Quaresma inicia com lançamento da Campanha da Fraternidade 2007

Padre Jerônimo Peixoto
Após o carnaval, a quarta-feira de cinzas anuncia um período de reflexão e conversão. A quaresma, tradicionalmente praticada pela Igreja Católica, não traz mais – nos dias de hoje – os rituais e tradições como imposição da Igreja, mas busca num momento conflituoso e de corrupção incentivar que os cristãos procurem refletir pensando na vida em comunidade e no bem – estar do próximo. “O momento é de reflexão, de aproximação dos méritos divinos, é você pensar que enfrentando a problemática do dia-a-dia pode encontrar em Jesus a vitória”, define a quaresma o Pe. Jerônimo Peixoto, pároco da Catedral Metropolitana de Aracaju. “É um período de preparação para a páscoa, que é a maior e mais importante festa para o cristianismo”.

 

O Período Quaresmal começa com lançamento da Campanha da Fraternidade 2007. O lançamento oficial da Campanha aconteceu em Belém (PA) no último dia 21. A escolha do local foi ocasionada pelos índices do IBGE, que apontou o Estado de maior índice de desmantamento dentro da Amazônia. Em Sergipe, o lançamento acontece neste sábado, 24, às 16h na Catedral Metropolitana, que contará com a presença do Arcebispo Dom Palmeira Lessa. 

 

A quaresma trabalha em suas comemorações três aspectos: a oração, o jejum e a caridade fraterna – a comum esmola. A oração como colóquio com Deus, escutar e falar com Ele, colocando seus problemas e anseios em suas conversas com o Senhor. O jejum no sentido de partilhar, não deixar de comer simplesmente, mas “deixar de comer para partilhar com quem faz jejum o ano inteiro”. E a caridade no sentido de incentivar que o cidadão possa por si conquistar seu espaço na sociedade. “É a promoção humana, proclamar a dignidade da pessoa”, define o Padre Jerônimo Peixoto.

 

Campanha da Fraternidade

 

Neste sentido é realizada há 43 anos a Campanha da Fraternidade. Uma iniciativa única e exclusiva da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que inspirado numas das três dimensões da Quaresma, a caridade fraterna, mobiliza toda a sociedade para uma causa, no intuito de voltar o país para a problemática sugerida, sensibilizando e provocando discussões na intenção de estabelecer projetos e soluções, a exemplo do Estatuto do Idoso e o da Criança, temas sugeridos pelas campanhas. “É visualizar concretamente o problema social”, resume.

 

O tema trabalhado nas campanhas da fraternidade tem se voltado para as problemáticas sociais, ‘chagas sociais e vitais para a vida’, há mais de uma década. Nos cinco primeiros anos de campanha, os temas foram relacionados ao âmbito interno da igreja chamando o fiel de volta para as coisas de Deus. Nos sete anos seguintes temas de abrangência social como pobreza e corrupção foram tratados na tentativa de envolver a sociedade. Inovando e dando espaço para as causas vitais do planeta, que o próprio homem vem degradando, a campanha da fraternidade escolhe temas de preocupação nacional levando em consideração razões políticas, sociais, ecológicas e vitais.

 

‘Amazônia e Fraternidade – Vida e Missão Neste Chão’

 

Cartaz da Campanha da Fraternidade 2007
Pensando nesse contexto a Campanha da Fraternidade 2007 tem a Amazônia como centro, com o tema: ‘Amazônia e Fraternidade – Vida e Missão Neste Chão’. Um tema que tem razões suficientes para que seja trabalhado, e que a sociedade conheça e se concentre em seus problemas numa busca em conjunto para solucioná-los.

 

Politicamente a Amazônia é um território disputado entre nações pelo seu potencial. É um manancial de água que comporta 12% da água do mundo. É um centro de biodiversidade onde potencialidades das plantas são descobertas a cada dia. “A Amazônia é um território que muitos países almejam para desfrutar das suas riquezas ainda desconhecidas. E entendendo que paises interessados desejam se apossar, o que já acontece quando remédios são manipulados através das plantas amazônicas e são patenteados por estrangeiros, a CNBB vem tratar desse aspecto conscientizando a população brasileira para que não haja uma invasão”, explica Pe. Jerônimo.

 

No aspecto socia,l a Campanha em 2007 lembra a necessidade de se valorizar e preservar a vida indígena na Amazônia. São 132 etnias espalhadas pela Amazônia onde a civilização já adentrou trazendo doenças, miscigenação, choques culturais, além dos conflitos, muitos deles por terra. Há uma preocupação com a concentração urbana, entendendo que não é um problema específico da região, mas que assusta por também se encontrar numa região onde a densidade demográfica é muito baixa.

 

Outro fator a ser tratado é a questão ecológica. A preservação da fauna, flora, dos rios, da caça e pesca predatória, da poluição, do desmatamento, da derrubada ilegal, sonegação e contrabando da madeira, todas as conseqüências do desfrute inconsciente e devastador do homem são motivos para trazer a tona a necessidade da preservação, por uma questão vital. “A igreja está proporcionando a você a conhecer a problemática”, explica o pároco.

 

Sergipe

 

Em Sergipe, o aspecto ecológico será discutido com muita ênfase trazendo o assunto para os problemas locais, como a transposição do São Francisco. “Nós também temos rios e sofremos com seus problemas”, explica o pároco, que cita temas a serem abordados nos seminários contextualizados em Aracaju. “Escassez da água, coleta seletiva do lixo, reflorestamento da mata ciliar são temas que nos envolvem”, cita. “Queremos criar sobretudo em cada ser humano a consciência do cidadão ecológico. Despertar o interesse pela natureza como pelas pessoas”, resume.

 

Em relação à transposição, Pe. Jerônimo é enfático “sou radicalmente contra”. Segundo ele os Estados do Nordeste Setentrional não necessitam de água para o consumo humano e que a transposição ainda assim não iria favorecer a população, mas sim financiar o cultivo de viveiros de camarão, atividade bastante praticada por grandes empresários. Ele ainda justifica que em Sergipe não há abundância de água para que seja dividida dessa maneira. “Não é justo tirar sangue de quem está raquítico”, ilustra. Falou que a transposição é mais uma questão política, com a qual o governo quer promover uma desintegração nacional provocando conflito entre os Estados. Mas explica que a posição da Igreja é apartidária, lembrando que o objetivo da igreja não é de angariar seguidores como citado pelo senador de Roraima, Mozarildo Cavalcanti (PTB). “Se este fosse o objetivo a igreja estava errada, porque lá é uma região pouco habitada. Iríamos para o Sudeste”, revida.

 

Em Aracaju seminários e debates serão realizados pelas paróquias em seus territórios paroquiais. Primeiramente as autoridades da igreja se reunirão para capacitação baseados no tema proposto. O material é disponibilizado pelas editoras católicas e pelo site da CNBB. A programação contará com visitas a instituições e órgãos dentro do território paroquial de cada igreja, como também missas, seminários e debates nas comunidades.

 

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