Para o dia 15 de março próximo, está sendo convocada uma manifestação de apoio ao governo de Jair Messias Bolsonaro e, de quebra, alguma gritaria contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Ao que se sabe, estas manifestações não têm a participação do Governo Bolsonaro. Mas agora fizeram uma confusão dos diabos porque o presidente compartilhou uma mensagem sobre a manifestação e isso seria “prova clara” de que ele apoia o fechamento do Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Não há, pelo menos até agora, nenhuma manifestação dele em favor deste ato tanto que o Palácio do Planalto está literalmente afastado desta convocação. Mas, muitos políticos concederam entrevista à Imprensa criticando a sua (quer dizer, de Bolsonaro) participou na manifestação. O geralmente introvertido Fernando Henrique Cardoso concedeu um depoimento, que rola nos noticiários das televisões, dizendo que o presidente Bolsonaro devia ficar fora dessa, até porque não é próprio de um presidente participar da convocação de atos contra órgãos como da Justiça (no caso, o STF) nem interferir em casos que só dizem respeito ao Congresso Nacional. O Presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia, aproveitou-se da deixa para atacar o governo federal e a coisa está tomando um caminho de deslealdade e intolerância. Quem oferecer apoio o ao ato do dia 15 de março, vira de imediato um inimigo declarado de Rodrigo Maia e do Congresso Nacional, embora nem sempre isso se justifique e seja verdade. A coisa está ficando feia. Ontem mesmo na Assembleia Legislativa de Sergipe o deputado do PT, Iran Barbosa, puxou o assunto para criticar o governo Bolsonaro que estaria na iminência, segundo ele, de fechar o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. A única voz coerente, entre tantos deputados, foi o ex-líder da Oposição, Sr. Georgeo Passos que fez uma declaração singela e curiosa: ”Passei o carnaval procurando nas redes sociais a gravação de Bolsonaro convocando as massas para a manifestação do dia quinze próximo, até agora não encontrei nada”. Nem vai encontrar: Bolsonaro estava no Guarujá, no interior de São Paulo, durante todo o carnaval e não fez nenhuma postagem de lá. Não existe nenhuma declaração dele de apoio as manifestações do próximo dia 15 e, mesmo que existisse, não haveria problema: é que a manifestação daquela data é também de apoio ao seu governo. Pelo que se sabe, o que houve foi o compartilhamento de dois textos que recebeu, a respeito da manifestação do dia 15 próximo com duas pessoas amigas. Foi o bastante para o acusarem de se manifestar contra o Congresso Nacional. O que levou Rodrigo Maia a ficar enfuzado – mas isso ele não diz, claro – é que ele reivindicou ao Presidente Bolsonaro uma verba extra de 30 bilhões de reais da qual o governo não deveria exigir prestação de contas. Esse $$$ deveria ser repartido com seus apaniguados políticos para tornar mais fácil as eleições de outubro próximo em vários pontos do país. Bolsonaro tentou negociar a importância em 15 milhões de reais, mas Rodrigo Maia não topou: seria 30 bilhões ou nada. Ficou em nada, com a negativa de Bolsonaro. Daí em diante começou a extensiva campanha contra o Presidente da República, envolvendo políticos do porte de FHC, Lula da Silva, CangaCiro Gomes, Ministro do STF Gilmar Mendes, e outros menos votados. Todos estão contra a manifestação do dia 15 próximo, embora sabedores que o Presidente Bolsonaro não convocou ninguém, nem seus amigos próximos, para a manifestação. Essa movimentação do dia 15 deverá se realizar independente do apoio do governo ou não. Quer Bolsonaro queira ou não. O País, hoje, parece estar em guerra contra Bolsonaro por causa da campanha de Rodrigo Maia. Este não vai sossegar enquanto não puser a mão no governo – seja como Primeiro Ministro, se mudar o regime político,de presidencialismo para parlamentarismo, seja presidente da Câmara, de preferência com a reeleição garantida como ele quer e exige. Em suma, tudo não passa de uma briga pelo Poder. E essa briga passa agora, necessariamente, pela manifestação do dia 15. Rodrigo Maia não admite ficar em inferioridade nos cargos de comando do governo federal. Para isso conta com o apoio do Presidente do Senado, Sr. David Alcolumbe – e, não atoa, diz para quem quiser ouvir que o governo de Bolsonaro não terá nada aprovado pela Câmara e pelo Senado nos próximos dias. Em matéria de mal-caratismo, Maia e Alcolumbre se equivalem. A pergunta que não quer calar: o Brasil merecia isto?