Mães ficam desesperadas com falta de insumos (Foto: Arquivo Infonet) |
Crianças com câncer estão encontrando dificuldades para dar continuidade ao tratamento na Oncologia do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse). São muitas as denúncias que indicam a falta de medicação e muitos outros insumos indispensáveis à assistência aos pacientes com câncer. Segundo os reclamantes, está faltando álcool para fazer a limpeza dos leitos, papel higiênico e até equipo, instrumento indispensável para aplicação de soro nos pacientes.
No final da manhã desta terça-feira, 29, um fato curioso surpreendeu duas mulheres, mães de crianças – uma com 12 e outra com 13 anos – que fazem tratamento oncológico naquele setor do Huse. Ali, as mulheres ficaram informadas que a Oncologia do Huse não dispunha do medicamento granulokine, obrigatoriamente ingerido por sete dias por pacientes que se submetem a quimioterapia.
As duas mulheres ficaram desesperadas. A criança de 12 anos teria recebido alta na segunda-feira, 28, e reside no interior, mas a mãe foi obrigada a permanecer em Aracaju porque depende da liberação da medicação para retornar à residência. E a outra criança recebeu alta na manhã desta terça-feira, 29, e, da mesma forma, a mãe recebeu a informação de que o medicamento estaria em falta.
Sem saber que norte tomar, as duas mulheres decidiram pedir apoio ao Ministério Público Estadual (MPE). A equipe da Promotoria Especializada dos Direitos à Saúde do MPE entrou em contato com a Oncologia do Huse e, de forma surpreendente, recebeu a informação de que a medicação não estava em falta no hospital. “Como, se nos disseram hoje que não havia medicação?”, questionaram as mães, que preferem o anonimato.
As duas mulheres retornaram para a unidade na esperança de receber a medicação. A coordenadora de oncologia do Huse, Ruth Andrade, disse que não teria competência para dar respostas sobre a falta de insumos porque não seria responsável pelo setor de compras e que as respostas deveriam ser encontradas na Fundação Hospitalar de Sergipe (FHS), mas garantiu que a medicação não esteva em falta.
Casa de Apoio
Entre os pacientes, o sentimento é de dor e desolamento. “A gente ficar assim sem saber o que fazer porque a oncologia é a nossa segunda casa”, diz uma mãe. “A gente tem dia certo para volta, mas não sabemos quando a gente sai, e este medicamento é indispensável”, conta. Ela informa que os próprios médicos que fazem o atendimento as orientam a buscar ajuda em casas de apoio a pacientes oncológicos existentes em Aracaju.
Em Aracaju, há duas casas de apoio a crianças que recebem este tipo de tratamento: a Associação dos Voluntários a Serviço da Oncologia em Sergipe (Avosos), que atende a cerca de 400 crianças, e o Grupo de Apoio a Criança com Câncer (GACC), que atende a 65 pacientes da mesma faixa etária. Procurados pela reportagem do Portal Infonet, representantes de ambas as instituições revelam que a falta de medicamento naquela unidade de saúde é uma constante e que ambas as instituições, apesar das dificuldades financeiras que enfrentam devido aos elevados custos da medicação, costumam abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS) com a referida medicação.
“Um dia sem a medicação faz muita diferença na vida destas crianças, mas nós não temos como arcar com as despesas para suprir a necessidade de todas as crianças que atendemos porque as dificuldades são grandes”, diz a assistente social Renata Cristina Barroso, do GACC. “A entidade sobrevive de doações e os medicamentos são caríssimos”, justifica.
FHS
A FHS encaminhou nota ás 16h16 sobre o problema apresentado. "A Fundação Hospitalar de Saúde informa que a medicação granulokine foi ressuprida normalmente ontem e não acusamos falta desse tipo de medicação na Oncologia no Hospital de Urgência de Sergipe – Huse. Acreditamos que possa ter ocorrido algum tipo de erro de informação entre as partes", esclarece a FHS.
Por Cássia Santana
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