizada”, disse, acrescentando que “o povo sergipano e o movimento social ganhavam também assento neste plenário para a disputa política de que sempre foram excluídos”.

Agradecimentos

Ana Lula agradeceu a todos os presentes, a todos que lhe ajudaram a construir esses 16 anos de mandato, em especial sua equipe de assessores. “Agradeço ao povo humilde de Sergipe, às mulheres e homens que constroem e que é a verdadeira riqueza de minha terra. Devo mais do que meu agradecimento. Devo a reafirmação de meu compromisso de honrar a sua história de luta e de resistência. Devo a renovação de meu compromisso com a construção de um futuro livre da desigualdade, avesso à exclusão, à intolerância e ao preconceito”.

Fonte: Rede Alese

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