Aniversário Aju: quem tem o que comemorar?

Às vésperas do aniversário de 159 anos de Aracaju, os setores que sempre foram privilegiados nas políticas públicas da cidade já começam a ganhar os seus presentes.

Aproveitando a ressaca geral pelos festejos de carnaval, em plena Quarta-Feira de Cinzas, as administrações dos shoppings Jardins e Riomar reajustaram a taxa de estacionamento, por hora, em 50%. Se a criação da taxa em 2013 gerou protestos e boicotes da população, debates no âmbito judicial e na imprensa, que até forçaram os shoppings a reduzir o valor inicial da taxa de R$ 4 para R$ 1, o aumento este ano não teve a mesma repercussão e, infelizmente, já parece internalizado pelos frequentadores dos estabelecimentos.

Garantido o presente de 2014 do grupo João Carlos Paes Mendonça, proprietário dos shoppins Jardins e Riomar, agora quem se mobiliza para ganhar uma “lembrancinha” é o empresariado do transporte coletivo. Também aproveitando as atenções da população para o carnaval, no final de fevereiro, o Setransp encaminhou à SMTT o pedido de reajuste de 15,4% no valor da tarifa de ônibus, o que elevaria a passagem dos atuais R$ 2,35 para R$ 2,71.

Não é novidade para ninguém que um “pedido” do Setransp para a SMTT é, na verdade, uma ordem. Apenas muita mobilização e pressão da sociedade podem garantir que o reajuste não se efetive, mas, certamente, nesse momento empresários e gestores públicos já estão discutindo uma taxa de reajuste de consenso. Ou seja, como em todos os anos, o setor empresarial pede um valor, mas, num nada transparente “acordo de cavalheiros”, chega-se a um valor inferior.

Tanto os empresários dos shoppings quanto os empresários do transporte público têm os mesmos argumentos para os aumentos: elevação de custos operacionais, investimentos em infraestrutura e modernização, garantia do equilíbrio econômico, etc… Nada mais que enfeites para esconder o verdadeiro “uma mão lava a outra” que acontece todos os anos entre políticos e empresários. Afinal, esses setores são, não apenas em Aracaju, grandes e antigos financiadores de campanhas eleitorais. Então, mais uma vez, chegou a hora de cobrar.

Enfim, enquanto o empresariado de Aracaju ganha presentes e comemora mais um aniversário da capital sergipana, políticas estruturais para a cidade e para o povo que nela vive – como o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, o Plano Municipal de Mobilidade Urbana e uma política planejada e séria de transporte público – ficarão, novamente, para um futuro aniversário que parece nunca chegar…

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