A ORDEM DOS MÉDICOS

José Hamilton Maciel Silva
Vez por outra o tema vem à baila. Semana que passou, a imortal Déborah Pimentel, da Academia Sergipana de Medicina escreveu matéria em sua coluna semanal no Cinform on-line, abordando a questão da criação da Ordem dos Médicos do Brasil.  Aliás, muito bem escrita, o que não é novidade. E oportuna, porque passamos, ao meu ver, por uma crise de identidade no âmbito das nossas entidades médicas nacionais e regionais.

Tirando três questões em andamento, a implantação da CBHPM, que caminha com morosidade, a Lei do Ato Médico, que ganha novo alento graças à habilidade e costura política dos senadores Antonio Carlos Valadares(SE) e  Lucia Vânia(GO) e o Projeto Diretrizes, que avança com regularidade mas que ainda não se vê resultados práticos, não se tem notícias de outras ações que mereçam o entusiasmo da classe médica brasileira.

Novas escolas médicas abrem suas portas a todo instante, médicos cubanos invadem  o nosso território sem validação de diploma pelo CFM, convênios médicos resistem e adiam como podem a implantação da CBHPM e até a discussão do projeto de implantação da Ordem dos Médicos, que vinha sendo conduzido entusiasticamente há pelo menos 3 anos pelo CFM e AMB, através de uma comissão específica, agora deve estar repousando em alguma gaveta.  Não sei se oposição declarada da Federação Nacional dos Médicos ao projeto tenha inflenciado essa desaceleração…

Lembro-me que na administração de Antonio Celso Nunes Nassif na AMB houve uma clara intenção de avançar na discussão da Ordem dos Médicos, mas na época o CFM nem queria ouvir falar sobre o assunto. Existiam sérios problemas de relacionamento entre as entidades e nessas coisas, quando um não quer…

Com Eleuses Vieira de Paiva e Edson Andrade à frente da AMB e CFM respectivamente, a discussão foi retomada, fez parte do planejamento estratégico das duas entidades em separado e depois em conjunto. Visitas foram feitas a países que possuem a Ordem dos Médicos, a exemplo de Portugal, seminários foram realizados aqui no Brasil, mas, de repente, a coisa desandou. Gostaria de estar enganado, mas a Ordem dos Médicos do Brasil saiu da pauta de discussões.

Por isso, o artigo da Dra.Déborah chega em boa hora, para retomar a discussão. E nesse compasso, lembro o editorial do confrade José Hamilton Maciel Silva(foto), então presidente da Sociedade Médica de Sergipe e escrito em 1986 com publicação no mesmo ano pelo recém-fundado Jornal da Somese,  intitulado “Por uma Ordem Médica Nacional”. Diz ele: “Bastaria uma simples análise para se constatar que a classe médica está a necessitar repensar as suas entidades representativas… Esta dispersão de finalidade, ao invés de aumentar o prestígio e força da classe, pelo contrário, pulveriza e a diminui….”. E arremata: “…não vemos como não propugnar pela fusão de todas elas, Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira e Federação Nacional dos Médicos, numa Ordem Médica Nacional, como acontece em outros países e aqui mesmo no Brasil com a Ordem dos Advogados, cujo serviço à classe e à própria Nação, é incontestável.”

O escrito do Acadêmico José Hamilton Maciel Silva, publicado há 20 anos, é um facho de luz a iluminar os nossos caminhos, uma clarinada de esperança nos nossos ideais e uma bandeira de luta a ser sustentada pelos médicos, sem demagogia, com firmeza de propósito e boa intenção.

Colega, se você é favorável à criação da ORDEM DOS MÉDICOS DO BRASIL, mande um e-mail para esta colunista.

 

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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