Divagando

Erra rotundamente quem pensa que os gatos ou cães são em nível comportamental todos iguais.  As diferenças que os distinguem,  como não envolvem o rolo compressor da educação, são muito mais acentuadas do que as separam de nós, seres humanos.
Minha convivência diária com os meus quatro gatos e meu cachorro Bruce tem me provado isto.

Foto: Luciana Aguilar

O Bruce está sempre onde eu estou, se tornou uma espécie de sombra dos meus movimentos e  da rota dos meus passos em todos os lugares da casa. Embora falemos linguagens diferentes, sei que conversamos, e muito.
Eu lhe digo coisas que se passam dentro de mim, minhas inquietações, meus desencantos, minhas buscas e alegrias e ele, compreende tudo com inteligência apurada e atenção constante.  Falo de fato de uma presença que se tornou insubstituível na minha vida.

Vivo uma vida muito minha, eu não gosto de muita gente. Gosto de viver com poucos amigos, e de preferência um de cada vez, não gosto de muita gente, não.

E isso veio com a maturidade.  Antes eu saia muito, gostava de festas, de reuniões, mas a gente cansa desse ritmo, eu eu cansei.  Hoje gosto de estar rodeada de coisas que me preencham de fato, que somem e que toquem o meu ser.

Que ninguém me diga que os meus gatos e o Bruce, que partilham comigo o seu mais genuíno e profundo afeto, não têm emoções e sentimentos. Não existe convicção mais errônea.

E nós, que às vezes estamos felizes, outras infelizes, nós que passamos a vida à procura de alguma coisa que nem sabemos  bem o que é e que nunca achamos, certamente temos uma complexidade maior que os nossos animais  de estimação diante da vida,  o que não nos faz superiores.

Por esta razão não deveríamos aplicar “ Standarts” distintos ao sofrimento dos animais humanos e não humanos. A moral é universal . Vejo coisas compartilhadas em redes sociais sobre crueldades com animais que me deixam arrepiadas.  E não existe nada que me faça sentir mal do que ler sobre situações assim. Do mesmo modo , me sinto atingida por não fazer nada de concreto para mudar esta situação, além de me angustiar.  Desligo o computador, fico alguns minutos com aquela cena na cabeça, e depois retomo a minha vida …

Não, eu não prefiro bicho à  gente,  mas eu desejo ser uma pessoa mais proativa e não de tantas palavras.
Pois é, tem dias que a gente está assim, mas passa.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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