DE PEIXINHO A TUBARÃO

O Partido Social Cristão (PSC) tem como símbolo um peixe. Enigmático para uma sigla política. Mas continua sendo assim, como se quisesse representar um aquário, em que nadavam, em suas águas, espécimes raras de uma ciência inexata e confusa. Por isso se mantém conhecido como o “partido do peixinho”, e até que o é em outros estados. Antes o PSC tinha o comando de Marcelo Arcanjo, um prendado cidadão de bons princípios e que tinha excessiva habilidade no momento de fazer composições políticas. O partido sempre fazia alianças, mas não crescia e vivia assim, como um “peixinho” solitário, em busca de um lugar seguro que o livrasse dos predadores. Através de artifícios políticos, o Partido Social Cristão passou para as mãos do deputado estadual Antônio Santos, pastor de uma igreja evangélica. O PSC, aliás, tem essa origem e, a nível nacional, recebe orientação do também evangélico Antony Garotinho, hoje na luta para manter sua pré-candidatura a presidente da República pelo PMDB.

Através de vários entendimentos, proposta de crescimento e condições para disputa, o PSC foi parar em mãos do empresário José Amorim. Transformou-se em um “tubarão” da noite para o dia, através de um trabalho – reconheça-se – eficiente do seu novo presidente. Hoje não se trata de um ilustrativo peixinho de aquário, mas de um imenso peixe de águas profundas. Arregimentou prefeitos, vereadores, deputados e lideranças políticas da capital e interior com elevado percentual de votos. Segundo um deputado filiado ao partido, a legenda soma 200 mil votos em Sergipe. E é nisso que o próprio Amorim se baseia para dizer que é uma sigla “forte demais para ficar à espera de quem a queira como aliada”. É um fato. Hoje o PSC tem filiados eleitoralmente importantes para discutir composições e procurar o melhor caminho que gratifique os seus candidatos. Essa, aliás, é uma exigência de todos aqueles que estão disputando mandato ou querendo se manter neles através da reeleição.

O PSC hoje se acha em condições de impor participação em uma chapa majoritária e de discutir a melhor forma para eleger o maior número de representantes. esse o desejo legítimo de todos os partidos.

José Amorim vem trabalhando o fortalecimento do partido desde as eleições municipais. A sua renúncia da presidência ocorre de forma estratégica, em um momento que se inicia a fase mais agitada da temporada de composições. Antes de fazê-lo ele já conversou com todos os segmentos políticos do estado, sem qualquer prurido partidário e o PSC está pronto para fechar uma aliança com o grupo que for melhor para eleger deputados federais e estaduais. Uma coisa, entretanto, está fechada entre os filiados do PSC: “nenhuma conversa será aprofundada sem antes ouvir o governador João Alves Filho (PFL). Porque essa sempre foi a primeira opção para uma aliança estadual”. Só que está havendo problemas na questão das candidaturas proporcionais, porque o PSC deseja a formação de um chapão, enquanto parlamentares do PFL desejam coligação apenas na majoritária, o que também não estão errados, porque todos eles querem ampliar chances de reeleição. Visto pela lente de quem pretende disputar um mandato, a melhor condição é aquela que o favoreça a um bom quociente eleitoral. De qualquer forma o governador João Alves Filho terá muito trabalho para as acomodações de seus aliados e para segurar o leme de um barco que não pode ficar à deriva.

Há informação que o PSC poderá tomar qualquer outro rumo caso não seja possível fechar um entendimento. Entretanto, candidatos a deputado do bloco oposicionista também desaconselham um chapão com a legenda, porque entendem que eles terão maiores dificuldade de eleger um bom número de parlamentares, nas áreas estadual e federal. O PSC se agigantou e acomoda um volume de nomes que dificilmente ficarão de fora numa disputa eleitoral, principalmente se integrar uma coligação ampla. As alianças sempre foram problemas para os candidatos majoritários, porque quem está disputando o executivo tem que mostrar uma desenvoltura ímpar, capaz de dobrar os mais intricados interesses de cada um dos políticos que o acompanham.

 

 

PFL ENDURECE

Em reunião da Executiva do PFL, o senador Jorge Bornhausen (SC), presidente do partido, anunciou ontem pela manhã que vai endurecer o jogo com o PSDB.

Segundo ele, o PSDB se nega a apoiar candidatos do PFL a governos mesmo em estados onde ele, o PSDB, é eleitoralmente fraco.

 

EXEMPLOS

Bornhausen citou o Maranhão e Sergipe. No primeiro, o candidato favorito ao governo é a senadora Roseana Sarney (PFL). Mas ali o PSDB apoia o candidato do PDT, Jackson Lago.

No segundo, o governador João Alves (PFL) é candidato à reeleição – mas o PSDB comandado pelo ex-governador Albano Franco pretende apoiar a candidatura de Marcelo Déda (PT).

 

QUALITATIVA

O PSDB promoveu ontem uma reunião com seus principais membros para analisar uma pesquisa qualitativa contratada pelo partido ao Ibope.

O ex-governador Albano Franco diz que foram feitos cenários de composições com o PFL, PT e até o PSDB saindo sozinho. Adiantou apenas que os dados vão ajudar na decisão final.

 

ENCONTRO

O ex-governador Albano Franco desmentiu que tivesse mantido um encontro, ontem, na casa do deputado Jackson Barreto, com ele e o prefeito Edvaldo Nogueira.

Uma fonte informou com segurança que esse encontro aconteceu, mas Albano disse que fora almoçar com a mãe. O ex-governador retornou de Paris e Brasília terça-feira à noite.

 

COMPROMISSO

Foi transferido para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a responsabilidade pelo cumprimento do que foi prometido ao governador João Alves Filho terça-feira em Brasília.

O acerto enfrenta resistências na área técnica da própria Fazenda e poderá não ser cumprido o que compromete a palavra do ministro Tarso Genro e do senador Renan Calheiros.

 

MACHADO

O deputado federal José Carlos Machado (PFL) disse que só vai acreditar na liberação das certidões para Sergipe quando vê-las chegar às mãos do governador.

Machado diz que já viu fatos semelhantes e no final nada acontecer. No seu entender a votação do Orçamento só deveria acontecer com os documentos em mãos.

 

ACORDO

Um deputado federal da base de apoio ao governo sorriu ao saber que o governador João Alves Filho (PFL) aceitou o acordo para receber as certidões depois de votado o Orçamento.

“A coisa que o Planalto menos cumpre com os políticos é acordo”, disse. Lembrado que o senador Renal Calheiros (PMDB) tinha dado o aval, voltou a sorrir: ”isso Renan já esqueceu”.

 

CONTRÁRIO

O presidente regional do PMDB, Benedito Figueiredo, que participou de reunião da Executiva Nacional, em Brasília, foi contrário ao partido ter candidato a presidente da República.
Em tese, Benedito é favorável à candidatura, mas “neste exato momento não vou fechar as portas do PMDB em Sergipe”. O problema é a verticalização.

 

CANDIDATURA

Benedito diz que “não está agoniado”. E acrescenta: “não sei se serei candidato, mas estou preocupado com os companheiros que são”.

Sergipe endossou a proposta de Santa Catarina, que sugere uma convenção em maio para decidir se o partido terá ou não candidato a presidente e daí partir para as coligações.

 

REUNIÃO

O bloco de oposição em Sergipe reúne-se hoje com o pré-candidato a governador Marcelo Déda (PT), para definir ações e colocar em pauta o problema da coligação.

O deputado federal Heleno Silva (PL) e o senador Valadares (PSB) já avisaram que não abrem mão da formação de um chapão envolvendo todos os partidos.

 

LARANJEIRAS

O deputado federal Jakson Barreto (PTB), com o apoio da viuva do ex-prefeito de Laranjeiras, José Sobral, poderá ser o candidato mais votado naquela cidade.

Segundo um político de Laranjeira, Jackson Barreto fará dobradinha para deputado estadual com a vereadora Tânia Soares (PCdoB).

 

ABSOLVIÇÃO

O deputado Heleno Silva, em conversa com o colega Jorge Alberto (PMDB) lamentou que o deputado José Mentor (PT) não foi cassado por falta de deputados.

Havia um quorum pequeno para a cassação – menos de 400 deputados – mesmo assim faltaram menos de 20 votos para Mentor perder o mandato.

 

A JÚRI

O ex-deputado Antônio Francisco Garcez e o filho, Antônio Francisco Júnior, já têm data marcada para julgamento em júri popular.

Júnior vai a júri dia 17 de maio e Antônio Francisco no dia 26 do mesmo mês. Os dois são acusados de envolvimento no assassinato do ex-deputado Joaldo Barbosa.

 

 

Notas

 

MÉRITO

O ex-delegado de Canindé do São Francisco, Álvaro Bento, foi condenado pela Justiça no caso do roubo das urnas nas eleições daquele município. Ele está livre, leve e solto porque discordou da condenação e apelou da sentença, que transita em julgado. Várias pessoas estão envolvidas no crime, inclusive Genivaldo Galindo.

Nem por ter sido condenado, Álvaro Bento deixou de ser condecorado com medalha de Honra ao Mérito pela Polícia Militar. Enquanto espera decisão de instância superior, Bento trabalha no Serviço de Inteligência da Polícia.

 

TERRENO

O deputado federal José Carlos Machado (PFL) defende a aprovação da PEC-603, que acaba com a aplicabilidade do pagamento de foro anual pelo uso dos imóveis construídos em terrenos considerados de Marinha. De acordo com o deputado, essa medida vai beneficiar só em  Aracaju  30% da população.

Machado diz que a atualização na Constituição favorece a cerca de 100 mil sergipanos: “vamos acabar com cobrança de foro, taxa de ocupação, laudêmio ou ônus de qualquer natureza sobre domínio útil ou transferência dos terrenos”.

 

PESQUISA

O ministro do STF, Marco Aurélio de Mello, que assumirá a presidência do TSE na próxima semana, sinalizou que a proibição de divulgação de pesquisas nos 15 dias que antecedem as eleições pode cair no tribunal e que pelo menos parte das novas regras eleitorais, não será aplicada na campanha deste ano.

Um artigo da nova lei diz que o TSE decidirá sobre a sua aplicação imediata. O texto pode ser apreciado pelo STF se algum partido ou entidade civil, como a OAB, questioná-lo em ação direta de inconstitucionalidade.

 

 

 

É fogo

 

O presidente do Banese, Jair Araújo, dará palestra para os vereadores, na Assembléia Legislativa, na segunda feira pela manhã.

 

Jair Araújo vai fazer um balanço geral sobre os resultados positivos do Banese e ficar à disposição para perguntas e esclarecimentos.

 

Aracaju suportou bem a primeira chuva mais forte que caiu nesta quarta-feira. É um sinal de que o período de chuvas está chegando.

 

Machado também fez um pronunciamento na sessão mista do Congresso e para falar sobre a questão de Sergipe.

 

Um detalhe: o problema de Sergipe em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal estava no legislativo e judiciário.

 

Os dois poderes, a pedido do governador João Alves Filho, fizeram os reajustes que a Lei de Responsabilidade Fiscal exigia.

 

O deputado estadual Fabiano Oliveira (PSDB) está entrando bem em São Cristóvão, onde faz oposição ao prefeito Zezinho da Everest.

 

O médico Ricardo Hangenbeck (PFL) vai disputar uma vaga na Câmara Federal e espera conquistar bons votos em Laranjeiras.

 

Um delegado experiente, que pediu omissão do nome, acha que a violência aumentou em Sergipe neste últimos dias.

 

Coincidentemente o deputado Belivaldo Chagas (PSB) denuncia que comerciantes da avenida Chanceler Osvaldo Aranha, em Aracaju, está fechando mais cedo com medo de assaltos.

 

O secretário de Segurança, Flamarion D`Avila vai receber uma comissão de deputados estaduais para analisar a insegurança em Aracaju.

 

O ex-deputado Lauro Rocha (PFL) é candidato a deputado federal e espera sair de São Cristóvão com 15 mil votos.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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