Serviço de Apoio Psicológico é oferecido pela Prefeitura de Aracaju

Cerca de 20 profissionais compõem o serviço, que funciona diariamente, das 8h às 20h, através do número 0800 7293534 (Foto: Ascom/ PMA)

Num momento de pandemia, o conceito de saúde se mostra muito além do aspecto físico. Cuidar do corpo como um todo se torna essencial. Considerando as circunstâncias atuais, a Prefeitura de Aracaju planejou e passou a ofertar à população aracajuana o Serviço de Apoio Psicológico Remoto. Para isso, a Secretaria Municipal da Saúde realocou psicólogos da rede para o enfrentamento à Covid-19 no âmbito de seus desdobramentos na saúde mental.

Cerca de 20 profissionais compõem o serviço, que funciona diariamente, das 8h às 20h, através do número 0800 7293534. Têm procurado o serviço pessoas, confirmadas ou não para a doença, que sofrem angústias, medos, ansiedade e, do outro lado da linha, estão disponíveis profissionais que as ajudam a enfrentá-los.

Larissa Porto é uma delas. Psicóloga da atenção primária da rede municipal, ela atuava numa Unidade Básica de Saúde (UBS) e viu sua rotina mudar completamente. Até o local e trabalho é outro: da própria casa, entre as 14h e as 20h, ela atende ligações de usuários que precisam de ajuda.

“É um serviço que foi muito necessário, porque os atendimentos presenciais foram suspensos. Desde abril, estamos no serviço remoto e recebemos ligações por diversas necessidades, como ansiedade, medo, preocupação com familiares”, revela. Há alguns quadros mais agravados ou mais simples, segundo Larissa.

Demandas

“Muitos casos são de pessoas que estão se sentindo sozinhas, por conta do isolamento, mas existem ligações mais graves. Em uma delas, a pessoa ligou para pedir ajuda porque tinha acabado de fazer uma tentativa de suicídio. Enquanto profissional de saúde, tenho que saber desse manejo também, ligar para o Samu, e depois colocá-la num atendimento mais contínuo para entender o contexto”, destaca.

Larissa admite que se sente importante ao realizar esse tipo de atendimento, pois entende que a Psicologia é essencial nesse processo. “A gente percebe quantas pessoas ficam adoecidas emocionalmente, porque, às vezes, a pessoa se preocupa com a saúde física e esquece que a questão emocional acarreta problemas físicos. Há pacientes que estão com taquicardia, falta de ar, e acham que é suspeita de covid-19, mas é ansiedade generalizada”, exemplifica.

Psicóloga Viviane Torres (Foto: Ascom/ PMA)

Larissa lembra que, para a transição do atendimento presencial para o remoto, os psicólogos passaram por capacitações e treinamentos. “O Conselho Federal de Psicologia passou orientações, resoluções, minicursos, para que a gente pudesse entender como proceder”, justifica.

Hoje, o serviço já está consolidado entre os profissionais e os usuários. “Eu costumo dizer que o mundo está se reinventando, e a Psicologia também caminhou para essa mudança. É muito diferente para nós, que atendíamos ao paciente presencialmente, o acolhimento é diferente. Mas fico muito feliz com esse novo modelo em que acolhemos a angústia dele, sem saber o que está por trás dela”, afirma a psicóloga Viviane Torres.

Viviane também atuava numa UBS, como referência na Saúde Mental Infantil. Hoje, lida com contextos relacionados à pandemia. Ela começa os atendimentos às 8h e segue até às 14h, e o que mais vê são pessoas angustiadas pelo isolamento social. “A gente também foi colocado numa mudança sem aviso prévio, precisamos mudar a vida do dia para a noite, mas muitas pessoas não estão preparadas para isso”, admite a psicóloga.

Ela também vê a Psicologia como uma área de atuação essencial nesse momento. “E será assim por muito tempo ainda, com os reflexos da pandemia. Escutar o paciente é nossa maior arma e a maior ajuda que podemos oferecer, portanto, me sinto útil. Por um momento, fiquei a me questionar como poderíamos ajudar, e hoje vejo que era possível e como podemos fazer bem, mesmo sem o olho no olho, sem o acolhimento presencial”, comemora.

Mesmo tendo esse sentimento, Viviane reconhece que tem sido bastante desafiador. “Eu lidava com crianças e hoje lido com qualquer pessoa, de várias demandas. Meu coração e minha escuta estão abertos para quem ligar, esse é um desafio pessoal e profissional e um grande aprendizado da pandemia”, reitera.

Suporte

Apoiadora institucional da Rede de Atenção Psicossocial da Prefeitura, Mairla Machado Protázio supervisiona e monitora o Serviço de Apoio Psicológico. O trabalho dela tem sido o de apoiar as equipes, dar suporte aos profissionais que fazem os atendimentos. “Na questão da saúde mental, a gente não faz nada sozinho. A gente trabalha em equipe para garantir um atendimento de qualidade para os usuários”, afirma Mairla.

Muitas vezes, os psicólogos atendem a casos complexos, que são compartilhados, sempre em sigilo, para que seja dado o melhor encaminhamento possível ao usuário. “Faço o trabalho de apoio, de supervisão, discutindo os casos, debatendo maneiras para dar encaminhamento aos casos, às queixas ou as demandas”, reforça.

Ela vê o serviço como um suporte emocional. “Eu avalio como extremamente importante, porque a gente tem lido nas cartilhas do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) como a Psicologia deve ser colocada como protagonista também em momentos de crise sanitária e pandemia, justamente para dar essa retaguarda de suporte e apoio emocional à população”, ressalta.

Mairla confirma que as principais queixas e demandas são relacionadas à solidão, medo e ansiedade. “São as palavras que mais aparecem quando fazemos um balanço do atendimento. Então, é essencial que a gente possa,  médio e longo prazos, cuidar dessa população que está passando por essa crise”, diz Mairla.

Ela acredita que o pós-pandemia será um desafio, porque vai haver pessoas com crises que não tinham antes. “Acho que a gente vai enxergar a saúde mental de maneira diferente, vai reconhecer a necessidade do trabalho de psicólogos. No pós-pandemia a gente vai ter uma população um pouco mais preocupada e atenta em cuidar do emocional, do sentimento, das crises, das necessidades emocionais”, reitera.

Nesse sentido, para a psicóloga, é dever do poder público, como especificado nas cartilhas de orientação, que Estados e Municípios adotem estratégias para enfrentar uma pandemia, e o serviço de apoio psicológico surgiu exatamente para atender a essa necessidade. “Mostrando que dar suporte à população pela via da saúde mental também é uma prioridade”.

Fonte: PMA

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