Briga de bandido

De repente eis que Chico Doidinho afirmou que um carro não podia correr com velocidade maior que 9,8 metros por segundo. Se tal acontecesse, os objetos, aí incluídos os seres viventes, seriam jogados de volta a terra inexoravelmente. Este era o número da aceleração da gravidade nos buracos de sururu.

 

No outro dia, nos brejos de aratu, Valfredo Nouveaubéat, que não gostava de Chico Doidinho e tinha por ele nutrida raiva mal explicada, contestou que tudo não passava de heresia, afinal Josué parava o Sol com os dedos e derrubava muralhas tocando saxofone. E assim os 9,8 m/S de discórdia seriam alcançados com cavalos alados ou bois que voassem. Igual ao PT que tudo ia conseguir, sem medo de ser infeliz.

 

Hoje tudo isso morreu, menos o PT que continua a decepcionar, e infelicitar.

Por felicidade, os móveis chegam a voar quebrando a barreira da velocidade do som, independente de partidos e mistificações.

 

Para tanto, e por concreto, verdadeiro e real, foi criada até uma unidade de medida, o Mach, (do físico austríaco, Ernst Mach (1838-1916)), entendendo-se a unidade Machiana como sendo o equivalente a uma velocidade de Ma =340m/S, que é a velocidade do som no ar.

 

Por esta escala, os bólidos supersônicos aí incluídos alguns aviões estão quebrando todos os dias a chamada “barreira do som”, isto é ultrapassando a velocidade do som no ar.

Avião supersônico quebrando a “barreira do som” e criando uma onda de choque no ar. Uma velocidade pouco acima de 340 m/S. Um nada comparado à velocidade daluz.

Assim, os 9,8 m/S, o tal motivo de discórdia entre mentirosos beatos e outros chatos, virou velocidade de diligência pouco diligente. Hoje já pensamos em viagens com velocidades subsônicas (Ma < 1), transônicas (0.8 < Ma <1.2), sônicas (Ma = 1), supersônicas: (entre 1.2 Ma e 5 Ma) e hipersônicas (Ma > 5). Sem falar nas fibras óticas em que digitalmente se usa a luz e o claro escuro dela advindo, para realizar no presente o sonho que era do futuro.

 

Mas, se ainda hoje faz parte do futuro a meta de construir transportes cada vez mais rápidos, a Física Relativística ao revolucionar o caráter newtoniano da relação espaço-tempo-energia, no qual a velocidade da luz no vácuo é tomada como imutável frente ao movimento emissor-receptor e do meio transmissor, as noções de espaço, tempo e massa passaram a exibir um comportamento que só a matemática é capaz de prever, quando trabalhamos com a matéria se movimentando na vizinhança desta inalcançável, por hora, velocidade da luz.

 

Por estes estudos, próximo à velocidade da luz há uma contração espacial, chamada “Contração de Lorentz”, acompanhada de uma dilatação temporal, e de um acréscimo substancial na massa dos corpos em movimento.

 

Assim, por Lorentz, uma longa e estreita régua se reduz a um ponto ou a um disco, os intervalos de tempo escoam lenta e preguiçosamente, e as massas dos corpos crescem do seu valor de repouso em demandas infinitas.

 

Se um dardo virado disco não nos enseja maior atenção, o paradoxo dos gêmeos nos questiona sobre a possibilidade de uma juventude perpétua, ou então, e pior, ou melhor, ir ao futuro e voltar ao passado. Isto é: partir amanhã e chegar anteontem. Tudo uma questão de viajar em velocidades altas, altíssimas velocidades, limitadas apenas pelo sonho.

 

E como se fosse um sonho, uma ficção, uma quimera, projetar-se-ia um novo tempo uma nova era. Tempo ditado pelo chamado “paradoxo dos gêmeos”.

 

Paradoxo, por chocante, inusual e absurdo, no qual dois irmãos gêmeos que se separassem numa viagem teriam a contagem de suas idades marcadas diferentemente.

 

Uma coisa bastante estranha para nós que viajamos a baixas velocidades como assim o é a própria velocidade do som, por mais rápida que nos espante.

 

Nas nossas costumeiras viagens os tempos e as idades não sofrem diferenças.

Se, porém, o gêmeo interestelar viajante conseguisse se deslocar em velocidades extremas, próximas à velocidade da luz, quando da sua volta, retornaria lépido, muito jovem e fagueiro, encontrando o seu irmão um ancião já bastante idoso.

 

Desta maneira, a depender da velocidade v do viajante a duração de um mês para um gêmeo, por exemplo, pode ser equivalente a algumas dezenas de décadas para o outro, aquele que não viajou.

 

Ora, com este tal “paradoxo dos gêmeos” a ficção pode imaginar a vontade.

 

Aliás, neste campo, uma trilogia agradável é a série de filmes “De volta para o futuro”, sucesso de Steven Spielberg, excelente divertimento em termos de ação e ficção, com personagens alegres, simpáticos (Michael J. Fox e Christopher Lloyd) e vilões, sempre bem castigados e premiados em todos os tempos.

 

Imaginado por Robert Zemeckis e Bob Gale que escreveram toda a trama, tudo seria provável se possível fosse o ultrapassar a velocidade da luz, que no vácuo é tida como limitada a C = 3×108 m/S.

 

Na verdade, tal dilatação temporal, ensejando até a impensável inversão do próprio tempo, permitindo viajar ao passado e dele retornar, é grande sonho dos homens.

 

No caso do “paradoxo dos gêmeos” trata-se de uma questão matemática que pode ser descrita usando o fator de Lorentz:

 

T = T0 (1 –V2/ C2)1/2,

 

onde nesta relação T é o intervalo de tempo vivido pelo gêmeo viajante com velocidade V, T0 é o intervalo de tempo vivido pelo gêmeo pelo que não viajou, e C é a imutável velocidade da luz no vácuo: 300.000.000 m/S.

 

Ora, se V for pequeno em relação a C como é o caso dos nossos aviões supersônicos (pouco acima de 340 m/S) a expressão se iguala a 1 e temos T = T0. Neste caso os gêmeos, viajando ou não, envelhecem igualmente.

 

Se, porém, o valor de V for bem próximo ao de C (300.000.000 m/S) aí o a expressão tende a zero, e T discrepa infinitamente em relação a T0.

 

Vejamos um exemplo: Suponhamos que a estrela guia do PT esteja a 25 anos-luz de distância de nós. Significa que a luz nacarada que dela vem demorou 25 anos para nos alcançar. Este foi aproximadamente o tempo do arbítrio militar.

 

Suponhamos agora que um petista militante das greves deste país, cevados de lá pra cá, tenha se apropriado de um cartão corporativo e de uma nave espacial de um não petista que conseguisse viajar a uma velocidade igual a 99% da velocidade da luz, ou seja, 0,99C.

 

E então por suprema glória da apropriação indébita dessa invenção, resolvesse reinaugurá-la, como sói costume, enviando jovens astronautas petistas em exploração à sua estrela.

 

Ora, como a viagem seria de ida e volta, descontados o tempo de estada na esbórnia com cartões corporativos, sua duração seria de aproximadamente 50 anos e meio, tempo para que eu, principalmente, a maior parte dos meus leitores por seqüência, e todo o PT inebriado com a sua própria flatulência, estivéssemos literalmente enterrados.

 

Enquanto isso os viajantes retornariam envelhecidos apenas 7,12 anos. Ou seja, o nosso relógio marcaria a passagem de 50,5 anos, enquanto o dos viajantes meros 7,12 anos.

 

Ou seja, e ainda; em 7,12 anos o PT não se acaba, mas em 50,5 anos será uma imagem de triste memória, aqui e lá fora.

 

Mas, deixemos de fora o PT. Ele tenta mais ainda não conseguiu encurvar e desviar a luz, com o contorcionismo de ficção.

 

Por hora só a indústria cinematográfica consegue fazê-lo. Consegue prever, inclusive, que a sempre eterna guerra de bandidos, ou a guerra de facções, se dê no hiperespaço, voltando-se ao passado para em eliminando os ancestrais, poder-se extinguir toda uma descendência.

 

Um perigo terrível inclusive, se o PT conseguir, sobretudo se for aplicado em Sergipe, terra de muito falastrão artista, onde todo mundo é parente, aderente, canastrão ou adesista. Podemos estar todos mortos em fulminante desaparecer, se ousarmos voltar ao passado para matar um ancestral pensando só naqueloutro do nosso mal querer.

 

Felizmente, em isenção de querências, a dilatação temporal não se revela uma possibilidade verdadeira. A mesma regra que enseja a contração do espaço, e a dilatação temporal, também estabelece um acréscimo substancial de massa.

 

Não a massa do fetutine, do penne ou do ravióli, paraíso de pizaiolos e gourmets, mas, a massa que todos os corpos exibem no nosso cotidiano, esta massa que é chamada de repouso na física relativística, que é uma massa praticamente invariável mesmo se os corpos se movimentarem nas nossas velocidades cotidianas também.

 

Se, porém, conseguirmos reunir energias de modo acelerar estas massas em velocidades cada vez maiores, veremos que o exemplo acima se faz inviável. Porque à medida que se aproxima da velocidade da luz esta massa sofre substancial acréscimo requerendo cada vez uma energia infinitamente crescente para prosseguir se acelerando.

 

Tudo uma questão de transformação de uma energia qualquer em energia cinética, isto é: Ec = mv2/2, onde m é massa e v é a velocidade adquirida.

 

Ora, o problema é que a física relativística diz que a massa cresce infinitamente com a velocidade se aproximando da velocidade da luz, e assim será necessário uma energia incomensurável para tal realização.

 

Eis então uma utopia inalcançável, pelo menos à luz das nossas máquinas e suas eficiências. Coisas de Carnot, de termodinâmica, de reatores e de troca de calores, e de custos impagáveis até por cartões corporativos.

 

Quanto aos limites impostos ao humano, tudo no seu tempo será dirimido e devidamente explicado e conquistado.

 

Houve um tempo em que dos móveis, diziam, não poder alcançar a velocidade de 9,8 m/S, repito. Hoje a prefeitura de Aracaju quer que os carros sejam limitados a 60k/h, quase o dobro disso. E os motoristas que querem dirigir seus automóveis em velocidades extremas querem ameaçar tudo e todos, impunemente fora da lei.

 

O perigo está na lei que não é fruto da ciência. O perigo é da convenção e dos que distorcem a lei para sua fruição e de suas facções, com rebuscadas afirmações de prova e contraprova; um exercício sobejo de mera argumentação.

 

Igual à argumentação dos bandidos, que os inocenta a todos, e os fazem merecedores de encômios.

 

“A soma dos ângulos de um triângulo não muda segundo o interesse da cúria”, grita Bertolt Brecht pelo seu Galileu sempre eterno.

 

O resto é discurso de bandido. Ou de facção, para ser doce e politicamente correto com quem nos enoja.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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