Covid-19: casos aumentam 300% em 16 dias na capital sergipana

(Foto: André Moreira)

Nos últimos 16 dias, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aracaju registrou um aumento de aproximadamente 300% no número de pessoas infectadas pelo coronavírus na capital sergipana. Um crescimento que desperta uma grande preocupação com os espaços disponíveis na rede de atendimento. Mantendo esse patamar na estatística, a secretária municipal de saúde, Waneska Barbosa, não descarta a possibilidade da rede de saúde sofrer um estrangulamento na prestação dos serviços a pacientes positivados com a covid-19, infecção que já matou 21 pessoas em Sergipe [oito em Aracaju] e outros milhares de paciente no mundo.

De acordo com informações da secretária, no primeiro momento, quando começaram a surgir os primeiros casos na capital sergipana, a Secretaria Municipal de Saúde observou que foram necessários 36 dias para se registrar os primeiros 100 pacientes infectados. Mas após 16 dias, esse número subiu para 467 casos, o que significa, pelo cálculos da secretária, um crescimento superior a 300% no período.

No momento, a Secretaria Municipal de Saúde registra uma taxa de ocupação de 20,6% da capacidade de leitos ofertados em enfermarias na rede de saúde e de 23,9% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A secretária municipal de saúde observa que a realidade atual se traduz como reflexo dos fatos ocorridos nos 14 dias anteriores. “Pelos nossos cálculos, se mantiver esse crescimento, nos próximos 21 dias a gente acaba sufocando o sistema de saúde”, alerta Barboza, considerando que entre 10% a 15% dos casos confirmados da doença há necessidade de internamento.

Considerando o tempo de internação em patamar maior que sete dias, há chance de ocorrer ocupação expressiva, em torno de 50% da capacidade disponibilizada, nos próximos 30 dias, na avaliação da secretária municipal. Ela entende que o crescimento preocupante dos casos confirmados tem consequência no afrouxamento ocorrido no isolamento social, que continua sendo necessário e fundamental para barrar a proliferação do coronavírus. Quanto mais as pessoas saem do isolamento social, os riscos de contaminação são ainda maiores, conforme alerta a secretária Waneska Barbosa.

Foi isso que levou a Prefeitura de Aracaju a adotar medidas mais restritivas, com o propósito de reduzir a velocidade de infecção, cujo reflexo será conhecido nos próximos 14 dias, conforme entendimento de Waneska Barboza. Ela observa que as pessoas não acreditaram na proliferação do coronavírus e ficaram com a falsa sensação de que Aracaju não oferecia riscos maiores de contaminação.

Comportamento que provocou uma queda em torno de 40% a 50% do isolamento social na capital sergipana. “As pessoas ficaram com aquela falsa sensação de que não tinha nada, mas havia crescimento lento”, observou. “O isolamento social é extremamente necessário, é a única forma de barrar a transmissão”, diz.

Em Aracaju, os testes positivos estão em maior destaque entre jovens, com faixa etária entre 20 e 39 anos. Embora sejam os casos menos complexos no quadro de saúde, são esses jovens a porta da disseminação da doença em casa. “Os mais jovens não são os que mais complicam, por isso a taxa de ocupação de leito não está tão alta, mas eles transmitem para os grupos de risco. Vão para as ruas, transitam, pegam [a doença] e, em casa, transmitem. É preciso que os jovens respeitem o isolamento”, complementa.

A secretária alerta que as cardiopatias e o diabetes são doenças associadas aos casos de óbitos registrados em função do coronavírus em Aracaju. Todos os pacientes que morreram na capital sergipana em consequência da Covid-19 possuem faixa etária acima dos 60 anos, segundo a secretária.

Rede de atendimento

A Secretaria Municipal de Aracaju criou uma rede de atendimento exclusivo para pacientes positivados com o coronavírus e atualmente oferta 63 leitos na capital sergipana: são sete leitos de enfermaria exclusivos no Hospital Zona Sul, no Augusto Franco; outros 20 leitos contratados com o hospital filantrópico São José; 20 leitos no CAPS Jael, no bairro D. Luciano, na zona norte, e mais 16 outros leitos disponibilizados no Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), no bairro Santo Antonio.

Há uma perspectiva de aumento no número de leitos que serão disponibilizados pela Prefeitura de Aracaju. Conforme Waneska Barboza, a Secretaria Municipal de Saúde está fechando convênio para contratação de 15 leitos de enfermaria pediátrica na Maternidade Santa Isabel, mais outros sete leitos serão disponibilizados de forma exclusiva no Hospital Municipal Nestor Piva, Zona Norte, e aqueles 152 outros leitos que estão sendo erguidos no hospital de campanha, que deverá entrar em atividade a partir do próximo dia 15, segundo a secretária.

Atualmente, conforme a estatística apresentada pela secretária Waneska Barboza, dos 63 leitos de enfermaria disponibilizados, 13 estão ocupados com pacientes positivados para a covid-19, o que significa uma ocupação de 20,6% da capacidade de enfermaria. Por outro lado, dos 46 leitos de UTI disponíveis em Aracaju, 11 estão ocupados, o que significa uma taxa de ocupação no patamar de 23,9%.

Estatística

O último boletim foi divulgado na segunda-feira, 4, apresentou 467 casos da covid-19 na capital sergipana, com oito óbitos, segundo a secrertária. Há 21 pacientes internados e outros 395 se recuperando em isolamento domiciliar. Outros 44 pacientes já são considerados curados porque passaram pelo período de quarentena e nove pessoas apresentaram quadro sintomáticos suspeitos e permanecem aguardando os resultados dos exames. Entre esses nove pacientes, seis estão internados e outros três continuam em isolamento domiciliar, aguardando os resultados dos exames.

A Secretaria Municipal de Saúde já realizou 1.747 exames. Foi descartada a presença do coronavírus em 1.271 pacientes que foram submetidos aos exames. Entre os confirmados, que se encontram internados [total de 21], 11 estão em leitos de retarguarda, de enfermaria, e 10 estão em UTI. Há também outros seis casos suspeitos, com necessidade de internamento: um dos pacientes se encontra em sala de estabilização e outros dois em UTI e três estão em enfermaria na rede pública.

 

por Cassia Santana

 

 

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